Chuvas acima da média, temperaturas elevadas, temporais, alagamentos e ventos fortes marcaram os meses de junho, julho e agosto em Santa Catarina. A Epagri/Ciram (Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina) está lançando seu primeiro Boletim Ambiental, com uma síntese das informações meteorológicas e ambientais do inverno de 2015 em Santa Catarina.
“A previsão diária acaba dificultando a visão global de como foi cada estação do ano. Esse documento permite visualizar de forma mais clara o que aconteceu no meio ambiente naquele trimestre, organizando as informações do banco de dados”, destacou o gerente do Ciram, Edson Silva. A publicação terá frequência trimestral, analisando cada estação do ano. Os dados da primavera de 2015 devem ser divulgados em 15 dias.
O Boletim Ambiental traz informações sobre temperatura, precipitação, sistemas atmosféricos, níveis de rios, condições oceânicas, balanço hídrico, assim como dados diretamente ligados à agricultura, como horas de frio, graus/dia, geadas e sanidade agrícola. “Essas informações são de importância vital para a agricultura, instituições de ensino e pesquisa, indústria, geração de energia, logística, os portos, a Defesa Civil, a pesca e outros sistemas produtivos”, ressaltou Edson.
Excesso de chuvas
A precipitação ficou acima da média climatológica em grande parte do Estado, especialmente nas regiões Oeste e Centro-sul, onde o total de chuva ficou entre 500 e 800mm no trimestre. Recordes de chuvas, tanto diários quanto mensais, foram quebrados nesse período. Os ingredientes preferenciais para gerar instabilidades estiveram presentes, especialmente em julho e setembro, resultando em grande número de temporais com danos materiais e humanos. As chuvas foram intercaladas por um prolongado período seco em agosto, com quase 20 dias sem precipitação em Santa Catarina.
Temperaturas elevadas
Foram poucos os episódios de frio intenso e geada no Estado. Mais do que isso, foi um inverno sem neve. As temperaturas elevadas, acima da média climatológica em todas as regiões, foram uma característica marcante do inverno de 2015. No Litoral Sul, no Oeste e em parte do Meio-Oeste, as médias ficaram até 3°C acima da normal climatológica. Nas demais regiões catarinenses, foram 2°C de anomalia positiva de temperatura média no período.
A combinação de temperaturas altas e elevados volumes de chuva influenciou no desenvolvimento das culturas, no balanço hídrico, no acúmulo de horas de frio e na favorabilidade à ocorrência de doenças e pragas nas principais atividades agrícolas do Estado.
Geadas tardias
A ocorrência de uma onda de frio em meados de setembro trouxe prejuízos, principalmente à cultura da videira, largamente cultivada na região serrana. Geadas tardias, a exemplo das que ocorreram entre 12 e 14 de setembro, trazem prejuízos significativos à cultura, principalmente em variedades como a Chardonnay e Pinot Noir, que são as primeiras a iniciar o processo de brotação.
As geadas também trouxeram prejuízos para as culturas de batata, maçã, ameixa e trigo. No caso das frutas de clima temperado, a situação foi agravada em função do inverno atípico que, devido às temperaturas elevadas, proporcionou antecipação das brotações e exposição de flores e frutos em fase inicial de formação. No caso do trigo, as geadas ocorreram na fase crítica da cultura (espigamento); com isso, inevitavelmente, foram registradas perdas de produtividade.
Temporais e vento
Entre 11 e 27 de julho, o Estado foi atingido por uma sequência de sistemas meteorológicos que trouxeram chuva forte e causaram prejuízo em várias cidades do Estado. As regiões mais afetadas foram o Oeste, o Meio-Oeste e Planalto Sul. Vinte cidades decretaram estado de emergência em decorrência do alto volume de chuvas, e duas decretaram estado de calamidade pública. No Oeste, o volume de chuvas passou de 400mm, o que representa em torno de 200% da média climatológica do mês. Além disso, foram registrados queda de granizo, alagamentos e deslizamentos em várias cidades.
Os ventos fortes trouxeram destruição a algumas cidades. Joaçaba, no Meio-Oeste, foi atingida por rajadas de vento que podem ter sido devidas a um tornado ou a uma microexplosão. A estação meteorológica no município registrou vento de 57km/h no momento em que foi relatada a destruição.