Mundialmente, o 1º de maio é lembrado para comemorar o Dia do Trabalho. Mas em períodos de recessão econômica e principalmente da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a rotina de muitos trabalhadores mudou.
Além disso, os empregadores também estão se adaptando neste cenário. O principal motivo é a saúde de seus colaboradores, mas, além disso, evitar que medidas mais drásticas sejam adotadas, como é o caso das demissões.
1º de Maio
Trabalhadores que chegavam a cumprir 17 horas de carga horária em uma empresa de Chicago, no Estados Unidos, promoveram uma greve em 1º de maio de 1886.
O principal objetivo era conquistar melhores condições de trabalho, como a redução da carga horária para 8 horas por dia.
Porém, um confronto com policiais resultou em prisões e mortes de trabalhadores. Fato trágico, mas, que inspirou no decorrer da história a trabalhadores buscarem cada vez mais seus direitos.
O advogado especialista em Causas Trabalhistas no Vale do Iguaçu, Valdir Gehlen, enfatiza a consolidação das leis do trabalho.
“Desde o início do século passado havia a movimentação de grupos de trabalhadores, mas sem uma organização nacional. Foi na verdade no governo de Getúlio Vargas, na década de 30 e 40, quando foi instituído a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que estes direitos começaram a evoluir e principalmente buscando o bem-estar social e familiar do trabalhador (a). Houve também uma evolução com relação à proteção da saúde da mulher e a maternidade. Portanto as conquistas que temos dentro do direito do trabalho é fruto de uma luta constante das organizações, principalmente as sindicais, onde os trabalhadores buscaram sempre o melhor para si, para a família e para a sociedade”, disse.
Novos rumos
A pandemia da Covid-19, além de impacto na saúde, mexeu com os ambientes de trabalho no mundo todo. Buscando priorizar a saúde de seus colaboradores, as empresas se viram na necessidade de buscar mecanismos para dentro do possível manter as atividades e os empregos.
Sendo assim, uma prática até então pouco adotada, se transformou em alternativa para as empresas em diversos segmentos: o home office, o trabalho em casa.
Porém, nem todas as atividades permitem ou tem resultados positivos com o trabalho em home office. Caso de produção em geral, linhas de produção em fábricas ou indústrias, atividades que exigem atendimento presencial, como setor de lojas ou que utilizam recursos ou documentos que não podem sair da empresa. Além disso, a adaptação do profissional nesse processo é fundamental para um bom rendimento.
Segundo a consultora Hermine Schreiner, a organização do ambiente de trabalho é determinante.
“Importante definir um local específico e organizar o ambiente com equipamentos e materiais necessários, visando garantir a qualidade e produtividade. Escolher um local com o mínimo de circulação de pessoas, interferências externas. Evitar fazer as atividades no sofá, na mesa da cozinha, etc. o que além de não ser o melhor ambiente, pode causar problemas de saúde e interferir na produtividade”, disse.
E essa nova realidade deve ganhar mais força e fazer parte do dia-dia de grandes empresas, mesmo com o fim da pandemia da Covid-19.
“O home office oportuniza a redução de custos com deslocamentos, manutenção de espaços de trabalho e uma maior flexibilidade e liberdade nas relações de trabalho. Muitas empresas de grandes metrópoles já adotam esse método de trabalho em resultados bem significativos”, diz Hermine.
Desemprego sobe no Brasil
Aliada a pandemia, a resseção econômica nos últimos meses traz impactos significativos e consequentemente o aumento no número de demissões.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a taxa de desemprego no país aumentou no primeiro trimestre de 2020, sendo 12,2%, se comparada ao último trimestre do ano passado.
Os números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, representam que 1,2 milhão de pessoas estão desempregadas, em busca de recolocação no mercado de trabalho.
Muitos profissionais são pegos de surpresa com a demissão. É o caso de João Pedro, de 30 anos, que por um ano trabalhou em uma empresa do ramo imobiliário em Porto União.
A empresa paralisou por algumas semanas suas atividades seguindo as recomendações preventivas. Na véspera do retorno ao trabalho, João Pedro foi informado que entraria em férias, mas em seu retorno teve uma desagradável notícia.
“Quando a empresa voltou da paralização, ela (a patroa) falou que teria férias a cumprir, e após os 30 dias quando cheguei na imobiliária para trabalhar, minha documentação de demissão já estava pronta”, disse.
Agora, João Pedro aguarda esse momento passar em busca de uma nova oportunidade no mercado de trabalho.
“Nesse momento rezar para que a pandemia passe, não prejudicou somente a mim, muitas pessoas perderam o emprego nesse período. Tenho vários projetos, e quero realizá-los”, diz.
Sem festa
As confraternizações para celebrar o Dia do Trabalho não acontecem em razão da pandemia – pelo menos não fisicamente.
Um exemplo é que o evento que é realizado anualmente pelo Sindicato dos Trabalhadores no Vale do Iguaçu, com programação especial aos trabalhadores da região, não acontece. É o tradicional café da manhã com sorteio de brindes.
No País, as centrais sindicais decidiram que as manifestações estão mantidas, incluindo os tradicionais shows, mas tudo será a distância, transmitido pela Internet. A programação completa está disponível no endereço eletrônico do Sindicato dos Trabalhadores.