Ao que tudo indica, a bala de prata anunciada pelo Senador Roberto Requião nesta semana — que mudaria os rumos das eleições ao governo do Estado —, por descuido, ricocheteou. Desde a última quinta-feira (25) circula na internet documentos pessoais que teriam sido esquecidos em uma gaveta do Palácio das Araucárias indicando que o então governador do Paraná teria um caixa dois. Essa movimentação financeira compreende o período entre 2003 e 2010.
Vários blogs e jornais veicularam nesta sexta-feira (26) informações sobre o assunto. Segundo reportagem de três páginas publicadas no curitibano Impacto Paraná, são 37 páginas entre documentos, recibos e anotações de próprio punho que detalham como esse caixa dois seria operado. Foram divulgadas, inclusive, imagem de toda a documentação. Constam cópias de empréstimos e pagamentos em dólares no Brasil e no exterior, certidões de transações imobiliárias, recibos assinados por terceiros e pela mulher do senador, Maristela Requião, cópia de depósito na conta pessoal de Maristela e o envolvimento de um secretário direto de Requião nos negócios da família do senador.
O assunto também foi pauta da Gazeta do Povo. De acordo com matéria veiculada no caderno “Vida Pública” também desta sexta-feira, os documentos chegaram até a Frente Ampla do Paraná, liderada por Doático Santos, ex-aliado de Requião. Amigos peritos consultados teriam atestado a veracidade dos papeis. “A ideia do grupo é coletar assinaturas para a notícia-crime em um ato amanhã de manhã [hoje] na Boca Maldita para protocolá-la no MP [Ministério Público] na segunda-feira”, diz a reportagem.
À Gazeta do Povo, Luiz Fernando Delazari, assessor jurídico da campanha de Requião, afirmou que os documentos não apresentam nenhuma irregularidade, envolvendo apenas a contabilidade da família e, por isso, deve entrar na justiça pedindo um inquérito por furto de documentação privada.
Dólares
Nos documentos constam que várias transações são feitas em dólares. Remanescente em relação à moeda norte-americana, a família de Requião já foi manchete em outros tempos, como em setembro de 1999, quando a Veja disse que “Mulher do senador Requião é investigada por envio ilegal de dólares para o exterior”, em matéria de 22 de setembro daquele ano. Ainda, em 2010, em matéria também da Gazeta do Povo, intitulada “MP vai investigar de onde vieram dólares de Eduardo Requião”, a empregada doméstica confessou ter tirado US$ 180 mil que estavam num guarda-roupa do ex-superintendente dos portos de Paranaguá e Antonina. A reportagem foi publicada no dia 24 de julho de 2010.