Na manhã deste domingo, 27, durante a celebração de aniversário de União da Vitória, o prefeito Bachir Abbas deu as boas-vindas ao público durante a inauguração da Biblioteca e Museu Histórico Professor Aniz Domingos. O espaço está localizado na rua Prudente de Moraes, próximo ao Cartório Eleitoral.
Também foi realizado o lançamento do livro Amor e Dor, uma história de vida, de Anilda Zeizer Waismann.
O prédio, que já foi considerado pelo prefeito como um “elefante branco”, era aclamado pela comunidade do Vale do Iguaçu. A obra faz parte de um projeto criado em 2010. De lá para cá, segundo Bachir, a inauguração do imóvel ainda não havia acontecido por conta de alguns entraves jurídicos. Desde então, a administração de União da Vitória buscou alavancar o projeto para usufruto da sociedade.
“A sociedade cobrava e com razão. Ele (o Museu) seria inaugurado em novembro de 2021, pois o judiciário da Comarca de União da Vitória havia concedido a ação de Obrigação de Fazer em favor do Município [que consiste no comprometimento do devedor em realizar, praticar algum ato que resulte em um benefício ao credor]. A atual gestão municipal se propôs a conseguir a liberação e funcionamento do espaço que já se encontra pronto há muitos anos. O prédio não estava liberado para que o município tomasse posse do local, por isso não havia sido inaugurado”, diz.
O espaço cultural foi fruto de uma parceria do poder público e iniciativa privada firmada em 2010, ano do início da sua construção. A ideia foi da senhora Alzira Domingos (in memorian), moradora de Porto União, que se comprometeu em custear a obra, na época orçada em R$ 500 mil. “Ficamos entristecidos que agora ela (Alzira) não poderá mais acompanhar a inauguração da obra. Foi um trabalho alinhado por ela”, confirma Bachir.
A prefeitura fez a doação do terreno para a construção do prédio que foi projetado pelo engenheiro Adailton Lehrer. Com cerca de 300 metros quadrados, o local conta com salas já reservadas para estudos e pesquisas.
Em justificativa, na época, Alzira tinha a vontade de homenagear um de seus onze irmãos, o professor Aniz Domingos (in memorian), que dispunha de um acervo particular. O professor faleceu em 1994.
O prédio será administrado pela Secretaria de Cultura de União da Vitória, conforme determinação judicial. “Avançamos muito na infraestrutura desse prédio. Foi um trabalho de persistência e influência política. A intenção é de que todas as exposições itinerantes que acontecem em outros museus também aconteçam aqui. Teremos também vários projetos na área cultural”.
Durante a inauguração foi realizado também o lançamento da obra “Amor e dor – uma história de vida” da escritora Anilda Zeizer.
Alzira Domingos
Ela foi persistente e sempre esteve, ora na prefeitura de União da Vitória, ora no prédio do Museu, na área central. Alzira Domingos faleceu no dia 07 de janeiro deste ano, aos 93 anos. De família tradicional do Vale do Iguaçu, foi apontada como entusiasta da Cultura e das Artes.
Amor e Dor: Anilda Zeizer Waismann relata, em livro, rotina de agressões
Anilda é uma sobrevivente de violência doméstica. Quem a encontra hoje nem imagina a dor que ela passou. Se transformou em uma senhora elegante, com roupas e maquiagem de bom gosto, de sorrisos e abraços amigáveis e aventureira – quer conhecer o mundo viajando. “Quando lembro de certos episódios relacionados às histórias de minha vida percebo que as pessoas que me ouviam eram impotentes diante daqueles fatos vivenciados por mim e minha família. Por outro lado, há surpresas com algo que sequer podiam imaginar que acontecesse. Eu vivi, juntamente com meus filhos, todos os tipos de agressões. Mas muito disso sempre foi mascarado”, diz.
Anilda virou a página de sua vida, porém encheu o peito e revelou a sociedade o drama em que viveu. No domingo, 27, às 10h30, a escritora reunirá familiares, amigos e convidados para o lançamento do seu primeiro livro Amor e Dor, uma história de vida. O evento acontece juntamente com a inauguração do Museu Histórico e a Biblioteca Professor Aniz Domingos em União da Vitória. Ambos os eventos fazem parte da programação da comemoração dos 132 anos de União da Vitória intitulada “Terra de Caminhos, onde a história da cidade se encontra com a sua!”.
Marli A. Boldori, membro da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), foi a principal incentivadora e colaboradora para o lançamento do livro de Anilda, além de ser sua grande amiga. A obra relata em 133 páginas a história de uma mãe leal, corajosa, mas que por vezes se sentiu impotente. “Ninguém estava com você quando a água do chuveiro se misturava com as suas lágrimas de dor, ou quando o travesseiro era testemunha dos seus soluços implorando por socorro. Portanto você não tem que provar nada a ninguém, somente à si mesma o quanto é forte e capaz de renascer quantas vezes preciso for, de suas próprias cinzas!”, cita no livro Anilda a frase de Jéssica Machado e, que segundo ela, muito impacta na sua vida.
O livro inicia a sua narrativa em 19 de agosto de 1950 quando nascia em União da Vitória a Anilda, uma menina faceira e cheia de sonhos. Ela trabalhou como balconista na Fármacia União em Porto União, foi caixa escriturária na empresa Arthur Lundgren Tecidos S.A e funcionária pública na Secretaria de Educação no Paraná. É viúva, tem dois filhos, genro, nora e neto.
Atualmente, além das viagens e com o zelo pessoal, ela é voluntária em eventos da Catedral em União da Vitória e no Instituto Palazzolo. “Minha amiga Anilda, mulher de sorriso acolhedor, batalhadora, extremamente competente no que se propõe a fazer, dona da melhor receita de cuca de morango. Para muitos desconhecida, mas dona de uma história corriqueira na vida de nossa sociedade, com a história de um marido alcoólatra, uma história de dor, de anulação, de agressões, como tantas que vemos diariamente nos noticiários policiais. O que leva tantas mulheres a sofrerem caladas?”, questiona o prefeito de União da Vitória, Bachir Abbas.
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