Coluna Pelo Estado Entrevista Edson Moritz, Presidente da Casan

“A Casan não pode mais ser vista como uma empresa lenta e analógica em um mundo cada vez mais ágil e digital”

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Atualizado há 10 meses

Edson Moritz assumiu a presidência da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) em um momento delicado da estatal. Logo em seguida, o rompimento de um reservatório de água entregou a Edson o primeiro dos grandes desafios que viria a enfrentar no cargo. Hoje, pouco mais de cinco meses após iniciar sua gestão, ele fala sobre os progressos que tem feito e os projetos para este ano de 2024. Confira:

 

Pelo Estado – Qual balanço que o senhor faz do ano de 2023 para a CASAN?

Edson Moritz – Nós na CASAN vemos 2023 como um ano de alertas, mas também de oportunidades e cumprimento de metas para avançar no saneamento de qualidade no Estado. Pessoalmente falando, surgiram grandes desafios em menos de duas semanas na presidência da Companhia, com o rompimento do reservatório do Monte Cristo, em 6 de setembro. Essa tragédia serviu para que fortalecêssemos a nossa união como Companhia no atendimento com humanidade às famílias. Também apontou a necessidade de passar a limpo os nossos procedimentos, para que a CASAN possa ter uma gestão mais moderna e segura de suas estruturas e recursos. O ano de 2023 também ficará marcado por boas notícias nos nossos serviços. Neste ano, as nossas estações de tratamento impediram o descarte de mais de 168 milhões de litros de esgoto no meio ambiente em relação ao mesmo período de 2022. Na mesma linha, dois novos Sistemas de Esgotamento Sanitário (SES) foram inaugurados: o SES de Balneário Barra do Sul em agosto, e o esperado SES Ingleses-Santinho, em Florianópolis, em novembro. Também avançamos nas reservas de água, com mais 48 milhões de litros distribuídos em 124 novos reservatórios no estado.

PE – E quais os planos para 2024?

EM – Em 2024 pretendemos prosseguir as nossas obras e perseguir a meta dos 50% de cobertura de tratamento de esgoto no estado. Nossa próxima inauguração prevista para fevereiro é a da Estação de Tratamento de Esgoto do João Paulo, em Florianópolis, que vai aumentar em 3,6% a cobertura da capital. Ainda na Ilha, temos a obra de ampliação da ETE Insular e a retomada da obra da ETE Campeche, para o tratamento da região Sul da Ilha. Outra obra de grande importância no setor de esgoto é a da nova ETE Potecas em São José, que será inaugurada no segundo semestre e terá capacidade para atender mais 300 mil pessoas na primeira fase de operação. Para ela, estão também garantidos 280 milhões em debêntures. Atualmente, a CASAN também está com processo de implantação de Sistema de Esgotamento Sanitário em municípios como Catanduvas, Coronel Freitas, Curitibanos, Itá, Ipira-Piratuba, Mafra, Santo Amaro da Imperatriz, São Lourenço do Oeste, Xaxim e Xanxerê. No setor de água, a Companhia pretende avançar naquela que é a sua maior obra em andamento: a macroadutora do Rio Chapecozinho. A obra vai reforçar o abastecimento de Bom Jesus, Chapecó, Cordilheira Alta, Coronel Freitas, Xanxerê e Xaxim e tem investimento total de R$ 402 milhões. Outro importante investimento da Companhia no setor diz respeito aos reservatórios. Está prevista a instalação de 107 novos reservatórios (62 de aço inoxidável, 41 de aço vitrificado e 4 de concreto) totalizando aproximadamente mais 40 milhões de litros reservados.

PE – Logo que o senhor assumiu, o governador Jorginho Mello lhe deu a missão de mudar a imagem da Casan, que estava um pouco desgastada pelo Estado. Na sua opinião, a missão já está cumprida ou em andamento?

 EM – Essa missão, que chamamos de “reinventar” a CASAN, segue em andamento em 2024. A Companhia não pode mais ser vista como uma empresa lenta e analógica em um mundo cada vez mais ágil e digital. Conforme alinhado com o Governador Jorginho Mello, um de nossos principais objetivos na gestão é fazer uma mudança de cultura corporativa, que atravessa nosso modelo de negócio e nossas ações estratégicas e operacionais. Para isso, estamos buscando uma maior eficiência tecnológica nas nossas métricas e no gerenciamento dos recursos. No cenário que temos hoje, a única certeza é a mudança constante, e temos muito claro na CASAN que entender isso é imperativo para continuar evoluindo.


“A Casan não pode mais ser vista como uma empresa lenta e analógica em um mundo cada vez mais ágil e digital”


PE – Quais ações foram tomadas neste sentido?

 EM – O primeiro passo foi melhorar a nossa relação com os usuários no mundo digital. Para isso, implantamos em 2023 o número de serviço 115, como um novo canal de contato mais simplificado para dúvidas, denúncias e pedidos. Outra importante iniciativa foi o Portal de Pagamentos Online, com a possibilidade de quitação de faturas via cartão de crédito, débito em conta ou Pix. Mais de R$ 2,6 milhões foram pagos utilizando esse novo método, que inclui também a instalação de maquininhas em agências da CASAN pelo estado. Outra ação digna de nota como forma de transparência é a revisão completa de todas as estruturas da CASAN, sobretudo após o incidente do reservatório no Monte Cristo. Essa revisão continuará ao longo de 2024 e os resultados dessas vistorias serão todos sistematizados como forma de garantir a segurança das nossas instalações, interna e externamente.

PE – No início da sua gestão, houve uma tragédia com o rompimento de um reservatório em Florianópolis. Logo, a CASAN tomou providências para minimizar os danos causados. É possível nos atualizar de como estão as negociações com as famílias e como foi este processo?

 EM – O processo do reservatório do Monte Cristo foi para mim o momento chave em que tive a dimensão da responsabilidade que é estar à frente da CASAN. Desde a primeira hora em que houve o rompimento eu estive acompanhando in loco a situação. Reitero que ninguém me contou, eu mesmo vi tudo o que aconteceu e pedi desculpas pessoalmente a todos os moradores, mesmo se tratando de um contexto praticamente indesculpável. Da mesma forma, posso dizer que foi também a partir desse incidente que pude constatar a capacidade extraordinária dos nossos colaboradores, que honraram o nome de servidores públicos. Isso foi sentido sobretudo na assistência aos moradores da Comunidade do Sapé com a limpeza de ruas, as refeições, as doações e o pagamento das indenizações. Seguimos a orientação do governador Jorginho Mello de garantir humanidade, pagando em 85 dias as indenizações para todas as vítimas. A CASAN também vai se manter disponível em 2024 para colaborar com todas as instituições em busca do esclarecimento do colapso do reservatório e da pronta apuração das responsabilidades.

PE – Como foi a preparação da CASAN para a Operação Verão, que está em andamento no Estado?

EM – O planejamento para a Estação Verão iniciou já no fim da temporada passada em março, com reuniões periódicas nas quatro Superintendências. Para reforçar o abastecimento e o saneamento, a CASAN investiu R$ 40 milhões diretamente na região litorânea. Só no litoral, foram 10,1 milhões de litros de água reservada a mais em relação à 2022. Esse acréscimo, junto com as melhorias na rede e nas ETAs, garantiu que a capacidade de atendimento superasse em 10% a temporada anterior. No setor de esgoto, são exemplos de nossas ações as já citadas entregas do SES Balneário Barra do Sul e do Ingleses-Santinho em Florianópolis e as ampliações de rede coletora em Balneário Piçarras.

PE – Pode nos dar mais detalhes sobre como ela está sendo desenvolvida no Estado?

EM – Todas as equipes das cidades litorâneas atendidas pela Companhia estão mobilizadas para garantir o pronto atendimento nos setores de água e esgoto, com reforços em escalas. Verifiquei pessoalmente a mobilização nos municípios. Um bom exemplo para entender isso é o caso de Florianópolis, o maior município onde a CASAN atua e o que mais recebe turistas na Estação. Na capital, são 130 profissionais envolvidos para atender ocorrências emergenciais, sobretudo nas zonas próximas às praias. Também foram mobilizados três novos caminhões limpa-fossa no Norte e Sul da ilha de dezembro a março para levar o esgoto às estações. Foi dada também atenção especial à área do Rio do Brás, historicamente afetada na questão da balneabilidade, com a instalação de um contêiner de orientação aos moradores sobre a importância da ligação correta à rede coletora. Para provar que um trabalho preventivo surte efeito, no ponto 22 do trapiche o relatório do IMA registrou condição própria de balneabilidade naquele trecho da Praia de Canasvieiras.

PE – Para finalizar, quais são os principais desafios para este ano que está iniciando?

EM – O maior desafio da CASAN em 2024 é continuar seu processo de modernização, buscando melhorar a performance. A Companhia não pode estar alheia às demandas do mundo atual e especialmente à necessidade de infraestrutura que um estado como Santa Catarina precisa. Isso é o mínimo que se espera de uma Companhia que opera 194 municípios e que não pode parar de avançar na sua prestação de serviços.


Produção e edição: ADI/SC – Jornalista Celina Sales com colaboração de Cláudia Carpes.

Contato peloestado@gmail.com

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