Respeitável público! Vem aí, mais uma sessão de ensinamentos. Sim, o circo também pode servir como sala de aula para as empresas, especialmente em uma época onde as demissões ocorrem em massa e quem fica precisa ser multifuncional. Mas, é, acima de tudo, uma mensagem de que nada cai do céu e de que sim, suor e lágrimas também fazem parte.
Neste aspecto, o Circo Portugal, instalado em União da Vitória, ensina muito. Embora esteja entre os tops do mundo, o empreendimento se mostra bastante humilde ao confirmar que muitos dos artistas que brilham no palco também ajudam em funções menos glamourosas.
É o caso, por exemplo, de Jamiel Avanzi Silva, de 17 anos. Ele é um dos artistas que fazem os expectadores prender a respiração quando entra no globo da morte. Circense desde neném, compõe o sexteto mortal e quando sai de lá, acelera para ajudar na figuração e nas vendas de lanches. “Não é vergonha nenhuma. Aqui no circo é assim”, ensina, com simplicidade. “Saio do globo da morte e já vou ajudar na venda e gosto muito, porque assim tenho mais contato com o público”, completa. Ah! Jamiel é também o homem-bala, e quem cuida da manutenção das motos e quem treina mais de três horas, todos os dias, para que apenas os olhares entre os companheiros de globo sejam suficientes. O primo dele, Rafael, de 19 anos, também é faz-tudo. Nasceu no circo, compartilha com a família o amor pelo picadeiro e no espetáculo encanta quando se apresenta como ginasta olímpico. “Saio do picadeiro e já vou ajudar nas vendas”, sorri.
Aplicando nas empresas
Embora as corporações tenham alguns entraves burocráticos na questão de gestão de funções, se o funcionário tiver disposição e iniciativa, este modelo multifuncional pode funcionar, nem que seja eventual, um “quebra-galho”. Para o gerente de Recursos Humanos (RH) da Pormade, Rafael Jaworski, o profissional especialista em apenas uma função já é algo do passado. “Ele precisa se adaptar. Isso é fundamental no mundo dos negócios”, diz.
Na empresa, por exemplo, é comum ver o mesmo funcionário que opera uma máquina, consertando o equipamento. O projeto de “rodízio” também funciona. “Quando a pessoa fica craque, trocamos ela de função. No começo as pessoas não gostam muito, mas quem sabe mais de uma função tem mais empregabilidade”, explica. Outro incentivo acontece no chão de fábrica. Por lá, os banheiros são limpos pelos funcionários e não por alguém exclusivo da faxina. “Assim faz com que todos tenham humildade e incentiva ao cuidado de manutenção”, pontua Jaworski.
No cotidiano da empresa, portanto, é preciso, sim, fazer malabarismo para dar conta da pauta e do que espera o empregador. O circo mostra que é possível. O poeta piauiense Adelmar Marinho, também: “Patrões e empregados são responsáveis para fazer uma empresa crescer e, onde há bons patrões e bons empregados, qualquer empresa prospera e todos lucram”.
CIRCO PORTUGAL
Quer ver como esse malabarismo existe? O Circo tem espetáculo neste final de semana. São três sessões no sábado e mais três no domingo: às 15, 17h30 e 20 horas. Ingressos, na bilheteria.