Por Mariana Honesko
No céu, o efeito dura dois ou três minutos. De longe é possível ver criações inusitadas à cem ou 200 metros de altura. Buquê de rosas, flores e raios nascem da combinação de pólvora, fogo e inovações propostas pelas fabricantes. Todos os anos, a indústria dos fogos de artifício lança novos produtos. Nas prateleiras, eles agradam pelo resultado e preço. Com menos de R$ 1,50 já é possível brindar à chegada do Ano Novo. Os famosos “estalinhos”, populares entre as crianças, custam poucas moedas. Para os fãs de estrutura, as baterias podem custar entre R$ 600 e R$ 1 mil.
Na virada do ano, vale tudo para deixar para trás o que não se quer mais e torcer pelo que ainda não veio. “Eu sempre compro. Faço isso para comemorar o novo ano e também para alegrar as crianças. Elas adoram”, sorri o contabilista Marcelo Braum, um dos muitos que ontem estiveram nos balcões de atendimento da Casa do Bronze, em Porto União, na procura pelos fogos. O estabelecimento é um dos poucos credenciados para a comercialização do produto. Pelo histórico – desde a década de 80 oferece os fogos – virou romaria: o entra e sai de consumidores em busca do produto é grande. “Tanto que neste ano vamos trabalhar com senhas”, revela o proprietário da casa, Léo Hoffmann Junior.
O empresário está acostumado com a venda. Há quem procure por novidades, há
quem todos os anos saia da loja com o mesmo produto. O que não muda, garante, é a noção de manuseio exigida pelos funcionários de quem está do outro lado do balcão. “A gente sempre pergunta se é a primeira vez que a pessoa está comprando e tenta explicar com jeito algumas orientações básicas”, diz. Tanto tato tem explicação: o número de acidentes com os explosivos não diminui e o acesso de crianças com o produto coloca em xeque as festas de final de ano. O Corpo de Bombeiros de Porto União confirma o histórico. “Geralmente nesta época temos alguns acidentes registrados. As vezes eles ocorrem com gravidade. Os de fabricação caseira são mais perigosos e tem dado problema”, afirma o cabo Osmar Kieutika.
Por isso, os efeitos do desastre na Boate Kiss, no Rio Grande do Sul, chegaram às Cidades Irmãs. Os Bombeiros trabalham com mais intensidade na fiscalização dos lugares que comercializam o produto. Na Casa do Bronze, por exemplo, as exigências fizeram aumentar o número de extintores – hoje são 17 em todo a loja –, instalar detectores de fumaça e construir um anexo para reunir todo o estoque de fogos. O lugar fica isolado por portas anti-chamas. As da Casa do Bronze foram feitas pela empresa do técnico em segurança do trabalho, Bruno Stafin. Seu estabelecimento, no Bairro São Pedro, também reflete o que ocorreu no Sul. “O trabalho aumentou em 100% desde o incidente na boate”, comenta.
Mais do que iniciativas protetoras, a venda dos explosivos obedece uma classificação própria. Ela vai de “A” à “D”, onde as letras representam a potência e legalidade de venda. “As de “A”, por exemplo, são de venda livre, mas com recomendação para adultos”, lembra Hoffmann. Na região, os modelos “12 x 1”, o “treme terra” e as varinhas com ritos lideram a lista dos preferidos.
Para não ficar “fora da casinha”
Quem tem cachorro de estimação vai precisar se organizar bem para deixar confortável o animal. Dono de uma audição bem melhor que a dos humanos, o cachorro é sensível ao som alto. Alguns temem raios e especialmente, a queima de fogos. Na virada do ano, algumas dicas podem acalmar o bichinho. “O cachorros tem que ficar perto do dono, com luz acessa. Se o animal tem problema com nervosismo ou convulsão, tem que dar um medicamento para ele dormir”, recomenda o médico veterinário Germano Oscar Hochstein.
Em casos mais sérios, quando o estouro ocorre muito próximo, o animal pode ficar surdo. O uso de algodão nos ouvidos não é sugerido, antes, faixas, como as usadas nos ferimentos, para tampar os dois ouvidos. “Mas não resolve muito. Ele vai dar um jeito de tirar”, afirma o médico. Não há registro de outros animais que temam tanto o barulho.
Entre os cães, há os “privilegiados”, como os de raça pura, que não sentem o efeito com intensidade. A virada do ano, para quem tem animal em casa, terá companhia.