Com o mês de julho, chegam as férias do meio do ano, um período mais curto, que dura em média 15 dias e que mexe com a rotina dos pais, dos tios e dos avós. É que nessa época, a maioria dos familiares trabalha. Então, para dar conta das necessidades dos pequenos, é preciso planejamento, organização e, por que não, um pedido de folga no trabalho.
Embora os arranjos precisam acontecer, as férias não perdem sua missão: ser um descanso para as crianças que já viveram os dois primeiros bimestres – com provas, trabalhos e atividades – em suas escolas. É tempo de ficar um pouco à toa, sem compromissos e rotina. Mas, depois de alguns dias ociosos, o tédio começa a aparecer. Por isso, é interessante que algo seja feito.
No Vale do Iguaçu, existem opções para as férias. Os mais populares são os parques infantis. Em União da Vitória e em Porto União, são vários deles, espalhados no centro e nos bairros. De modo geral, a estrutura é nova, com areia ou grama. Em alguns parques, existem cercas de proteção no entorno do complexo e bancos, para o descanso de quem frequenta o ambiente. Gratuito e aberto o tempo todo, os parquinhos chegam a ficar lotados em alguns momentos do dia.
Na sexta-feira da semana passada, por exemplo, o parque que fica em frente da igreja Matriz de Porto União, ficou lotado, por conta da visita dos pais e outros familiares, bem como pela chegada dos alunos das séries infantis do Colégio Santos, instituição que fica ao lado do espaço e que naquele dia, vivia seu último dia de aula (os calendários de férias variam sem semanas conforme a região e Estado).
Uma turma de mães dos alunos do terceiro ano do Colégio Visão, de União da Vitória, também esteve por lá. Para elas, as férias de julho mudam a rotina, mas, como o período é curto, é mais fácil encontrar um equilíbrio. “É um período mais corrido para atender as crianças, mas como eu sou dona de casa, consigo me organizar e ficar com o Gustavo. Quando tem sol, é parquinho. Quando está chovendo, é filminho, Netflix, brincadeiras em casa”, conta Adriane de Oliveira, mãe do Gustavo, de oito anos.
Para a mãe e professora do segundo ano do Fundamental, Pâmela Cordeiro, as férias atendem plenamente pais, filhos e professores. “Nesse período, a gente esquece um pouco da escola, curte os filhos, deixa o que é preciso de lado e é apenas mãe, pai e filhos. A gente acorda tarde, come bobeira, não tem hora para nada. Quando os alunos voltam, eles vêm mais tranquilos, com sede de aprender, de ver a apostila nova”, comenta.
Para ajudar a gastar a energia da turminha, as colônias de férias também podem ser opções. Para os pais, ela é ainda mais interessante, já que as crianças ficam no local em um determinado horário e apenas no final do dia, voltam para casa.
No Sesc, o projeto Brincando nas Férias é atrativo – tem desconto para os comerciários – e atende os baixinhos da comunidade a partir dos seis anos de idade. Parques privados, como o Happy Park e o Kids Play, também tem promoções para o período de férias: o pagamento de uma tarde, por exemplo, garante horas de lazer e lanche frasquinho.
A professora Dirlei Klabunde Guimarães, deixou a sala de aula para cuidar de uma colônia de férias. A CriAtiva é um ambiente é de fazenda, no interior de União da Vitória, com capacidade para atender até 40 crianças de uma só vez, com idades que variam dos três aos 12 anos. A experiência custa R$ 65, em média, incluindo transporte de van, lanche, lembrancinha e um mergulho na natureza, faça chuva ou sol.
“A colônia de férias funciona desde 2017. Era para ser só no período de férias. Mas como as crianças amaram a ideia, alguns pais pediram para fazer com mais frequência. Então fazemos pelo menos uma vez por mês fora do período de férias”, conta. “O principal objetivo é que a criança aproveite essa fase. A colônia busca resgatar a fantasia, do mundo encantado da infância. Elas (as crianças) são levadas pelos monitores a fazerem trilhas na mata para que tenham um contato direto com a natureza aprendendo sobre plantas e animais. Entre outras atividades, oficinas de artesanato, pinturas, experiências, circuitos, jogos, carrinhos elétricos e passeio a cavalo”.
Deu tão certo, que além de atender as crianças da região do Vale, a colônia já recebeu também os pequenos oradores de outros lugares, como de São Mateus, Curitiba, Itajaí, Brasília e Rio de Janeiro. “Entendo ser necessário e muito importante ter um espaço ao ar livre para as crianças brincarem e se divertirem. Um local que vai proporcionar a elas aprendizado, lazer e descontração ao mesmo tempo. Hoje a agenda dos nossos pequenos está cheia de atividades com muitas regras e responsabilidades, o que acaba trazendo desgastes e preocupações, para elas. A colônia de férias serve como uma válvula de escape para que a criança minimize a sua carga de estresse. Natureza, animais, ar puro e o contato com outras crianças, envolvendo muitas brincadeiras, possibilitam a elas um relaxamento físico e emocional”, avalia.
Férias, lá vou eu!
As férias não aparecem no final do ano ou no meio dele por acaso. “O período é importante, pois as crianças precisam descansar da rotina de estudos, reorganizar pensamentos e se divertirem. É um período para renovar as energias e aumentar a pré disponibilidade para novos aprendizados que virão após as férias”, afirma a pedagoga, Rafaela Geschonke Dal Bó. É justamente neste momento de descanso, que as crianças desenvolvem capacidades sociais, emocionais e cognitivas. “É importante que os pais, juntamente com as crianças invistam em atividades divertidas e diferentes, podem também promover encontros entre os amigos fora do espaço escolar mantendo o vínculo já criado na escola”, ressalta. E para quem está à frente da sala de aula, as férias garantem a reorganização das aulas, para a continuação do segundo – e importante – semestre. “Com novas ideias, novos projetos e energia renovada para a continuidade do ano letivo”, diz.
Em um artigo para a Gazeta do Povo, Ana Rapha Nunes, escritora infanto-juvenil, afirma que é bom sair da rotina, mas, uma pitada de criatividade faz muito bem. “Dessa forma, é um bom momento para aprender algo, fazer descobertas, sem as exigências da escola, mas por vontade de explorar e conhecer o mundo”, destaca. A escritora lista uma série de lugares para ir aprender e ser divertir. Vamos a eles? “Que tal um passeio no museu? Levar as crianças a esse local pode ser uma rica experiência, em que elas poderão conhecer mais sobre História e Arte de uma forma lúdica e interativa”, sugere. E tem mais. “Um passeio em uma biblioteca também é algo que estimula as crianças, seja ouvindo histórias ou escolhendo livros de seu interesse. É uma maneira de aproximá-las da leitura. Nesse sentido, uma volta em uma livraria pode ser uma boa pedida. Há livrarias muito aconchegantes, que as pessoas perdem a noção do tempo envolvidas com o mundo dos livros”.
E se a opção for ficar em casa mesmo? “Há um extenso leque de atividades, o importante é deixar a criatividade nos guiar. Uma delas é preparar uma receita junto das crianças. Elas adoram poder participar e, depois, ver o prato pronto e degustar. Explorar o jardim também é uma ideia, seja cuidando das plantas ou simplesmente apreciando a natureza. Quem não mora em casa, às vezes, tem um espaço verde no prédio ou ainda uma praça por perto. Esse contato com a natureza é muito enriquecedor para os pequenos”. E por aí vai (veja mais no quadro).
De todas as cartinhas, a lição que fica é uma só: o importante é não deixar as férias passarem em branco, pois com um pouco de imaginação tudo pode ganhar um sabor diferente.
Mais dicas
O artigo de Ana Rapha Nunes com todas suas sugestões está disponível no link, www.gazetadopovo.com.br/vozes/educacao-e-midia/ferias-escolares-descanso-e-aprendizado/