Por Mariana Honesko
A quarta maior enchente já registrada nas Cidades Irmãs levantou novamente a possibilidade de solução para as cheias. Projetos iniciados ainda no início da década de 90, por exemplo, saíram da gaveta e outros, timidamente explorados, foram colocados em discussão. A discussão mais oficial é fruto da visita da presidente Dilma Rousseff, que esteve em União da Vitória no auge das cheias. Na ocasião, ela questionou se haveria meios para evitar novas inundações.
Pelo menos uma proposta toma à frente das análises. Trata-se da construção de dois canais paralelos ao Rio Iguaçu, bem como a retificação de duas curvas do rio. A escavação de três a cinco metros de profundidade em 27 quilômetros de rocha basáltica e a “retirada” nas corredeiras de Porto Vitória – apontada como uma das responsáveis pelas inundações em União da Vitória – representariam 1,25 metro no nível do rio em caso de enchente.
Para o presidente da Comissão Regional Permanente de Prevenção contra Enchentes do Rio Iguaçu (Sec-Corpreri), Dago Woehl, o projeto é o mais viável e eficiente. “Isto nos traria uma folga extraordinária”, avalia. A mesma obra esteve em discussão em 1990 mas, na ocasião, foi considerada muito cara, complexa e impactante para o meio ambiente e em 70, a construção de um dique também foi sugerida e logo abandonada, já que na época, aconteceram vários casos de rompimentos no mundo. Woehl foi convidado para ir a Brasília nos próximos dias, para apresentar no Ministério da Integração Nacional o projeto. Ainda não se tem estimativas de quanto as obras custariam nem garantia de que elas realmente sejam executadas pelo Governo Federal.
Estragos poderiam ser maiores
A retirada de mais de cem famílias das margens do Iguaçu ameniza os impactos das cheias. Recentemente, a maioria foi realocada para conjuntos habitacionais. Os espaços, agora livres de moradias, foram plenamente ocupados pelo leito do rio. A área é naturalmente usada para a vazão das cheias. Registros históricos mostram que a ocupação das margens é bastante antiga e remonta ao nascimento de União da Vitória e Porto União. Na verdade, a escolha das áreas próximas de fontes de água era um comportamento bastante comum. A medida garantia, por exemplo, o abastecimento dos vilarejos. Para os primeiros moradores das Cidades Irmãs, a instalação à beira do Iguaçu soava bem. Mas, quem fez a escolha, há mais de um século, já sofreu com inundações.
Em Porto Vitória
Especialistas apontam as corredeiras naturais de Porto Vitória, “nascidas” há 200 milhões de anos, como a principal responsável pelas cheias do Iguaçu. Ela estreita o rio e impede o escoamento da água que se acumula em União da Vitória. A formação é de lajeado, que deixa o rio mais raso. Quando a água do Iguaçu alcança o ponto, não consegue manter o mesmo volume de vazão e começa a se acumular. Caso a cidade fosse mais alta, não haveria problema. Como não é, a água se espalha em vários quilômetros longe das margens.