Paciente de Hospital Infantil Joana de Gusmão vence morte súbita

Menino de 7 anos ainda passou por uma cirurgia rara

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Atualizado há 2 anos

A vitória sobre a morte súbita. Essa é a história rara de Israel Martins Lourenço, 7 anos, morador de Palhoça, que nesta quarta-feira, 26 de abril, passou por cirurgia no Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG), em Florianópolis, para colocação de um cardiodesfibrilador implantável (CDI). O aparelho, não padronizado pelo SUS, foi adquirido pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) ao valor de R$ 90 mil, após determinação do governador Jorginho Mello e da secretária de Estado da Saúde, Carmen Zanotto, sensibilizados com a raridade do motivo que levou o menino ao HIJG em 14 de março.

Israel estava na escola quando passou pelo evento de morte súbita abortada por arritmia extremamente grave. O professor de Educação Física, ao ver que o menino desmaiado e sem pulsação, iniciou massagem cardíaca. “Era a pessoa certa no lugar certo. Depois, um segurança chegou e fez respiração boca a boca. Israel acordou bem, sem sequelas, o que foi muito raro”, conta a médica chefe da Cardiologia do HIJG, Marcia Mallmann Cappellari. O nome morte súbita abortada vem do fato de alguém ter conseguido fazer a ressuscitação a tempo.

Foto: Ricardo Trida/Secom

Antes da ocorrência, segundo a mãe, Débora Martins Lourenço, o menino nunca tinha apresentado nenhum tipo de problema cardíaco e era saudável. “No hospital, ficamos sabendo do diagnóstico, que era Síndrome do QT Longo. Ficamos 42 dias aqui, passando por exames, e agora tivemos mais uma vitória, que foi a cirurgia. Deu tudo certo e logo ele estará em casa, vivendo uma vida normal de criança, como ele sempre teve. Sou grata porque Deus dá a sabedoria para os médicos mostrarem a solução. Deus deu ao meu filho uma nova chance, ele superou a morte”, enfatiza a mãe.

Foi a primeira vez, em 30 anos de registros médicos em prontuários do HIJG, que a doença rara de Israel foi diagnosticada em um paciente.

A Síndrome do QT Longo, explica a cardiologista, é um problema complexo dentro do coração, diagnosticado com exame de eletrocardiograma. “O nome da síndrome vem do fato de que podemos ver o intervalo QT do eletrocardiograma alargado. Quanto mais alargado, pior as consequências. Nos preocupamos tanto com a Síndrome do QT Longo em crianças porque é uma síndrome muito relacionada à morte súbita. Existem outros tipos de manifestações da doença, como palpitações, convulsões e a síncope, que é o desmaio”, descreve.

Foto: Ricardo Trida/Secom

O aparelho

Gustavo Galli Reis, cardiologista, supervisor da técnica na região Sul do país, veio ao HIJG especialmente para a cirurgia. “O aparelho implantado serve para reverter algumas arritmias graves que levam à parada cardíaca. É uma tecnologia nova com a qual não precisamos colocar nenhum tipo de dispositivo dentro do coração e nem dentro das veias. Tudo é implantado por fora na caixa torácica e o paciente fica protegido do mesmo jeito. Se o paciente tiver uma arritmia grave, o aparelho é capaz de reverter a parada cardíaca”, esclarece o médico.

O CDI é composto por gerador de pulsos e eletrodos que monitoram o coração por 24 horas, emitindo impulso elétrico em caso de parada cardíaca. Por tratar-se de uma paciente muito jovem, o uso do material fornecido pelo SUS acarretaria várias substituições no decorrer da vida, o que não acontecerá com o aparelho adquirido pelo Estado e implantado em Israel. “Ele vai precisar fazer acompanhamento a cada seis meses e trocar o aparelho depois de seis anos”, informa Márcia.

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