RIO-2016: Voluntários começam a chegar no Rio de Janeiro

Da terrinha também tem representante. Ao todo 35 mil voluntários, brasileiros e da gringa, vão ajudar nas competições

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Atualizado há 8 anos

A Olimpíada começa hoje, 5, mas já tem muita gente da terrinha em solo carioca. Isso porque o programa de voluntariado levou milhares de profissionais e estudantes para ajudar durante os jogos. Daqui também tem representante. É o caso de Jean Rodrigo Zipperer, que é especialista em fisioterapia esportiva e presidente da Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva (Sonafe) de Santa Catarina. Ele é natural de Porto União, mas em 1993 foi para Joinville estudar e por lá ficou.

Zipperer começou no processo seletivo de voluntários há dois anos. Quando a Sonafe propôs para todos os sócios e especialistas a padronização dos atendimentos durante a Olimpíada do Rio de Janeiro. “Difícil tarefa”, lembra Zipperer.

Durante a seletiva todos os especialistas de cada Estado do Brasil participaram, quatro foram selecionados por análise de currículo e Zipperer ficou entre os escolhidos de Santa Catarina.

Na ocasião ele foi para São Paulo e lá passou por um treinamento de imersão de quatro dias com 16 dos melhores especialistas do segmento da fisioterapia esportiva do País. Depois das orientações ele retornou para Santa Catarina e, em Florianópolis, ajudou a treinar outros 110 fisioterapeutas que tinham interesse em ser voluntários nos jogos. “Ao todo cerca de 2 mil fisioterapeutas foram treinados em todo o Brasil”, conta.

JEAN
Jean Zipperer

No ano seguinte Zipperer, assim como os outros selecionados, tiveram de cumprir todas as etapas como voluntários dos jogos. “Passamos por treinamento online, presencial feito em Florianópolis”, explica. “Deu um total de dez etapas para que a gente cumprisse os critérios para ir para o Rio de Janeiro”, recorda.

Zipperer embarca para o Rio no dia 10 e sua participação na Olimpíada é até o dia 20. “Vou trabalhar na policlínica da Vila Olímpica, não vou atender uma modalidade específica”, conta.

Vai funcionar assim: qualquer atleta que tenha sofrido alguma lesão, em qualquer modalidade, segue para o primeiro atendimento no local da competição. Em seguida ele é encaminhado para a policlínica, onde Jean vai estar com outros profissionais. “Temos uma estrutura aproximadamente de 600 metros quadrados. É o local onde vamos fazer o atendimento de todos os atletas das competições, independente da modalidade ou do País”, reforça.

Mesmo tendo participado dos jogos Pan-americanos em 2007, também no Rio de Janeiro, Zipperer durante a Olimpíada “embarca para um sonho”. “É uma realização. A minha vida profissional toda eu estive envolvido com o esporte de alguma forma, trabalhei com futsal, futebol profissional e tênis”, conta. “A expectativa para mim é a realização de um sonho. Para quem gosta de esporte e acompanhou a vida toda o esporte, é uma realização estar no maior evento esportivo do mundo onde vão estar as maiores expressões do esporte em todos os quesitos, desde treinadores e atletas”, comenta.

O fisioterapeuta também lembra de algumas inspirações que o levaram a atuar com o esporte. “Tudo começou em Porto União, quando alguns técnicos começaram me incentivar, como Jorge Schwartz, Saulo Pimpão, Vilmar Shindler e Júlio Adashesk. Como atleta eu era mediano e acabei me envolvendo no esporte de alta performance de outra maneira”, fala.

DANIEL
Daniel Lazier

Outro representante da terrinha é Daniel Lazier. Ele também é natural de Porto União e hoje trabalha em Curitiba como técnico na modalidade do basquete. Lazier é formado em Educação Física e tem o esporte desde muito pequeno “correndo nas veias”. “Fui atelha em União dos 12 anos aos 17 anos. Sempre fui muito influenciado pelos professores Cordovan e Isael Pastuch Júnior. E isso levou a me inscrever como voluntário na minha área, que é o basquete”, conta.

Lazier também passou por todas aquelas etapas de treinamento online e presenciais que Zipperer teve de completar. Mas para Lazier a atuação será diferente nos jogos. “Após várias etapas de treinamento e seleção, consegui uma vaga para trabalhar no que chamamos de FOP, FIELD OF PLAY.” Ou campo de atuação, na tradução literal.

Ele já está no Rio e fica até o dia 22. “Trabalharei sempre dentro da quadra de basquete, tanto em jogos como treinamentos”, explica.

Ao contrário de Zipperer, o técnico estreia como voluntário em jogos de tamanha expressão como a Olimpíada. “Só participei de eventos estaduais e nacionais, então a expectativa está à mil. Muita ansiedade, afinal de contas vou participar do maior evento de congraçamento de povos do mundo”, sorri.

De todo o canto

Cerca de 50 mil pessoas – entre brasileiros e estrangeiros – sendo 35 mil na Olimpíada e 15 mil na Paralimpíada, atuarão nos dois eventos, entre agosto e setembro. Para angariar esse contingente, foi montada uma operação de guerra em recrutamento e seleção. O desafio inicial era atrair 300 mil pessoas para a pré-seleção, feita por um teste online. Depois, 75 mil foram escolhidas para entrevistas presenciais, para chegar, então, aos 50 mil finalistas.

Desse universo, a maioria dos candidatos era de mulheres (57%) e pessoas entre 26 e 45 anos (38%). O grupo de estudantes que ainda cursam o ensino superior representou 34% dos candidatos.

  • Com informações do Comitê Olímpico.

Para curtir

IngressosXTavaresTem os voluntários, mas, também, o púbico. Os voluntários apesar de ficarem em contato diário com os jogos, algumas atividades são realizadas fora das áreas onde as competições acontecem. E o foco também é outro, conforme o Comitê Olímpico a ideia é que os voluntários trabalhem para que os jogos aconteçam, diferente de quem vai para assistir. Como é o caso do publicitário Eduardo Ferreira Tavares. O jovem de 22 anos já participou de inúmeras competições, como expectador. Na Copa do Mundo no Brasil em 2014 e incontáveis partidas do Palmeiras, seu time do peito. Nessa não seria diferente. “É uma grande oportunidade, não só para as pessoas prestigiarem, mas também para o próprio Brasil tomar como exemplo e utilizar a Olimpíada para começar a tomar rumo e ajustar alguns grandes problemas”, fala. “Sabemos que o País não está passando pelos seus melhores dias economicamente, politicamente e com todos os outros grandes problemas sociais que enfrentamos, e também acredito que não era o momento de receber um evento desse tamanho no País, mas já que vamos receber temos que tentar tirar o melhor dele e saber aproveitar. Como torcedor acho sensacional, não é sempre que temos a oportunidade de participar de uma competição dessas, e agora ela sendo aqui não podemos perder a chance”, completa.

Tavares vai assistir a final do futebol masculino, no dia 20, no Maracanã. É uma das partidas que o torcedor e a mídia têm mais expectativa dentro dos jogos. “Agora é torcer para que o Brasil consiga fazer uma boa campanha e que chegue na final para tentar trazer o ouro inédito da categoria, e se eu conseguir ver isso pessoalmente será com certeza um dia muito especial para mim”, sorri.

“Estou muito ansioso para que chegue logo o dia em que vou estar lá. Sou muito ligado e apaixonado por esse tipo de jogo e evento, eles mexem com o coração e com a emoção do torcedor. Acredito que tem tudo para ser um evento histórico e marcante para o Brasil no que diz respeito a esporte, tanto para os atletas, torcida e para toda a mídia.”

Pioneiro

Os jogos no Brasil têm uma novidade que não aconteceu em nenhuma Olimpíada pelo mundo. Aqui os fisioterapeutas que trabalham com esporte forram os primeiros a participarem de um projeto que une todos os profissionais num padrão de atendimento. Tal feito rendeu elogios da mais alta organização de fisioterapeutas do mundo a World Confederation for Physical Therapy.

Segurança

Daqui também tem representante do 5º Batalhão de Engenharia e Combate Blindado (5º BEC) de Porto União. Trata-se de um sargento que seguiu para atendimento na área médica com a UTI do Batalhão. Outros cinco militares estão em condições de participar dos jogos, mas só se forem chamados. Conforme o capitão e chefe da 3ª seção, Michael Domingos da Silva, a representação do 5º BEC é um pouco menor que na Copa do Mundo, por exemplo. Isso porque a Unidade tem como base trabalhos de apoio e engenharia. “Basicamente de obra”, disse por telefone. Contudo, caso seja necessário os soldados que estão na reserva podem integrar o Batalhão da Força Nacional.