ENCHENTE: Cidades livres do pesadelo, há um ano

Enchente que castigou região completa 12 meses e não deixa saudade

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Atualizado há 9 anos

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Cidades Irmãs ficaram embaixo d’água e isoladas durante dias

Não sobrou vestígio de saudade. Por outro lado, sobram especulações e algumas dúvidas. Passado um ano, a lembrança é de um tempo ruim que voltou à tona no final de semana quando a chuva veio com força e praticamente ininterrupta. Mas, o vento soprou as nuvens negras e brindou a semana véspera do inverno com sol, frio e nenhum pingo de chuva.

Quem mora na região mais próxima do Iguaçu agradece e repete “amém”, todos os dias. Não é para menos: foram dias embaixo d’água, 15 mil pessoas afetadas. Nos bastidores, centenas de voluntários organizavam mutirões em prol do bem. A dor das Cidades Irmãs foi sentida inclusive pela presidente Dilma Rousseff, que no dia 17 de junho do ano passado sobrevoou a região e na Câmara de Vereadores de União da Vitória ouviu o apelo do povo.

Um ano se passou, mas, pouco, de fato, se fez ou se realizou. Até agora, as medidas mais notáveis não passam de ações paliativas. Porém, no momento, é o que se tem disponível. Este é o caso, por exemplo, da retirada em massa das famílias ribeirinhas. Elas ganharam casa nova em endereço novo, bem longe das margens do rio. A construção do Parque Linear também contribuiu e, além de diversão gratuita, já garante o controle da invasão popular. Com menos gente nas margens, sobra espaço para o “espreguiçamento” do Iguaçu, embora quando atinja os seis metros, alcance os quintais de muita gente ainda.

Para o ambientalista e um dos presidentes da Sec-Corpreri, Dago Woehl, é especialmente significativo neste primeiro ano a mudança no sistema de previsão de cheias da Companhia de Energia Elétrica do Paraná (Copel). “Antes era estatístico e agora é em tempo real, que avalia o quanto vai chover, quanta água caiu na bacia, com mais segurança”, explica. Com a medida, há mais tempo e perícia na detecção do tempo instável. Logo, há mais agilidade no aviso à comunidade que mora perto do rio de que é hora de arrumar as malas.

 

Em Porto União, ações nasceram com as cheias

enchente-umano-uniaodavitoria-portouniaoXX1XAlgumas medidas de contenção de alagamentos feitas no município nasceram a partir da enchente e, segundo a prefeitura, já tem dado bons resultados. É o caso da galeria de águas pluviais construída no 5º Batalhão de Engenharia de Combate Blindado, cruzando a Avenida Edmundo Arrabar, em parceria com o Dnit. Hoje, não há mais alagamento por lá.

A Rua Landel de Moura, no Bairro Jardim Oliveira, onde um grande deslizamento ocorreu na época das chuvas, recebeu também um grande trabalho de reparo. Já o Loteamento Palmas, onde uma grande área de terra acabou cedendo, recebeu as melhorias necessárias com uma grande contenção do barranco.

Relembre a enchente de 2014

A chuva começou fraca, mas sem pausa, no dia 8 de junho. Em 72 horas, após mais de 300 milímetros de chuva, o cenário era de destruição, igualmente como foi em 1992 e 1983, nas outras grandes cheias registradas na região. Em 2014, o excesso foi suficiente para quase triplicar o nível do Iguaçu: dos pacatos 2,87 registrados no dia 7, o nível subiu e alcançou os impressionantes 8,13 metros. Na prática, a elevação foi traduzida com o desespero de moradores, móveis e roupas perdidos, mais de 15 mil pessoas afetadas e uma morte.

enchente-umano-uniaodavitoria-portouniaoXX6XAs Cidades Irmãs ficaram três dias isoladas por conta de problemas no tráfego nas BRs 280, 153 e 476, principais vias para seu acesso. Na região da Associação dos Municípios do Sul do Paraná (Amsulpar), as cidades de Cruz Machado, Bituruna, Paula Freitas, Paulo Frontin, Irineópolis e São Mateus do Sul também tiveram registros de perdas.

 

O governador do Paraná, Beto Richa, sobrevoou a região afetada no estado pelas cheias. Além de União da Vitória, Richa esteve também em Guarapuava, Pinhão, Cruz Machado, Prudentópolis, Irati e Porto Amazonas. Richa assinou decreto que colocou 77 municípios em Estado de Emergência.

 

Raimundo Colombo, governador de Santa Catarina, esteve em Canoinhas, para também ver de perto as necessidades da população e sentir o que é prioridade nas ações de socorro. Ele se reuniu com prefeitos de dez municípios.

 

Morte

O corpo de Osni do Amaral, de 41 anos, foi encontrado em junho boiando no Rio da Prata, na localidade de São Domingos. Amaral era de Cruz Machado e morava no Bairro Jardim Muzzolon.

 

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Presidente Dilma Rousseff esteve na região e em União da Vitória conversou com autoridades para entender o drama

Presidente Dilma afirmou choque e comoção

A presidente Dilma Rousseff sobrevoou no dia 17 de junho do ano passado as áreas atingidas pela enchente. Ela afirmou estar “chocada e comovida” com a situação. “Fiquei estarrecida com grau de alagamento do rio, ele rompeu as margens, você não sabe onde é rio e onde é cidade, submergiu casas. Tem tetos aparecendo apenas. Eu acho que, das cidades que eu vi, foi uma das mais atingidas do ponto de vista da quantidade e do tamanho da área atingida”, disse Dilma na ocasião. Em União da Vitória, a presidente conversou com autoridades locais, saudou a comunidade e anunciou a criação de um comitê de emergência.