A renovação de nomes no Legislativo de União da Vitória e Porto União é, sem dúvida, o que mais vem chamando a atenção no pós-eleições. Nomes pouco conhecidos foram se tornando populares e, em 45 dias, caíram na boca do povo. Nas urnas, o resultado foi atípico: os mais experientes, ou por já estarem no cargo ou por atuarem no meio de alguma maneira, abriram espaço para quem tinha pouca ou nenhuma experiência política.
Essa pulverização é mais evidente em União. Por lá, apenas dois vereadores da atual gestão conseguiram a reeleição. Assim, dez novas personalidades vão compor o Legislativo a partir do ano que vem.
Embora alguns nomes sejam conhecidos, a maioria dos eleitos foi estreante na disputa. Este foi o caso do candidato Almires Bughay Filho. Sua estreia não poderia ter sido melhor: ficou com a segunda maior votação, ficando atrás apenas do veterano Jair Brugnago. Almires, pelo PSDB, arrebatou 884 votos. Para ele, o resultado da urna não é exatamente sorte de principiante. “Por que acredito que uma campanha não se faz em 45 dias, mas sim na sua trajetória de vida na família, trabalho e comunidade”, avalia.
Bughay é policial Militar há 26 anos e há 15, atua no Proerd, programa que tem as drogas e a juventude como pauta. E é neste contexto, com as plataformas de segurança e jovens, que o vereador eleito garante que quer trabalhar. “Além disso, fiscalizar as ações do executivo no que se refere a utilização dos recursos, além de ser um elo entre a população, a fim de levar ao executivo as suas necessidades afim de poder garantir os direitos do cidadão”, completa.
Também em União da Vitória causou surpresa a eleição do candidato “Albino do Cemitério”. Aos 58 anos, concorrendo pela primeira vez, o funcionário há 20 anos do cemitério de São Cristóvão conquistou a quinta melhor votação, com 724 votos. Albino Schversovki (PMDB) é casado, pai e jamais havia disputado uma eleição. Ontem a reportagem de O Comércio foi até o cemitério, mas, conforme seu irmão, Rogério, Albino estava “na cidade”. Foi de bicicleta, para pedir a roçada e limpeza do cemitério, para o dia de Finados. “A primeira meta dele é essa, cuidar do cemitério. Falta muita coisa aqui”, comenta o irmão. Albino é simples, mora no Bairro São Braz e jamais usou terno. “Ele nem tem, mas vai ter que usar né?”, sorri Rogério.
Em Porto União, a renovação também aconteceu, porém, de outro jeito. É que desta vez, figuras conhecidas, que já ocuparam cadeira no Legislativo, voltam à casa. Pasqualin e Salime, por exemplo, são deste time. Foram reeleitos cinco vereadores e o restante da bancada será composta por estreantes, mas que, de certa forma, já mantinham certo contato com a política.
Élio Weber, por exemplo, havia concorrido ao cargo há 24 anos. Na ocasião, por conta de 12 votos, não entrou. A decepção passou e neste ano, o empresário foi a preferência de 605 eleitores.
Estreia, por outro lado, o funcionário da Secretaria da Saúde, Neilor Grabovski. Aos 44 anos, pai de dois filhos, ele inicia em 2017, pelo PMDB, uma carreira até pouco tempo pouco pensada para ele. Nas eleições de domingo, recebeu a terceira maior votação – e a primeira do partido. “Quero ajudar o povo, ouvir mais, especialmente trabalhar nas áreas de Saúde e do Turismo”, afirma. O jeito pacato e tranquilo deve dar o tom de sua gestão. Fruto de seu comportamento ao lado dos funcionários e pacientes do SUS, onde atua há 12 anos.
Neilor, Albino, Almires, Élio e tantos outros estreantes pelo Brasil, aguardam suas estreais no dia 1º de janeiro. É esperar para ver, porque onde houve estímulo, também vai haver cobrança. E sim, muitos desafios.