Dezoito segundos e 25 centésimos. Foi esse tempo que Adriano Souza levou para fazer história. O paratleta de União da Vitória conquistou no fim de semana em Dubai, no Emirados Árabes Unidos, a medalha de bronze no Campeonato Mundial de atletismo paralímpico.
Adriano competiu na modalidade da petra (triciclo adaptado) nos cem metros da classe RR3, para competidores com paralisia cerebral severa. O paratleta ficou atrás de dois competidores do Reino Unido, Gavin Drysdale (ouro) e Rafi Solaiman (prata).
Preparação para o Mundial
Ainda no Brasil, antes da disputa, o paratleta intensificou sua preparação com foco no Mundial. “Cuidei da alimentação, academia todas as manhãs, treino forte de Petra, todas as noites e busquei me concentrar, focar na prova e pensar em coisas boas, por exemplo em meu filho”, contou.
A certeza da conquista ao cruzar a linha de chegada fez com que Adriano tivesse uma mistura de sentimentos.
“É uma sensação diferente. Via as pessoas alegres, o pessoal da Seleção Brasileira que me ajudou. É um sentimento complicado de se definir”.
Com o bronze no Mundial, o atleta espera um novo momento para a carreira, e consequentemente para o esporte paralímpico.
“Espero que essa conquista me abra muitas portas, um bom patrocínio, e que os poderes públicos olhem para o esporte adaptado, olhem para um deficiente e vejam uma possibilidade e que o próprio deficiente se veja como alguém capaz”, falou. “Dedico a Deus, minha mãe, meu filho João Vitor, a todos os amigos que me incentivaram nos bons e maus momentos”, completou.
Adriano já foi medalhista no Mundial de Petra, realizado na Dinamarca em 2017, quando ainda integrava o programa Paralímpico de União da Vitória. Atualmente, integra a equipe de Maringá.
Brasil no Mundial
Com 39 pódios no total, sendo 14 ouros, nove pratas e 16 bronzes, o Brasil terminou o Mundial de Atletismo Paralímpico de Dubai com a inédita segunda colocação no quadro de medalhas. A delegação ficou atrás da China, que teve 55 medalhas (24 ouros, 21 pratas e 10 bronzes) e finalizou na frente de potências, como Reino Unido, Estados Unidos e Rússia.
Petra
Criada na Dinamarca, a modalidade é uma alternativa para atletas com paralisia cerebral, que correm em seus próprios pés apoiados em um suporte. Os atletas são classificados entre RR1, RR2 e RR3, sendo a três a de menor gravidade.
O equipamento parece uma bicicleta, conta com suporte para o tronco, assento, guidão e três rodas.
O nome, ‘Petra’, é uma homenagem ao mascote homônimo das Paralímpiadas de Barcelona de 1992, que demonstrou uma performance incrível na modalidade.