Com exclusividade, a social media Lilian Tagliari, natural de União da Vitória e que há 11 anos vive na Austrália, conversou com a reportagem. Através de áudios e vídeos, enviados por aplicativo de mensagem, a modelo narrou um pouco do que são as queimadas que assolam o País.
Lilian mora próxima de um dos locais em chamas, na costa leste. Conforme ela, alguns endereços estão sendo evacuados e o que mais impressiona é, de fato, a morte dos animais. Um dos vídeos, inclusive, registra o som dos pássaros, bastante altos e em tom de desespero. Eles estavam abrigados em uma arvore próximo de um dos focos de incêndio e parecem apavorados diante da fumaça e do calor que se aproxima.
“Está fazendo muito calor, não chove. A mata começa a pegar fogo e não se consegue apagar. Estou no trânsito e vou ficar nele por uma hora e meia”, contou em uma das gravações que mostra um congestionamento de veículos na evacuação de uma das cidades. Conforme Lilian, a sensação climática é de 45°C.
Milhares de australianos e turistas que visitam o País estão sendo forçados a abandonar suas residências e fugir em direção às praias desde o Ano Novo para escapar de uma onda de incêndios florestais que atinge algumas das regiões mais povoadas da Austrália.
Solidariedade
Para Lilian, apesar de toda a tragédia, a união das pessoas e a luta de todo um País pelo controle dos focos e cuidado com as vitimas (pessoas e animais), é o que de fato, impacta. “A Austrália toda ajuda. Tem uma senhora que arrecadou 45 milhões de dólares através de postagens no Instagram em uma semana. O País inteiro parou. Todos os negócios, quem tem, doa parte das vendas para a causa. Apesar de triste, é legal ver como as pessoas se ajudam”, disse.
Incêndios
A Austrália está passando por uma onda de calor extremo que causou milhares de incêndios. A cidade costeira de Mallacoota foi uma das mais afetadas. Iniciada em setembro de 2019, a temporada tradicional de incêndios alastrou-se em cinco dos oito estados australianos e, entre o fim do ano e o início de 2020, viu dezenas de focos ficarem fora de controle nas cidades e no campo. Até o dia 6, 25 pessoas haviam morrido. Desde setembro, cerca de cem mil foram desalojadas.
A área atingida já passa dos 80 mil quilômetros quadrados, extensão equivalente a quase duas vezes o estado do Rio de Janeiro. A crise de incêndios na Amazônia em 2019, para efeitos de comparação, devastou cerca de nove mil quilômetros quadrados.