Síndrome de Péssimos Pais, do que se trata?

A neuropedagoga, psicanalista e coordenadora pedagógica Fabianni Mamone orienta redução da culpa com relação ao tempo separado da família

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Atualizado há 5 anos

“Não sou perfeita e não quero ser; quero que os meus filhos fiquem felizes”. A frase é de uma mãe de Curitiba (PR) em um desabafo pelas redes sociais. Ela tem 40 anos e cuida sozinha dos três filhos, de 6, 11 e 13 anos de idade. Sua rotina semanal inicia às 7 horas da manhã. Pega um ônibus e vai para o trabalho.

O percurso leva em torno de 45 minutos até lá. O retorno para casa só acontece às 19 horas. No outro dia, tudo de novo.

O desabafo da mulher chamou a atenção da reportagem do Portal Vvale na tarde desta terça-feira, 10. O assunto se soma a abordagem da neuropedagoga, psicanalista e coordenadora pedagógica Fabianni Mamone.

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Uma recente pesquisa divulgada e liderada pela Universidade de Toronto, no Canadá, diz que a quantidade de tempo que os pais dedicam aos filhos não é o fator determinante para o desenvolvimento saudável. O estudo, que avaliou mais de seis mil famílias, concluiu que a quantidade de tempo que os pais passam com os filhos não tem relação com a saúde emocional, com o comportamento ou com o desempenho escolar até os 11 anos.

“Não é a quantidade de tempo com os filhos, mas sim a qualidade do que tempo em que estão com eles”.

Segundo ela, para obter essa qualidade durante o tempo em conjunto é preciso estipular prioridades.

“Hoje, os pais acham que estar perto é estar junto, quando na realidade estar junto requer mindfulness (atenção plena) e desfrutar dos momentos em família para criar vínculos reais e significativos, estando verdadeiramente presentes e sem interferências de celular e trabalho”, orienta.

Fabianni alerta ainda que pais que passam parte do pouco tempo em família conectados ao celular, não fazem ideia do que provocam aos filhos – e a situação se agrava quando o assunto é o esvaziamento do vínculo familiar. “Como consequência desse desamparo, encontramos crianças mais birrentas, irritadas, hiperativas, tentando desesperadamente chamar a atenção. Muitas vezes, elas apresentam forte tendência a sentimentos incontroláveis para a idade, como frustração, depressão ou forte estresse, somatizando em um corpo tão pequenino graves patologias”, comenta.

Além disso, a especialista também mostra preocupação em relação à primeira infância. “Com a falta de estímulos como olho no olho, toque e afeto, a criança começa a apresentar atrasos no desenvolvimento cognitivo motor, além do emocional”.

Esse abuso tecnológico produz um ciclo desastroso.

“Pais agem sem limites no tempo destinado ao uso da tecnologia com a desculpa de interferência do trabalho e, com isso, filhos inevitavelmente fragilizados se sentem frustrados, apresentando comportamentos rebeldes. Sempre utilizo de uma frase que a minha mãe já me falava; pais são diplomados no mesmo dia que os seus filhos”, comenta a especialista.

Serviço

A entrevista completa você ouve na página da CBN Vale do Iguaçu – 106.5.