Lançado em 2016, iPhone 7 continua no coração do brasileiro

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Atualizado há 4 anos

Lançado em 2016, o iPhone 7 tem um lugar especial no coração (e no bolso) do brasileiro. Segundo a startup Trocafone, especializada na venda de smartphones usados, ele foi o aparelho mais comprado na plataforma durante 2020.

O que poderia explicar a popularidade de um celular apresentado cinco anos atrás? “Ele tem aspectos muito bons, com boa capacidade de memória, ótima câmera e preço acessível”, explica o presidente da Trocafone, Guille Freire.

De fato, as especificações técnicas fazem com que ele resista ao tempo. O 7 trazia à época impressionantes 256 GB de espaço (ainda muito bons para os tempos atuais), vinha com maior desempenho de bateria comparado aos antecessores e, para os modelos Plus, foi o primeiro em que a Apple inseriu a câmera dupla. Mesmo a câmera simples do modelo menor ainda mantém desempenho aceitável.

O modelo levantou também uma grande polêmica, mas que hoje não assusta mais: foi o primeiro celular a abandonar a entrada principal de fone de ouvido. Ou seja, o iPhone 7 definiu as tendências para as gerações seguintes do aparelho.

O legado do iPhone 7 é tão forte que a Apple parece ter se inspirado no seu design e recursos para lançar o iPhone SE 2020, que custa a partir de R$ 3,7 mil.

O mineiro Carlos Michel, 49 anos, executivo de vendas, reconhece que não consegue largar a Apple, já que usa o iOS desde o iPhone 3GS: “Não tenho coragem de pagar por um iPhone novo porque é caro demais, mas já me acostumei com o sistema. Fiquei com o iPhone 6S até aparecer uma oportunidade”, diz

Em março de 2021, ele comprou do chefe um iPhone 7 Plus, de 256 GB, e um iPhone 8, de 128 GB, por R$ 900 e R$ 800, respectivamente. “Aqui em Minas a gente fala que cavalo arreado não costuma passar duas vezes, então juntei o útil ao agradável”, brinca.

Pesa muito a favor do iPhone 7 o fato de que, desde 2016, ele vem recebendo atualizações do sistema nativo, o iOS. Lançado com o iOS 10, espera-se que o futuro iOS 15, a sair neste ano, contemple o queridinho, aumentando ainda mais a vida do celular – é algo com que a maior parte dos Androids não pode contar, já que as atualizações costumam durar uma ou duas gerações nesse sistema.

Outro ponto que ajudou a popularização do 7 foi o dólar mais palatável naquele ano, que teve câmbio médio de R$ 3,50. Isso permitiu que mais gente comprasse unidades novas do iPhone 7, que hoje abastecem o mercado de usados.

Outro fator a favor do iPhone 7 é que celulares premium têm recursos de ponta, o que permite que consigam chegar com saúde ao final do que especialistas chamam de “primeiro ciclo”, isto é, o momento em que o primeiro dono se desfaz do produto e o vende para terceiros, que vão iniciar o segundo ciclo. Segundo especialistas, um ciclo pode durar de dois a três anos.

Com ajustes, a Trocafone estima que um iPhone pode passar por até quatro donos, se o produto for bem cuidado – o que hoje é facilitado graças ao fácil acesso a peças de reparo, aumentando ainda mais a durabilidade dos aparelhos no longo prazo. Nem sempre o reparo e as peças de iPhone foram acessíveis, algo que tem mudado.

O analista da consultoria GfK, Fernando Baialuna, diz que esses aparelhos dão às classes mais baixas recursos que smartphones low-end não têm, ainda que não sejam de ponta no mercado atual. “O consumidor compra um modelo velho e tem acesso a tecnologia mais defasada, mas o benefício é que o aparelho tem mais resiliência e mais durabilidade”, diz. “Em vez de um aparelho novo com menos recursos, por que não um seminovo com mais recursos e maior durabilidade?”, pergunta.