Comandante Moisés quer investir mais em Segurança Pública

Ele rejeita a ideia do Estado opressor e defende o candidato à presidência da República de seu partido, Jair Bolsonaro: “Eu o entendo”.

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Atualizado há 6 anos

Moises-scPatriotaCarlos Moisés da Silva – Co­mandante Moisés – é coronel da reserva do Corpo de Bombei­ros Militares de Santa Catarina, corporação pela qual atuou por alguns anos no Sul do Estado. É advogado e pela primeira vez concorre a um cargo público eletivo.

Jornais ADI/Adjori – Co­nhecendo o setor por dentro, qual a sua maior preocupação om a Segurança Pública?

Comte. Moisés – O número de homicídios crescendo, não só o número de homicídios, mas também a capacidade do Estado de apurar essa atividade criminosa e chegar ao resulta­do em que a Justiça aconteça de fato, no final. A Seguran­ça Pública vai ter que ser vista sempre com temas transversais. Poderíamos começar a falar aqui de Educação relacionada à Segurança Pública, por exem­plo. A nossa preocupação é que o Estado precisa se remodelar para que o crime organizado não seja mais organizado que o próprio Estado.

Quando nós temos, por exemplo, um sistema prisional que, ao invés de proporcionar uma recuperação, possibilita que o apenado consiga se reu­nir, conversar, trocar informa­ções e comandar um sistema organizado de dentro do pró­prio sistema, isso nos acende uma luz sobre a ineficiência do Estado. Não só nessa área, como também na inclusão, acesso à educação, bolsões de pobreza, mobilidade urbana. Tudo isso cria um ambiente fa­vorável para que o crime se or­ganize ainda mais. Não dá para haver segurança pública como um viés separado.

ADI/Adjori – Quais são as suas propostas para o setor?

Comte. Moisés – Não se pode fazer Segurança Públi­ca sem investimentos. Eu não posso trazer pessoas cansadas de casa, servidores que já traba­lharam 30, 40 anos na atividade policial, que é a mais desgastan­te, para que eles sejam a base da Segurança. Nós temos que trabalhar com a força jovem, policiais saudáveis, motivados e também com a polícia de pro­ximidade.

Nos preocupa muito, falando de presídios, a capacidade do Estado de realmente promover essa socialização e fazer que durante o período em que o interno esteja ali, cumprindo a sua pena, ele consiga desenvol­ver habilidades para que quan­do ele saia consiga se encaixar na sociedade. Para isso não tem outro caminho senão ele estu­dar e trabalhar. Nós sabemos que o nosso sistema não tem condições para fazer isso, e que hoje o faz minimamente.

ADI/Adjori – Como preten­de pôr em prática essas pro­postas?

Comte. Moisés – Para gente atender os efetivos, melhorar o sistema prisional, investir em educação, em mobilidade pú­blica, acessibilidade, enfim, é preciso enxugar o Estado e in­vestir em parcerias privadas. Eu penso que uma bandeira que nós temos que levantar, quando eu falo de Segurança Pública, é combater a corrupção dentro do próprio Estado. A corrupção se apresenta em vários vieses. Para mim, é uma forma de cor­rupção você ter grandes blocos partidários, coligações, e depois que você assume o governo tem que criar secretarias para aco­modar essas pessoas todas.

O Estado não se presta a essa atividade. Ele até deve gerar emprego, mas não nele mes­mo e sim ser um fomentador da iniciativa privada, fomentar a economia solidária, o coope­rativismo, favorecer o produtor artesanal, o microempreende­dor. Resumindo, gerar rique­za e renda com as pessoas de fora das estruturas de governo. Penso que na questão de dimi­nuição dos custos do Estado, as secretarias regionais (ADRs) podem ser extintas, junto com a maior parte dos cargos co­missionados, deixando apenas os necessários.

ADI/Adjori – Quais as dife­renças e as semelhanças entre a candidatura Moisés e a can­didatura Bolsonaro?

Comte. Moisés – São muitas falas, e eu tenho certeza que ele não conseguiu abordar todas as minhas e nem eu todas as deles. Nesse caso, eu falo de coisas que são muito óbvias, que fazem até parte do senso comum. Se você sentar com o Bolsonaro ele vai concordar.

A questão é que ele tem le­vantado algumas bandeiras que são do clamor social, e que nós também concordamos. Como por exemplo, quando as pesso­as dizem que violência não se combate com violência, depen­de. A ideia é que o Estado seja o único detentor da violência e a use só quando for necessário, criando um aparato que toda a sociedade fará uso no dia a dia.

Então, levantar bandeira de que o Estado é opressor confun­de muito as pessoas. Eu entendo perfeitamente o sentimento do candidato Bolsonaro de que as coisas estão invertidas. O po­licial não tem uma retaguarda para trabalhar, tem que ser alve­jado primeiro para depois reagir. Isso não funciona em nenhum país desenvolvido do mundo. É preciso que a sociedade entenda que o policial é um amigo que está ali para fazer prevalecer o seu direito de cidadão. Essa é a visão que nós temos que ter dos aparatos do Estado.

ADI/Adjori – O que dife­rencia as candidaturas majo­ritárias do PSL frente aos de­mais partidos?

Comte. Moisés – Os princi­pais diferenciais são o fato de não estarmos coligados com nenhuma outra sigla e de não estarmos usando recursos do fundo partidário. Também te­mos pouco tempo de TV e rá­dio na comparação com as si­glas mais antigas e tradicionais do estado. Eu, como candidato ao governo, só tenho 7 segun­dos. Isso mostra que o sistema tem sido feito para quem já está dentro dele. Falta isonomia.

ADI/Adjori – Ainda assim o senhor acredita que pode ter sucesso na campanha?

Comte. Moisés – Temos algo muito importante do nosso lado que nos faz acreditar, sim, em uma vitória. Nossa vantagem é ter o sentimento da popula­ção pela renovação e pela mu­dança, não só de pessoas, mas de projetos, comportamento e atitudes. A vontade é de mudar o Brasil todo. Temos recebido apoio e manifestações muito voluntárias das pessoas. E isso a gente não observa nas outras candidaturas. Essa é uma marca do Jair Bolsonaro que se repete aqui. Quem vota no Bolsonaro, vota no time dele.

ADI/Adjori – Mas as pes­quisas mostram que há um descolamento entre os seus ín­dices, baixos, e os dele, quase isolado na frente.

Comte. Moisés – Só no dia 7 de outubro teremos a real per­cepção. Nós saímos de 1%, em alguns dias chegamos aos 5%. E hoje nós já temos pesquisas que indicam um patamar bem mais alto. E nós estamos diante de uma população ainda muito indecisa sobre em quem votar. Vamos conquistar esses votos.

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