O Paraná é o terceiro Estado que mais acolhe imigrantes no País. Em 2016, trabalhavam 13.833 pessoas de outros países com carteira assinada no Estado, atrás apenas de Santa Catarina ( 14.348) e São Paulo (43.141).
Os dados são de um levantamento realizado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes), com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho. São haitianos, paraguaios, argentinos, portugueses, franceses, japoneses, dentre outros, que vêm trabalhar no Estado em empresas de comércio, nos serviços e na indústria.
Desde 2010, o número de imigrantes no Estado aumentou 277%. Em 2010, o Estado tinha um contingente de 3.660 trabalhadores de outros países atuando no mercado de trabalho formal.
“Temos basicamente dois tipos de imigrantes. Os de países não desenvolvidos vêm tentar a vida aqui, em busca de emprego e condições melhores, como os haitianos. Já um outro grupo vem geralmente transferido de empresas de outros países ou estados. É o caso de engenheiros de montadoras, por exemplo, diz Julio Suzuki Júnior, diretor- presidente do Ipardes.
INDUSTRIAL – De acordo com ele, o adensamento industrial, com a implantação de novas fábricas de multinacionais, e a implantação de novas empresas trouxeram muitos estrangeiros para trabalhar no Paraná.
O número de trabalhadores japoneses, por exemplo, passou de 121, em 2010, para 221 no ano passado. No mesmo período, o número de italianos passou de 89 para 149. Os espanhóis passaram de 56 para 114 e os chineses de 91 para 159 na mesma base de comparação. O número de argentinos passou de 412 para 694 no período.
MAIS OPORTUNIDADE – É o caso do arquiteto argentino Abel Blumenkrantz, por exemplo, que desembarcou no Paraná em abril desse ano. Ele veio coordenar os planos de expansão da importadora Garage Vinhos, empresa fundada por dois argentinos em 2004. Executivo de expansão da empresa, ele coordena a filial de Curitiba.
Blumenkrantz, que já mora há 17 anos no Brasil e trabalhava na empresa em Porto Alegre antes de se mudar para Curitiba, considera que o Brasil, em que pese todos os seus problemas, traz mais oportunidades do que a Argentina.
De acordo com ele, tudo começou com a ideia de passar apenas alguns meses no Brasil em férias, mas que se transformaram em uma espécie de ano sabático e acabaram abrindo um mercado para crescimento profissional.
“Naquela época, a Argentina passava por grande instabilidade econômica e muitos dos meus familiares e amigos estavam se dispersando pelo mundo afora. As coisas pareciam ser muito mais estáveis no Brasil”, diz.
AUGE – A chegada de estrangeiros ao Paraná se acentuou a partir de 2010. Na época, o cenário era de escassez de mão de obra e crescimento econômico, o que colocou o Brasil no radar de profissionais de outros países.
O auge do número de imigrantes no mercado do Paraná foi em 2015, com 16.622 empregados estrangeiros. Em 2016, porém, houve queda de 17% em relação ao ano anterior.
A diminuição, observada em todo o Brasil, se deve principalmente à retração do mercado de trabalho, de acordo com Suzuki Júnior.
CURITIBA – No Paraná houve uma queda principalmente no número de trabalhadores haitianos, com redução de 30% em relação a 2015. Ainda assim, o contingente de haitianos é o maior entre os imigrantes no Estado, com 4.847 pessoas. Em segundo lugar vem os paraguaios (3.674) e argentinos (695).
O levantamento do Ipardes mostra que Curitiba é destino principal dos trabalhadores estrangeiros no Estado, com um total de 3.464 imigrantes em 2016. Em segundo lugar vem Cascavel, com 1.343, Foz do Iguaçu, com 1.270 e Maringá, com 762. Do total de imigrantes, 16% tem nível superior completo.
SETORES – Os setores em que há maior participação de trabalhadores de outras nacionalidades são a indústria da transformação (5.929), serviços (4.017) e comércio (2.446). Mas mesmo com o aumento dos últimos anos, a participação dos estrangeiros no mercado formal de trabalho do Paraná é pequena, de cerca de 0,5% do total.
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Paraná foi o primeiro a criar conselho específico para migrantes
O Paraná foi o primeiro a criar um conselho especificamente para pensar soluções e melhorias para a situação dos migrantes. O Conselho Estadual de Migrantes, Refugiados e Apatriados (Cerma), criado pela lei 18.465/15, é composto de 18 integrantes, nove da sociedade civil e nove representantes do Executivo estadual.
“O governo estadual entendeu que era uma demanda importante dar apoio aos migrantes que tiveram que sair dos seus países de origem por problemas econômicos, políticos e até ambientais, como foi o caso dos haitianos depois do terremoto”, diz Regina Bergamaschi Bley, diretora do departamento de direitos humanos e cidadania da Secretaria de Justiça, Trabalho e Direitos Humanos.
Há um ano foi criado o Centro Estadual de Informação para Migrantes, Refugiados e Apátridas, que reúne informações sobre serviços e políticas públicas a esses grupos. Foram cadastrados 615 imigrantes e refugiados até agora, de 34 nacionalidades diferentes. Desse total, 77,4% são haitianos, com destaque ainda para cubanos (3,9%), sírios (3,8%) e venezuelanos (2,8%).