Devido às chuvas e enchentes dos últimos dias, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVE), vinculada à Superintendência de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde (SES), divulga orientações à população para prevenir doenças transmitidas pela água e alimentos contaminados, como a leptospirose, hepatite A e diarreia.
Leptospirose
O diretor de Vigilância Epidemiológica, Eduardo Macário, explica que depois do período de alagamento, quando as pessoas voltam para as suas casas, há mais chance de contaminação pela leptospirose. “É importante que todos se protejam com botas e luvas ao retirarem o lixo e a lama de suas casas, evitando o contato com a água ou lama de enchente”.
Os sintomas da leptospirose são parecidos com os da gripe, como febre, dor de cabeça e no corpo, tosse e dor na panturrilha. A doença é causada pela bactéria leptospira, presente na urina do rato, que penetra no corpo através da pele, principalmente por machucados ou feridas. Essas bactérias podem estar na água contaminada, nos alimentos e no solo. Cães, gatos e animais silvestres também podem transmitir a doença. Aqueles que tiveram contato com água ou lama de enchente devem estar atentos aos sintomas da doença por um período de até 45 dias após o contato.
Orientações para prevenir a leptospirose:
– Não utilize alimentos que tiveram contato com águas de enchente, alagamento, de fontes naturais ou poços;
– Ao retornarem para suas casas, os moradores devem se proteger com luvas e calçados fechados (se possível bota ou calçado impermeável), retirar toda lama das paredes, móveis e utensílios, e também o lixo do chão. Na ausência de botas, use sacos plásticos duplos para proteger os pés.
– Lave e desinfete todos os objetos que tiveram contato com águas de alagamento ou enchente;
– Trabalhadores expostos a locais de risco (esgoto, lixos, lavouras), devem usar botas e luvas.
Doenças de transmissão hídrica e alimentar
As inundações normalmente causam contaminação das redes públicas de abastecimento de água. Por conta do desabastecimento de água potável, muitas vezes a população utiliza água contaminada, expondo-se ao risco de diarreia. A gerente de Vigilância de Doenças Imunopreveníveis e Imunização da DIVE, Vanessa Vieira da Silva, recomenda que se faça uso somente de água clorada ou fervida para beber. Outros produtos a base de cloro, autorizados para o tratamento da água e registrados no Ministério da Saúde, poderão ser utilizados, observando-se atentamente as orientações contidas no rótulo do produto.
É importante lavar bem os alimentos crus (frutas, verduras e legumes) e deixar mergulhados por 30 minutos em uma solução preparada com duas gotas de hipoclorito de sódio a 2,5%, diluída em um litro de água tratada. Deve-se também higienizar as mãos antes do preparo de alimentos.
Doenças Respiratórias
As pessoas atingidas pelas enchentes são encaminhadas para abrigos provisórios como centros comunitários, escolas, salões paroquiais, etc. Estes ambientes normalmente possuem pouca ventilação, fazendo com que as pessoas tenham um contato mais íntimo e prolongado, facilitando a transmissão de doenças respiratórias. A principal medida de prevenção é a higiene das mãos com água e sabão ou álcool em gel, depois de tossir ou espirrar. Além disso, deve-se proteger a boca e o nariz com um lenço de papel descartável ou a dobra interna do cotovelo ao tossir ou espirrar.
Acidentes por animais peçonhentos
Os animais peçonhentos como serpentes, aranhas e escorpiões também ficam expostos e procuram abrigo em locais secos nos períodos de enchentes e em situações de alagamentos. Estes animais invadem as residências, aumentando o risco de acidentes.
Principais cuidados para evitar acidentes com animais peçonhentos:
– Entrar com cuidado na casa e observar atentamente a presença de animais peçonhentos;
– Bater os colchões antes de usar e sacudir cuidadosamente roupas, sapatos, toalhas e lençóis;
– Limpar o interior e os arredores da casa usando luvas, botas e calças compridas;
– Nunca coloque as mãos em buracos ou frestas. Use ferramentas como enxadas, cabos de vassoura e pedaços compridos de madeira para mexer nos móveis;
– Se encontrar animais peçonhentos dentro da residência, afaste-se lentamente sem assustá-los, e entre em contato com o centro de controle de zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde ou com o Corpo de Bombeiros;
– Não toque em animais peçonhentos, mesmo que pareçam estar mortos.
Orientações a serem seguidas em caso de mordedura de animais peçonhentos:
– O acidentado deve ficar deitado, em repouso, na medida do possível, evitando andar ou correr, para diminuir a absorção do veneno. Mantenha o membro picado mais elevado que o restante do corpo;
O acidentado deve ser levado imediatamente a um serviço de saúde. O tratamento deve ser sempre administrado por profissional habilitado e, de preferência, em ambiente hospitalar;
-NUNCA se deve chupar o local da picada. Não é possível retirar o veneno do corpo, que é absorvido pela corrente sanguínea;
– Não amarrar o braço ou a perna picada, pois dificulta a circulação do sangue, podendo produzir necrose ou gangrena;
– Não cortar o local da picada. Alguns venenos produzem hemorragia e o corte aumentará a perda de sangue;
– Não colocar folhas, querosene, pó de café, terra, fezes ou outras substâncias no local da picada, pois elas não impedem que o veneno vá para o sangue e podem provocar uma infecção.