Dona Cacilda Santos aguardava na manhã de ontem, 19, o transporte coletivo para o bairro João Paulo II. Sentada e com as pernas entrelaçadas ela olhava o céu. Pois para qualquer movimento das nuvens, dona Cacilda tem uma explicação sobre as condições do tempo. Muito ligada as tradições de família, a simpática senhora aposta nas orientações repassadas pelo seu avô enquanto menina. Ao ser questionada sobre as descargas elétricas no Estado ela confirma pânico. “Ah! Disso eu tenho muito medo. Corro longe dos raios.” Ela orienta que a comunidade deve evitar exposição mediante tempestades.
O assunto veio a tona porque a mídia nacional divulgou recentemente que o Brasil é o país com maior incidência de raios no mundo. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), cerca de 70 milhões de raios atingem o País todos os anos, uma média de duas ou três descargas elétricas por segundo. Além de causar incêndios e grandes prejuízos econômicos, esse fenômeno representa também pânico à população. Dados do Inpe apontam que no ano passado, 130 pessoas foram vítimas de raios.
Zonas rurais
No Brasil, a maior parte dos acidentes com vítimas ocorre em zonas rurais, quando os raios atingem pessoas que estão em áreas descampadas.
Verão
Segundo o meteorologista do Simepar, Reinaldo Kneib, o verão é o período em que há a maior aparição de descargas atmosféricas no Estado. O meteorologista não dispõem de dados de ocorrência de raios, porém a região sul é bastante propicia porque o ambiente e as próprias serras na região favorecem para que as tempestades fiquem mais severas. No entanto, as regiões oeste e sudoeste despontam com ocorrências de descargas atmosféricas. De acordo com o meteorologista, o Estado sofre neste período com tempestade e por isso visualizamos em demasia as descargas atmosféricas.
Estudos
O Inpe revelou ainda que o Amazonas é o estado que mais recebe as descargas, 11 milhões por ano. São Paulo registra o maior número de mortes por raios.
Cuidados
Segundo o Inpe, cobrir espelhos quando começa a trovejar é um mito que tem origem muito antiga, mas sem fundamento. No Império, os espelhos eram grandes, os raios refletiam e tinha-se a impressão que vinham do espelho. Quanto o falar ao celular ou telefone, segundo o meteorologista Osmar Pinto Júnior, quando fora de casa não representa perigo.
Agora, dentro de casa, não se deve falar ao celular ligado no carregador. Em dias de muita chuva, deve-se falar com telefone sem fio ou celular desligado da tomada. No telefone fixo, com fio, ligado a rede elétrica, o raio que cai aumenta a corrente nos fios da rede elétrica e essa corrente chega na tomada da sua casa, vai pelos fios do telefone e pode chegar no usuário.