A tarde de sábado, 8 de julho, entrou para a nossa história como o “dia do quase”. Todos lamentamos, não há dúvida. Foi num detalhe, aos 46min da etapa final partida diante do Andraus que a possibilidade de disputar nas penalidades a primeira divisão 2024 escapou das garras da Pantera do Vale. Coisas do jogo. Que o diga o Patriotas, líder invicto da competição que caiu ontem (9) nos pênaltis diante do PSTC, equipe que ao início da última rodada classificatória estava em 6º, fora do G4.
Conscientemente, identificamos o que é preciso evoluir por aqui. É justamente nesse “olhar para trás” diante de uma não ida (talvez precoce) à primeira divisão que filtramos os prós e contras e traçamos novas metas.
Particularmente (aqui não escrevo em nome da diretoria), insisto que é preciso focar naquilo que ainda nos falta – no “que está errado” – fora do campo antes de imaginarmos uma primeira divisão, sem deixar de lado a tamanha evolução deste projeto já alcançou.
Nisto, nos pontos “negativos”, uma vez que os reconheçamos, entendo que são os que nos farão evoluir uma vez corrigidos. É o que eu digo para os meus alunos de música: o exercício que te fará crescer é aquele que ainda precisas superar. Ou seja. É desafiador, às vezes decepcionante e desanimador, parece até um obstáculo intransponível, mas uma hora passa se persistirmos com esperança.
Já os pontos positivos sobram nesta crescente importante dentro da honrosa e dificílima segunda divisão do paranaense. Desde que vencemos a terceirinha em 2020, por duas vezes quase chegamos ao quadrangular final. Em 2023, quando nas primeiras rodadas muitos falavam em perigo de rebaixamento, chegamos às semis mesmo com as limitações naturais deste projeto que são impostas pela realidade em nossa região e o histórico recente do clube que apanhamos destruído – e com com gigantescas dívidas, já superadas. Viu!?
Coisa que poucos conseguem enxergar – e muito menos reconhecer – das arquibancadas. Faz parte. Mas, fomos às semifinais e só caímos em detalhes já anotados. E em tempo: seria uma covardia tal qual uma pedrada atribuir isso [a desclassificação] de modo isolado a alguém. Principalmente quando esse um certo alguém foi de campanha irretocável e que por vezes nos salvou de algo ainda pior.
Por isso, nesta crônica, não cito nomes, pois é hora de termos um só: Iguaçu. Saibamos, então, reconhecer na prática, em nossas condutas: para que um vença, outro precisa perder. Estamos, pois, falando de esporte.
Saibamos reconhecer que por aqui passaram profissionais de alta estirpe em 2023. Jogadores que em sua individualidade, dentro e fora dos gramados, fizeram valer todo o processo da temporada. Honraram e jogaram com garra e amor à camisa.
Algo só possível às contribuições da cada patrocinador e torcedor, pelo que aqui, neste parágrafo, agora sim escrevendo em nome da diretoria, agradeço profundamente.
De novo, escrevendo de modo particular, defendo que a maior conquista do Iguaçu e que ninguém tasca é essa: um recriado e evolutivo clube de tradição, com torcida real, com gordura midiática incomparável mesmo numa segundona e com suas coisas amadurecendo em seu devido tempo. Sem apressar.
O trabalho com vistas a 2024 já começou ontem mesmo, domingo, um dia após a sofrida eliminação com a lavação da roupa suja na lavanderia Iguaçu.
Nisso, no que é permitido raciocinar em público, além de reconhecer esta inegável evolução que o projeto local tem apresentado é preciso frieza para analisar se, de fato, era mesmo hora de subir. Estamos todos prontos realmente?
Pense com carinho e serenidade se teríamos condições plenas de subir sem riscos de já cair em 2024. Até poderia, somos diferenciados. Mas, vide o poderoso Foz do Iguaçu. Subiu e caiu e será, ao lado de Paraná Clube e Rio Branco, juntamente dos que permanecem e ainda subirão da terceirinha, nosso adversário ano que vem na honrosa e difícil segundona.
Pesar se além das evoluções que são naturalmente cobradas da diretoria (que continua de portas abertas para receber, além das criticas, adesões de novos colaboradores), do time em si, não precisamos também de outras que passam literalmente por nossas arquibancadas. Está tudo pronto realmente? Tempo ao tempo.
Fecho apagando as reticências da crônica que provoquei aqui na metade da competição. Hoje, ao final desta, podemos dizer que o Iguaçu é o time da esperança. Se a perdermos, perdemos o desenvolvimento do esporte e de nossas vidas em torno desta tradição indescritível que a todos une em volta do alambrado.
Vamos, Iguaçu. Você é gigante!
Marcelo Storck é jornalista, Diretor de Comunicação do AA Iguaçu e Chefe do Escritório Regional de Esportes de União da Vitória