Com 77 anos Salime Farah assume novamente uma cadeira no Legislativo de Porto União. A estreia foi em 1969, quando foi eleita a segunda vereadora da cidade. Foi vice-prefeita de Alexandre Puzzina entre 1973 e 1976 e outras duas vezes vereadora, em 1977 e 2005.
Hoje, uma década depois, ela retorna com ainda mais vontade de mudanças do que anos atrás. “O que fez eu voltar é a vontade de que mudasse a Administração. Porque se você não é candidata você não se motiva”, fala. “Enquanto o alemão não me pegar, aquele Alzheimer, eu vou continuar, a cabeça está boa, o corpo não está acompanhando, mas vou continuar”, sorri.
Salime é médica bem conhecida no Vale do Iguaçu, com pouco mais de cinco décadas atuando na área, ela já foi administradora junto da família do hospital Casa de Saúde Maternidade Nazareth Farah e boa parte do seu trabalho como vereadora, e também vice-prefeita, foi voltado para a Saúde. Ritmo que seguirá, e forte, nos próximos quatro anos. “Não entro na política por conta do salário, tenho minha profissão”, dispara. “A gente assumindo, no ano que vem, eu vou ver junto com a Administração para diminuir o salário para o ano de 2018”, adianta. Salime ainda ressalta da necessidade de um legislador ter, no mínimo, escolaridade para exercer tal função. Segundo ela, são os maus exemplos que alimentam o analfabetismo político. “Fiz uma campanha sem muitos gastos, só com mala direta que mandei para 5 mil casas. Foram R$ 993. Não dei xixo, não dei gasolina, só dei abraço e aperto de mão. Não paguei ninguém para colar adesivos. Só tive cinco adesivos que ficaram nos carros da família”, fala. “Você ganha uma cesta básica num mês, mas você vai passar fome quatro anos. É muita humilhação para o pobre”, dispara.
Ainda sobre os gastos, Salime fala numa legislatura enxuta e firme. “Quando fui vice-prefeita declinei do salário, porque havia sido vereadora antes. Vai ser igual ano que vem, não vou pegar diária, não preciso pegar dinheiro para congressos, tudo o que eu precisar saber eu vou buscar pela internet. E se você tem prestígio com algum deputado uma ligação basta”, argumenta.
O plano da vereadora é assumir e exercer o cargo até a metade do próximo ano. À exemplo dos mandatos anteriores, Salime vai deixar espaço para que os suplentes também exerçam a função de vereadores. “Sem vencimentos”, brinca. A ideia, segundo ela, é fazer com que todas as propostas sejam discutidas e colocadas em pauta, e aquelas com a melhor base para a população serão, sim, aprovadas. “Não tem o porquê não aprovar”, argumenta.
Outra proposta é fiscalizar as leis já aprovadas em mandatos passados. Salime levou para discussão e teve sucesso na aprovação da Lei de Laqueadura Cirúrgica, o que, segundo ela, até hoje não foi utilizado. E, o Programa de Saúde da Família que só foi dado início em sua gestão. “Nasci aqui gosto de minha cidade e é um modo que você tem de colaborar” sorri. “Eu critico as pessoas que falam mal de política e não dão a cara para bater. Eu dou a cara para bater. Você pode entrar para perder ou para ganhar, a única coisa que eu não quero perder é a vergonha e a dignidade.”