Se a Festa Nacional da Costela já era um sucesso “condensado” em três dias, neste ano ganhou liberdade a partir da decisão dos organizadores em aplicar o evento para outros dois dias na folhinha. Neste ano, ela começou no dia 7, quinta-feira, e terminou apenas no domingo, 11. Embora a mudança tenha sido uma novidade bem explorada, houve uma certa dúvida entre os visitantes. Por isso, o movimento maior mesmo ficou concentrado no final de semana.
Quem optou pelo passeio, encontrou um CTG movimentado, com acessos lotados. Aliás, quem alugou suas garagens para o estacionamento, também lucrou: em toda a Bento Munhoz, faltou espaço para tantos veículos.
Na estrutura, uma diversidade gigante: da exposição das máquinas agrícolas aos finos doces do Rotary. Tudo, sem exceção, cheio de qualidade. Expositores além da “terrinha” aproveitaram a visitação em massa para também fazer seu “pé-de-meia”: mostraram almofadas recheadas com bolinhas de massagem, artesanato, roupas, bijuterias. Embora próximos, os expositores não “brigaram” e assim, pertinho do pessoal de fora, havia também produtos tipicamente locais, souvenires, bolacha de mel, artigos de coração.
Para lembrar do evento, a organização, combinada com algumas empresas, ofereceram banners especiais, com motivos da festa e do próprio Vale do Iguaçu. Foi possível fazer selfie, abrir os braços diante de uma gigantesca imagem das Cidades Irmãs e colocar ou trocar de rosto com o gauchinho, símbolo da festa. Teve diversão gratuita e paga. Neste campo, aventura na tela do Cine 6D e nos infláveis do Happy Park. Para a criançada, informação pedagógica. Neste ano Copel e Sanepar exploraram a segurança da energia e da água a partir de bonecos e maquetes.
Na gastronomia, uma fartura. Os food trucks, outra novidade do evento, substituíram as tendas, usadas até o ano passado. Neles, menus diferenciados, de encher os olhos e dar água na boca. Deu para escolher o prato mais gostoso, e mais em conta. Sem dúvida, uma atração para todos os gostos e bolsos. Na Festa Nacional teve distribuição de algodão doce, degustação de café, cerveja feita ao vivo. Um show para o paladar, tanto quanto foram os passeios aéreos. A empresa Helicop ofereceu o serviço e quem aceitou – eles custavam R$ 80 – voou, de helicóptero, sobre a região. Um passeio curtinho, mas suficiente para acelerar o coração e dele não sair mais.
A Festa da Costela nasceu pequenininha e agora, com quase – quase mesmo – dez anos, se tornou gigantesca.
A festinha cresceu
Como já mostrou O Comércio há algumas edições, nem sempre esse tamanho todo marcou as edições. O evento começou pequeno, quase intimista. A festa levava os costumes gaúchos, os fandangos e a costela de chão como ingredientes, mas quem participava eram os integrantes, e para quem era de fora, os encontros se resumiam nas jantas apenas num final de semana. Só que o interesse pelos jantares aumentou, o público pedia cada vez mais eventos parecidos e a patronagem resolveu estender para um almoço e janta com fandango. Pouco tempo depois, a ideia foi um tanto ambiciosa: abrir as portas do CTG para um público ainda maior, com a Festa Nacional da Costela.
Apesar de já na primeira edição o título “nacional” estampar a divulgação, o evento ainda era regional. As primeiras festas aconteciam em março, mas foi aumentando tanto que mudou de data – agora ela marca a Semana Farroupilha – e obrigou a necessidade de novas parcerias. A Aceuv, por exemplo, é uma das grandes “mães” do evento e foi, de novo, nesta nona edição.
O melhor churrasco
A peça que empresta seu nome ao evento é, para os assadores do CTG, a mais nobre do gado. Mas, se não for bem cuidada, tratada, temperada e assada corretamente, perde todo sabor e textura. Por isso, o carinho que uma única peça exige, é multiplicada pelas toneladas de carne preparadas para o evento. E todos os quilos servidos nesta edição, receberam o mesmo tratamento.
Conforme os assadores, Augusto Fogaça e Sérgio Picolli, que integram o seleto time que cuida da iguaria, a carne oferecida na festa veio do Mato Grosso, Estado especializado na produção orgânica dos rebanhos. “É uma carne melhor, preparada praticamente sem gordura porque na verdade, a gordura tem que ser pouca, apenas o essencial mesmo”, explicou Fogaça.
Já no espaço do CTG, a costela – cada uma pesava entre 25 e 40 quilos – foi preparada para enfrentar uma maratona de sete horas, aproximadamente, de fogo intenso, de até 300 graus. Para as quase nove toneladas que foram consumidas no evento, aproximadamente 600 quilos de carvão foram queimados. “Assamos a costela do lado que o boi deita”, explica Fogaça. Traduzindo: é a carne mais gordinha, macia, “fofa”, a preferida do gado para dormir.
Por toda essa qualidade, praticamente não há desperdício. “Só se escapam os ossos e um pouco da gordura mesmo”, completa Picolli, assador que dá o toque final à carne a partir do tempero. Neste aspecto, não tem segredo: bastam sal grosso e água da fonte.
Mas, de todos os ingredientes, o essencial não está no supermercado, tampouco na produção da carne. Está na cabeça de todos os envolvidos na preparação da iguaria. “Se não estivermos de bem com a vida, sem problemas, com a cabeça focada aqui, não assa. A carne enruga, entorta e não sai nada”, garante Fogaça. Por isso, em todas as edições, um ritual de preparação acontece. A oração, a fé e a harmonia garantem o sabor da tradicional costela. O conjunto é tão perfeito que para os assadores do CTG, já rendeu até prêmios aqui e além da “terrinha”.