Aranha marrom: Pequenas, mas perigosas

Elas têm hábitos noturnos e são a maioria em casos registrados com animais peçonhentos na região

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Atualizado há 11 anos

A aranha marrom mede em torno de 4 centímetros de diâmetro quando adulta (Fotos: Bruna Kobus/Jornal O Comércio)
A aranha marrom mede em torno de 4 centímetros de diâmetro quando adulta (Fotos: Bruna Kobus/Jornal O Comércio)

Elas ficam escondidas dentro da roupa, no meio da toalha de banho, dentro de sapatos e até mesmo debaixo do seu cobertor. Você raramente as enxerga, mas elas estão lá. Não que estejam à espreita para o ataque. De acordo Wagner de Moura Santos, um dos chefes da Vigilância Sanitária de União da Vitória, as Loxosceles, aranhas marrons, não picam se não se sentirem ameaçadas. “É só não mexer com elas”, brinca.

Porém o perigo é eminente, pois a pessoa não sente quando é picada, ao contrário das aranhas armadeiras. Estas pulam e a picada dói. “A aranha armadeira sim, ela pula em você e sua picada é absolutamente dolorosa. O que há uma total diferença entre uma picada de uma armadeira para uma Loxosceles, porque a pessoa sempre vai parar no pronto socorro pela dor que ela causa”, explica a Infectologista, Suzanne Pereira.

Suzanne lista as duas aranhas como as que mais causam acidentes na região.

Wagner de Moura
Wagner de Moura Santos

Só no ano passado, dos 91 casos de picadas de aranhas registrados nos postos de saúde de Porto União, 69 eram de aranha marrom e 18 de armadeira. Em União da Vitória a situação não muda, 69 pessoas foram picadas pela Loxosceles. “O problema é que a pessoa quase nunca vê a aranha”, conta Wagner.

Segundo ele, uma pesquisa realizada com pessoas que sofreram algum tipo de acidente Loxoscélico entre 1980 e 1990, apenas 3% conseguiram ver o bichinho no momento da picada. “Se você vê, geralmente é depois que ela já está morta, porque você a esmagou quando vestiu uma calça, ou se secou com a toalha de banho, e aí ela caiu no chão”, comenta Suzanne.

Mas, Saul Duilio Bona de 75 anos faz parte dos que não enxergaram a aranha marrom. Ele foi picado antes do Natal e só percebeu que alguma coisa estava errada com sua perna depois de quatro dias. “No meu trabalho é meio apertado e às vezes eu me bato, então achei que tivesse me machucado em alguma caixa, mas aquela pequena batida ao invés de sarar começou a queimar, arder, e quando percebi já estava tudo vermelho”, conta.

Saul demorou para procurar um atendimento médico, e quando o fez já estava um pouco tarde. “A coxa ficou tomada por uma bolha de água. Parecia que eu tinha derramado uma chaleira de água quente em cima”, compara.

Suzanne Pereria, Infectologista
Suzanne Pereria, Infectologista

Para a Infectologista Suzanne o “pulo do gato” é vigiar o local da lesão. “Nem sempre a pessoa vai procurar ajuda no período adequado. Porque depende da quantidade de veneno injetada na pessoa durante a picada para que haja alguns sintomas.”

“Eu estou dormindo, por exemplo, uma aranha marrom me pica, eu vou continuar dormindo, porque não vou sentir nada. Então durante 24 horas o veneno dela vai se espalhar, a lesão vai evoluir, e às vezes 6, 12 ou 24 horas depois da picada você vai sentir um inchaço e uma leve coceira no local.” explica Suzanne.

A Infectologista ainda orienta que se a região que ficar avermelhada aumentar, aparecer algum ponto preto e bolhas, o médico vai ter de ser consultado. “Aí sim um soro antiloxoscélico – para picada de aranha marrom, vai ter de ser aplicado para parar com a proteólise, a dissolução da proteína, ou seja a necrose.”

Os casos de necrose são comuns quando a pessoa não toma o soro e não procura atendimento especializado. Contudo a picada só pode levar à morte, se a pessoa tiver alergia ao veneno da Loxosceles. “É uma reação anafilática, ou seja, uma reação de alergia plena, aquela reação de pessoas que são alérgicas à camarão, que fica toda embolada, se coçando e faz, o que realmente pode levar à morte, que é o edema de glote, quando a pessoa fica sem respirar.”

Nesses casos a intervenção com adrenalina subcutânea é necessária, de acordo com Suzanne.

A aranha marrom é comum no Sul do Brasil, principalmente em épocas quentes. Cidades como Curitiba, Irati, Ponta Grossa, Guarapuava, Pato Branco, Jacarezinho e União da Vitória registram casos com animais peçonhentos, em especial com aranha marrom, com maior frequência.

Acompanhe o secretário de Saúde de Porto União, Jair Giraldi sobre os casos de ataques com animais peçonhentos:

Quando a pessoa for picada deve ir à um Pronto Atendimento e a aplicação do soro “anti aranha” é gratuito.

aranha-marrom (5)Você tem de saber!

Cuidados

Os cuidados são aqueles, bem antigos, que até caracterizam o paranaense: bater com a ponta do sapato no chão para ver se há alguma aranha;

Sempre verificar quando for vestir alguma roupa que estava guardada no guarda roupas, ou no cabide atrás da porta;

Bater o lençol;

Olhar embaixo do cobertor;

Chacoalhar a toalha de banho antes de se secar;