Não é para qualquer um chegar aos 75 anos. Muito mais complexo, é quando uma entidade alcança essa idade. Por isso e por toda sua história, o Clube Ferroviário recebe os aplausos da comunidade. Neste dia 1º de maio, a instituição completou mais um ano, virou a folhinha e chegou às Bodas de Brilhante. “Vestir a camisa, por tudo o que o ferroviário representou para a sociedade, é motivo de muito orgulho. É emocionante saber que você fez parte de tudo isso e que essa história continua viva”, descreve o advogado e ex-presidente da entidade, Nelson Pedroso.
A emoção nos olhos do ex-presidente do Clube Ferroviário, é compartilhada pelos demais membros e também pela comunidade, que de alguma maneira ou outra, já jogou bola no campo do Estádio Eneias Muniz de Queiroz, apostou bocha com os amigos ou se divertiu na pista, no tempo dos bailes tradicionais, abertos à toda a família. “É um patrimônio cultural das nossas cidades”, avalia Pedroso.
Pode ser até mais do que isso. Basta pensar no nome da entidade: o nascimento de um complexo que carrega as digitais dos ferroviários está associado à história do Vale do Iguaçu, que deve muito ao seu desenvolvimento ao progresso trazido em cima dos trilhos. Os ferroviários, que emprestam seu nome para o clube, são também os “culpados” por trazer o futebol, paixão nacional, até o Vale. “De fato, quem acabou disseminando o futebol por aqui, foram os ferroviários”.
Coincidentemente a categoria comemora sua data, particular, em 30 de abril. “Em 1910, já existiam campinhos de futebol naquela região. Ele ficava perto dos galpões das máquinas”, conta Pedroso. “Até que nasceu o Ferroviário Esporte Clube como entidade, com a construção do espaço e com a inauguração dele, em 1944”. Nasciam ali, como irmãos, o Clube Ferroviário (em 1944) e o Estádio Eneias Muniz de Queiroz (em 1964). “Se você observar bem, o clube tem o formato de um vagão de passageiros”, sorri Pedroso.
Esporte e social
Ao longo de toda sua carreira, o Clube Ferroviário se destacou por conta das atividades esportivas. Entre outros momentos importantes, aparecem na história, por exemplo, as conquistas na Liga Esportiva Regional Iguaçu (Leri) e o título de campeão da Primeira Taça Paraná de Futebol Amador. “A Associação Atlética Iguaçu começou ali e teve seus melhores anos no estádio Enéas Muniz de Queiros. O Grupo Los Gaudérios, também nasceu ali”, endossa Pedroso.
Com a contribuição voluntária do advogado, Valdir Gehlen, nascia ali também a Escolinha de Futebol VG Ferroviário, que já treinou mais de três mil atletas e em momentos de auge, conta com a participação efetiva de 150 atletas, em média. “O Valdir esteve sempre conosco. Temos uma gratidão muito Grande, por ser um parceiro legal e nunca mediu esforço. Tirou muito dinheiro do bolso dele. Esteve sempre conosco”.
E não é apenas de gols que vive a instituição. Na enchente de 1983, por exemplo, todo o complexo serviu de casa para quem perdeu tudo o que tinha. “Até nas bilheterias tínhamos gente. Nós tínhamos um posto médico lá e uma cozinha comunitária, onde fazíamos milhares de refeições todos os dias. Contribuímos com a nossa comunidade. Foi muito importante”.
Depois da tempestade, a bonança. Foi na estrutura do Clube que um dos maiores cursos de corte e costura do Vale do Iguaçu. As aulas eram ministradas pelas esposas dos ferroviários, que dividiam o que sabiam, com a comunidade.
Dinâmica
Por conta da redução natural da ação dos ferroviários no Vale do Iguaçu, as atividades realizadas no Clube e no Estádio, são abertas à comunidade. No esporte, a bocha é hoje o carro-chefe das ações e competições. Nada mais é restritivo e o uso do espaço, coletivo, é assim, coletivo também.
DATAS
1º de maio de 1944
Inauguração da sede social do Clube Ferroviário1º de maio de 1964
Inauguração do Estádio Enéas Muniz de Queiroz