EMPÓRIO DO EMPRESÁRIO: Dólar numa gangorra previsível

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Atualizado há 10 anos

Após as últimas cotações em alta da moeda norte americana muito voltou a se especular sobre uma possível manutenção de sua cotação em níveis elevados, devendo chegar a R$3,20, segundo alguns analistas mais pessimistas (ou otimistas, depende do lado que se está). Porém outros prevendo que até dezembro deste ano a moeda encerre o ano na casa dos R$ 2,90. Sorte para uns, azar para outros.

O fato é que na segunda passada, a moeda chegou a bater na casa dos R$2,87, a cotação mais alta desde 2004, uma alta de 8% somente neste ano e certamente o melhor investimento do ano, até o momento (o pior não é necessário nem comentar, a Petrobrás).

Na verdade, todos sabem que o cambio brasileiro obedece às leis do mercado, ou seja, a oferta e a demanda. Assim, com a crise brasileira mais do que clara, com a vergonha e a infâmia sendo pratica comum na Petrobrás, e com a evolução das taxas de juros, subindo, nos EUA é óbvio que os investidores retiram seus investimentos de nosso território para levá-lo a mercados mais atrativos. E é justamente esse fator é que o governo tem, deve inibir, a evasão das divisas, não somente a recomposição do caixa, como o que anda fazendo, através da política de ajustes econômicos que anunciou a algumas semanas atrás.

Na verdade, o governo brasileiro se vê numa posição delicada pois se intervir demasiadamente, o mercado pode não “gostar” e as divisas saírem ainda em maior número e se intervir pouco, o cambio pode disparar e se a moeda estrangeira se valoriza demasiadamente em relação ao Real, os importadores se veem demasiadamente prejudicados e os produtos importados no mercado interno tem sua competitividade reduzida. Por outro lado, caso ocorra o contrário, os exportadores (que geram emprego e trazem riquezas ao território nacional) se veem prejudicados com o dólar se desvalorizando.

Paralelo a isso, o dólar vem se valorizando mundo afora, como foi o caso desta terça-feira, quando o dólar se valorizou frente ao ien japonês e ao dólar canadense, devendo em breve se valorizar frente ao Euro. Esse fato influi ainda mais para a alta da moeda, inclusive em nosso território.

Infelizmente é difícil prever o que pode ocorrer no futuro (já não conseguimos prever o que ocorrerá amanhã, imagine daqui há alguns meses), mas sabemos de uma situação, o comportamento da moeda estrangeira sempre foi similar ao de uma gangorra. Cabe ao governo ser mais competente e apostar em outras medidas de estimulo a exportação/importação, atratividade do investimento, assim como intervir nas alíquotas de Imposto de Importação e no ISS para empresas exportadoras, pois medidas paliativas e mentiras já não enganam mais. Ao menos ao mercado…

Alvaro Concha

Consultor de Empresas

alvaroconcha@gmail.com