Uma recente notícia publicada no site da revista inglesa Decanter reabriu o baú de curiosidades relacionando Napoleão Bonaparte ao vinho.
Documentos encontrados relatam que Bonaparte e sua entourage consumiam por dia 50 garrafas de vinho, além de vários destilados. Um detalhe importante: esta ração vínica era enxugada não em seu palácio, mas em sua prisão-exílio na ilha de Santa Helena, para onde foi enviado após a derrota em Waterloo em 1815 e onde morreu em 1821. Desse menu constavam apenas um Champagne e generosas dez garrafas de Bordeaux.
Embora seja famosa sua frase “na vitória merecemos o Champagne e na derrota precisamos dele”, Bonaparte gostava mesmo era de Borgonha, tanto que em Elba pediu para trocar duas das garrafas de Bordeaux por duas de Borgonha. Dentre os vinhos da Borgonha, seu predileto era o Chambertin.
Sobre ele, disse: “nada faz o futuro parecer mais cor de rosa do que contemplá-lo através de uma taça de Chambertin”. A frase faz mais sentido ao saber que Napoleão costumava beber este tinto diluído em água, transformando-o quase em um rosé.
Ele gostava tanto de Chambertin que costumava transportar alguns barris consigo em suas viagens, como fez nas campanhas da Espanha, Itália, Áustria e até do Egito. Há relatos de que suas maiores lamentações após a famosa derrota de 1812 para os russos foi de perder seu carregamento de Chambertin.
Bonaparte só deixou o hábito de consumir este Grand Cru quando sua saúde se deteriorou, nos últimos anos de seu exílio em Santa Helena. Mesmo diluído em bastante água, era impossível para o estômago sensível do ex-imperador suportar o tinto. A partir daí seu vinho passou a ser o Vin de Constance, branco doce da África do Sul.
Há registros de que mais mil litros de Vin de Constance foram enviados a Bonaparte em Santa Helena. Teria sido este néctar o único alimento que Napoleão consumiu em seus derradeiros momentos no leito de morte. Uma autópsia concluiu que a causa mortis do imperador foi câncer no estômago, embora haja suspeitas de envenenamento por arsênico.