O Paraná será reconhecido oficialmente como área livre de febre aftosa sem vacinação nesta quinta-feira (27). O certificado internacional, emitido pelo comitê técnico da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), é o desfecho de uma luta de mais de 50 anos do Estado contra a doença e representa uma conquista histórica para o setor agropecuário paranaense. Por causa da pandemia da Covid-19, a cerimônia ocorrerá de forma virtual, durante a 88ª Sessão Geral da Assembleia Mundial dos Delegados da OIE, em Paris, na França.
“Não vacinamos mais os nossos rebanhos, não temos registros da circulação desse vírus e o mundo entendeu que o Estado tem um novo cenário sanitário. Fomos reconhecidos pela qualidade da nossa vigilância e pelo trabalho dos nossos produtores”, destacou o governador Carlos Massa Ratinho Junior.
Ele reforçou que a anuência da comunidade internacional para a conformidade da proteína produzida em solo paranaense terá forte impacto em toda a cadeia produtiva, com geração de emprego e renda. O Paraná já é o maior produtor e exportador de produtos de origem animal do País, com liderança em avicultura e piscicultura. Vice-líder na suinocultura e na produção de leite e ovos, com boas perspectivas de ganhar ainda mais mercado.
“Com o reconhecimento, vamos acessar novos mercados, principalmente na suinocultura. Países como Coreia do Sul, Japão e México, que não compravam a nossa carne, agora vão poder abrir as portas para o Paraná. E são países que pagam mais pelo produto com reconhecida qualidade sanitária”, afirmou o governador.
NÚMEROS – O Paraná é o maior produtor de carne do País. Sozinho, é responsável por 33% da produção nacional de frango e 21,4% em piscicultura, liderando os setores. Ocupa o segundo posto em relação à carne suína, com 21% da produção brasileira e mantém a vice-liderança na produção de leite (13,6%) e ovos (9%).
Já na pecuária bovina de corte, o Paraná aumentou em 2,48% a produção entre os dois anos. Foram 269.569 toneladas em 2020 contra 263.048 do ano anterior. O Estado é nono em produção, com o oitavo maior rebanho do País.
Somadas, as carnes de frango, suíno e bovino do Paraná totalizaram 5.789.525 toneladas, representando 22,3% do total do Brasil. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “É uma conquista em nome daquilo que sabemos fazer de mais pujante, que é ser bom na produção de comida, entre elas liderar a produção de proteínas animais”, comentou o secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara.
“Essa medida abre as perspectivas de ser mais agressivo no comércio mundial, já que estamos abatendo mais de 10 milhões de cabeças de suínos por ano, com perspectiva de chegar a 15 milhões só com projetos em construção ou em instalação. É uma grande notícia porque estávamos alijados da disputa de dois terços do mercado global de carne suína”, acrescentou.
HISTÓRICO – O último foco de aftosa no Paraná foi em 2006 e, desde então, o Governo do Estado trabalha para aumentar o controle sanitário. A vacinação nos rebanhos de bovinos e bubalinos contra a febre aftosa foi interrompida em 31 de outubro de 2019 e deu lugar a um amplo trabalho de cadastramento. O reconhecimento nacional como Área Livre pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento aconteceu em agosto de 2020. Em março deste ano o Comitê técnico da OIE validou Paraná para ser Área Livre de Aftosa sem Vacinação.
Nos últimos anos também foi realizado um extenso inquérito epidemiológico com coletas de amostras do sangue de quase 10 mil animais em 330 propriedades rurais, provando que o vírus já não circula no Paraná. Também há um esforço redobrado de vigilância nos 33 postos da Adapar, nas barreiras comuns com Santa Catarina e nas zonas de fronteira com Paraguai e Argentina. “Provamos para o mundo que não temos aftosa, que não temos o vírus circulando aqui. Começamos a vacinar nos anos 1960. E desde então o Paraná articula campanhas para eliminar a circulação e aprendemos muito ao longo desse tempo”, explicou Ortigara.
“Agora precisamos manter esse status, apoiar o cadastramento dos rebanhos e redobrar a vigilância nas divisas. Começa uma nova etapa, mais difícil até. É preciso atenção, cuidado e responsabilidade”, ressaltou Ratinho Junior.
FEBRE AFTOSA – A Febre Aftosa é uma doença viral grave e altamente contagiosa, podendo ocorrer em bovinos, suínos, ovinos, caprinos e outros animais de casco fendido (bipartido). Não afeta cavalos, cachorros, gatos ou seres humanos. Os sinais mais conhecidos da doença incluem vesículas, semelhantes a bolhas, que estouram num curto espaço de tempo w causam erosões na boca ou nos pés, resultando em salivação excessiva e/ou claudicação (manqueira). A febre aftosa provoca grandes perdas na produção de leite e carne, além de outros transtornos para os criadores, como impedir a comercialização de animais e seus produtos/subprodutos.