DINO BRASILEIRO: Fóssil de lagarto de 80 milhões de anos é descoberto

Pesquisadores do Cenpaleo, da UnC, encontram material no município de Cruzeiro do Oeste, no noroeste do Paraná

·
Atualizado há 9 anos

dinossauro-unc-encontro
Lagarto teria vivido em uma região deserta, à sombra de oásis, há 80 milhões de anos

Os pesquisadores do Cenpaleo, da Universidade do Contestado (UnC), comemoram mais uma descoberta. Conforme material enviado à imprensa há algumas semanas, a Instituição, em parceria com a Universidade de Alberta (Canadá) e o Museu Nacional (UFRJ), descobriram mais um conjunto de fósseis.

Trata-se de uma nova espécie, denominada de Gueragama sulamericana. Na prática, um lagarto de aproximadamente 15 centímetros. Os “restos mortais” do bicho estavam no município de Cruzeiro do Oeste, noroeste do Paraná. Estima-se que os fósseis tenham 80 milhões de anos. “Mais uma vez a pesquisa realizada na UnC se destaca em nível internacional”, comemorou a reitora da instituição, Solange Sprandel da Silva.

A descoberta, inédita para o Brasil, foi publicada na revista “Nature Comunication” no dia 26 do mês passado.

 

Um deserto no Brasil

????????????????????????????????????
Equipe de escavação: descoberta já está publicada em revista internacional da comunidade científica

O lagarto provavelmente morava em uma região grande, de deserto, na época, comum no centro-oeste, sudeste e sul do Brasil. Toda essa região compunha o “Deserto Caiuá”. O animal vivia em grutas, em áreas úmidas, como oásis. Segundo o geólogo e coordenador dos trabalhos de campo, doutor Luiz Carlos Weinschütz, do Cenpaleo, do campus Mafra (SC), este perfil era comum há 87 e 75 milhões de anos.

Para o doutor Alexander Kellner, do Museu Nacional, que também participou do estudo, a “descoberta demonstra o enorme potencial do Brasil para contribuir com o conhecimento da evolução dos vertebrados. Se com pouca verba já fazemos descobertas importantes, imagina se houvesse um investimento substancial na paleontologia brasileira”.

 

A descoberta

Para a comunidade cientifica, ela é importante por, pelo menos, três motivos:

1 – Um dos maiores grupos de lagartos viventes são os lagartos iguanídeos. Eles se dividem entre os iguanídeos Acrodonta (informalmente, acrodontes), que existem atualmente apenas nos continentes do Velho Mundo, e nos iguanídeos não-acrodontes, que habitam predominantemente as Américas (além de Madagascar e algumas ilhas do Oceano Pacífico). O fóssil descoberto é o primeiro registro (fóssil ou vivente) de todo este grupo de répteis na América do Sul.

2 – Os fósseis mais antigos de acrodontes têm cerca de 180-160 milhões de anos e foram encontrados na Índia. Este grupo se dispersou pela Ásia durante o Cretáceo Superior e muito posteriormente pelo resto do Velho Mundo (África e Europa). A descoberta de Gueragama sulamericana indica que a dispersão deste grupo de répteis pelo Hemisfério Sul se deu muito antes do que se imaginava.

3 – A origem da fauna de lagartos e serpentes da América do Sul continua um mistério. Porém, a descoberta da nova espécie ajuda a compreender um pouco mais dessa origem.