Por Mariana Honesko
A proposta da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa), aposta na redução do consumo de cigarros. Assim, ela lidera estudos que permitem alterar as embalagens dos maços. O ajuste deixaria padronizadas as caixas, o que montaria um perfil quase genérico aos cigarros. Com a exclusão das propagandas, a Anvisa acredita que os fumantes seriam menos atraídos ao consumo.
Mas, na prática, a reação de quem fuma é diferente. Para a comerciante Marinês de Fátima Zanatta Uberna, a mudança não faz qualquer diferença. “Não tem nada a ver, mas acho que deveriam colocar aquelas imagens fortes das carteiras de cigarro nas garrafas de pinga. Um acidente bem feio no litro, por exemplo”, sorri. Marinês fuma desde os 15 anos e não acredita na mudança de seu hábito a partir do corte de publicidade. Para os donos de estabelecimentos que vendem o produto, porém, a medida é encarada de outra maneira. “Acho válido. Já tive fregueses que até pararam de fumar por conta da foto que aparece atrás da embalagem”, aponta o também comerciante, Arnildo Vergutz, dono de uma lanchonete.
A ação que tenta a mudança liderada pela Anvisa faz parte de uma convenção da Organização Mundial da Saúde (OMS), para controle do tabaco. Desde 2012, a proposta está em prática na Austrália. Por lá, as imagens e alertas contra o tabagismo prevalecem nas caixas, que apresentam apenas um pequeno espaço reservado ao nome da marca dos produtos. Tornar as embalagens menos atraentes, segundo a Anvisa, pretende reduzir os índices de consumo. Hoje, cerca de 14% da população é tabagista, de acordo com o Ministério da Saúde.
Imagens antitabagistas
O governo brasileiro estabelece restrições aos derivados do tabaco desde 90. No que diz respeito à divulgação dos produtos, a primeira ação foi definida em julho de 1996, quando a legislação determinou o uso de advertências sobre os riscos do consumo. Em 2001, com a inclusão de imagens nas embalagens, o Brasil passou a ser o segundo país do mundo a usar a embalagem de cigarro como veículo de contrapropaganda ao fumo. Em 2000, o Canadá foi o primeiro a possuir uma legislação determinando a impressão de advertências.
As secretarias de Saúde nas Cidades Irmãs oferecem tratamento gratuito para quem tem interesse em parar de fumar. Em Porto União, inclusive, há até grupo de tabagismo, com participação média de 20 pessoas. Além disso, os órgãos cedem medicamentos, para controle de ansiedade, e adesivos de nicotina.
CIGARROS 01
Fumante desde a adolescência, Marinês não aposta na mudança de comportamento
CIGARROS 02
Arnildo Vergutz vê a mudança como incentivo para quem quer deixar o hábito