Adriana Baldissarelli para ADI/SC e APJ/SC
Florianópolis – A Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina apresentou na quarta-feira (27) a quarta edição do Voz Única, levantamento das principais necessidades de infraestrutura, educação, saúde e segurança para o desenvolvimento de Santa Catarina. O presidente da Facisc, Sérgio Rodrigues Alves, deu voz aos vice-presidentes (VPs) regionais para apresentar as prioridades.
No setor rodoviário, há pleitos transversais como a conclusão do contorno viário de Florianópolis e duplicação da BR-282 que integram as prioridades das regionais da Grande Florianópolis, Serra e de todo o Oeste. Da mesma forma, nova ligação em via paralela, como prevê o plano do governo do Estado, ou quadruplicação da BR-101, como recomenda o Voz Única, apontam a prioridade para nova conexão entre Biguaçu e Joinville. Também a conclusão dos trechos de duplicação da BR-470 até a BR-116, priorizando ao acesso aos municípios. “Precisamos tirar esse assunto do nosso radar”, desabafou o VP da regional Alto Vale, Maicon Luiz.
A desestatização dos portos de Imbituba e São Francisco do Sul, para que se tornem mais ágeis, também é demanda recorrente. Rinaldo Luiz De Araujo, VP do Vale do Itajaí, apontou que os portos movimentaram 1,2 milhão de contêineres no ano passado. Segundo ele, Navegantes operou em 15 anos o que o Porto de Itajaí levou 100 anos para movimentar.
Também é transversal a necessidade de implantação de conexões ferroviárias ligando o Estado à malha nacional e o ensino médio profissionalizante público e de qualidade.
Na Grande Florianópolis, o problema viário, comentou o VP Odílio Guarezi, é agravado pela falta de transporte público de qualidade, incluindo a ausência do transporte marítimo de passageiros. Pelo menos, destacou, a segurança pública deixou a pauta de demandas emergenciais. Também o Alto Vale concordou que a região passa por ciclo de tranquilidade com relação à segurança, por isso recomenda o investimento em tecnologia para as forças policiais. A terceirização de equipamentos como o Centreventos de Canasvieiras e alfandegamento de transatlânticos em Porto Belo também estão entre as prioridades do empresariado para destravar os processos econômicos na área do turismo.
Pedro Kuzniecow, VP do Sul, destacou a necessidade de implantação de terminal de cargas no Aeroporto de Jaguaruna e melhoria na infraestrutura de vôos comerciais. A ligação da ferrovia Tereza Cristina na malha nacional, via Serra Catarinense, e a recuperação do complexo lagunar. “Estamos de frente para o mar e de costas para a lagoa que é linda e está morrendo”, alertou ele.
Ubirajara Pickler, VP do Extremo Sul mencionou a finalização da BR-285 que liga Santa Catarina ao Rio Grande do Sul, por São José dos Ausentes, e permitirá conectar o Porto de Imbituba ao Chile.
O VP do Norte, Alcidir Boaretto, disse que dos 113 pleitos da região a absoluta maioria é de infraestrutura, como a aceleração das obras de duplicação da BR-280, de São Francisco a Corupá, a rodovia paralela ou quadruplicação da 101 de Garuva a Florianópolis para desafogar o tráfego de veículos automotores.
O Planalto Norte, informou o VP Antônio Carlos Tiburske, reclama a aceleração das obras da 280 entre Corupá e Porto União e a revitalização total da Serra Dona Francisca. A região recolheu 214 pleitos, o maior número absoluto entre as regionais, e coloca entre as prioridades a ampliação da telefonia e a implantação da tecnologia 5G.
Allan Kreutz, do Programa Empreender, apresentou as demandas do Oeste, Extremo Oeste e Noroeste que são principalmente para superar as dificuldades de locomoção da Argentina ao Litoral Catarinense e para conectar a produção à malha ferroviária do Centro Oeste brasileiro. Ele destacou que as associações comerciais cotizaram-se com em R$ 100 mil para, com outras entidades, bancar o estudo de viabilidade técnica da Nova Ferroeste, que liga Chapecó a Cascavel, no Paraná. A região também demanda programas para dar condições de moradia ao grande número de imigrantes.
Jeferson Argentou, da Associação Comercial e Industrial de Fraiburgo, ao apresentar os pleitos do Meio Oeste, avançou para a proposta de privatização das rodovias federais BRs 470, 282 e 153 e para melhorias no sistema de abastecimento de energia elétrica. Ele lembrou de apagão a que a região foi submetida durante quatro dias e a necessidade de rede trifásica nas propriedades rurais.
Carlos Eduardo de Liz, presidente e da Associação Comercial e Industrial de Lages, destacou que a Serra, recuperada do hiato econômico dos anos 60, com a proibição do corte de araucária, enfrenta dificuldades com interpretação do Código Florestal Brasileiro que restringe o uso agrícola em altitudes superiores a 600 metros.
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ENTREVISTA SÉRGIO RODRIGUES ALVES
“A cereja do bolo será monitorar os pleitos depois da eleição”
São mais de 700 indicações de ações aos políticos, é isso?
Levantamos 744 pleitos em todo o Estado. São 12 regiões e muitos pleitos são transversais. Então elegemos 60, cinco por região, para fazer o monitoramento. Essa será a cereja do bolo do Voz Única 2022: fazer o monitoramento para acompanhar a evolução depois da eleição. Os dois grandes eixos sempre não na área de infraestrutura, principalmente infraestrutura rodoviária, e na saúde. Isso não quer dizer que não existam pleitos na área de segurança, educação, saneamento, meio ambiente. Nossos dois principais eixos de circulação da economia são a BR-470 e a BR-282 que traz a toda a produção do agronegócio para os portos e para outros estados. Na área da saúde, a necessidade de investimento em mais leitos, mais exames de alta complexidade nas regiões para se evitar a famosa ambulancioterapia.
Qual o foco da Agenda 2030?
A partir da agenda 2030, os objetivos focam no desenvolvimento sustentável da própria economia. Hoje se fala muito na descarbonização da indústria, em todas as áreas de saneamento, esses compromissos são contemplados no nosso trabalho.
O empresariado nesta eleição vai tender a ser mais ideológico ou pragmático?
Há uma mudança muito importante no perfil do eleitor. O eleitor está cansado de falsas promessas, quer soluções _ e com razão. Está mais politizado. Chegamos a um certo limite de tolerância em relação ao que está acontecendo. Basta ver a situação das estradas. Queremos resultados concretos. Felizmente, o empresário de Santa Catarina é altamente eficiente. A economia catarinense é eficiente, mas precisamos criar mais condições de crescimento. A situação para que se desenvolva a economia é dar escoamento à produção. Tenho procurado recomendar aos futuros representantes políticos que escutem cada vez mais a classe produtiva. Porque é a fonte de riqueza do nosso Estado. Sem dúvida as reclamações são muito procedentes e preocupantes. Em relação à carga tributária, à infraestrutura, à burocratização, a demora de licenças. Nesse sentido estamos nos propondo a contribuir, não somos donos da razão, longe disso, não queremos mérito, queremos que a sociedade seja contemplada com o que ela tem de direito e merece ter.