O final de semana prolongado não terminou exatamente como a maioria queria. Na noite do feriado do dia 7, um temporal assustou, fez barulho e fez com que os moradores das Cidades Irmãs amanhecessem recolhendo lixo, telhas e placas. A chuva, com vento forte, estimado em 90 km/hora pelo Simepar, começou por volta das 22 horas desta segunda. A intensidade caiu após alguns minutos, mas o fenômeno se prolongou ao longo de toda a madrugada. Nesta terça-feira, 8, um rastro de danos começava a ser contabilizado.
Em União da Vitória, perto de 40 residências foram visitadas pelas equipes do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil. Outras tantas, ainda sem contabilidade, também registraram problemas, mas, seus proprietários não acionaram as equipes de emergência. Houve deslizamento de terra, uma sequência de árvores arrancadas, inclusive com raízes, toldos quebrados e até placas de sinalização turística destruídas. Como papel, voaram para acostamentos e calçadas. “Começamos com atendimento já na noite do domingo. Estamos, em parceria com a Defesa Civil, distribuindo telhas, lonas”, contou o comandante do Corpo de Bombeiros, sargento Garcia. Conforme Marco Antônio Coradin, coordenador da Defesa Civil no município, o temporal foi esparso – e não localizado – atingindo especialmente os pontos altos. “Felizmente, ninguém foi atingido. Tivemos apenas danos materiais”, destacou.
Contudo, embora não tenha atingido fisicamente ninguém, o vendaval já deixa marcas psicológicas. Com os seis filhos em casa, a dona-de-casa, Raquel Chaicoski dormiu pouco na madrugada do temporal. Com medo, procurou a ajuda dos vizinhos. “Meu marido está viajando, procurando emprego e ficamos com medo. Na enchente do ano passado, a gente já perdeu tudo”, lamentou. O montador, Élcio Kuritza, morador do Vitória II, estima que os danos em sua casa alcancem os R$ 5 mil. “Estávamos vendo TV e de repente começou aquela chuva. Pegamos as crianças e fomos para a casa do sogro”, conta ele que mora na casa própria, com a mulher e duas crianças.
Em Porto União, o coordenador municipal da Defesa Civil, Adhemar Lírio, esteve desde a noite de segunda realizando os atendimentos solicitados. Como alguns bairros da cidade estavam sem contato telefônico e sem energia elétrica, o trabalho da Polícia Militar e dos Bombeiros foi bastante utilizado. Até o final da edição, a prefeitura não confirmava números dos prejuízos. O que se sabe, porém, é que os bairros mais atingidos foram o São Pedro, São Francisco e Área Industrial, bem como o Distrito de Santa Cruz do Timbó.
Na região
Na região o estrago também foi grande. Em Bituruna, mais de 30 casas ficaram parcialmente destelhadas por conta dos fortes ventos. O número pode aumentar conforme a Defesa Civil, já que até o final desta edição a equipe de campo não havia retornado para a cidade. As localidades da Vila Mariana e São João foram as mais afetadas. O Clube Municipal também teve suas atividades suspensas devido ao destelhamento. Cerca de 450 metros de lona foram distribuídos para as famílias atingidas. No entanto, a falta de energia também atrapalhou o retorno a normalidade no município. Conforme Enéas Santos Melo, integrante do Conselho de Defesa Civil, a energia começou a ser reestabelecida na tarde ontem, mas não por completo.
Outra cidade que contabilizou estragos foi General Carneiro. Quinze casas ficaram destelhadas parcialmente. Nenhuma pessoa ficou ferida.
Em São Mateus do Sul foi só susto, afirmou a Defesa. As regiões que registraram algum tipo de transtorno foram as do interior, mas nada grave.
Em Porto Vitória também não teve estragos maiores. Segundo o coordenador da Defesa Civil, Vivaldino Machado, caíram toldos e alguns postes de luz o que contribuiu para a queda de energia na cidade. A Linha Espingarda, Sete de Setembro e São Rafael – no interior – continuam sem energia.
Na cidade de Cruz Machado os danos também foram pequenos. Por lá apenas um barracão sofreu com os fortes ventos e algumas casas. “Mas nada grave”, comenta aliviado o coordenador da Defesa, João Paulo.
Já em Paula Freitas mesmo sem muitos danos em residências o que causou prejuízo, mesmo, foi no Posto Ipiranga. A estrutura que segurava o telhado cedeu em cima das bombas de abastecimento.
Sem energia
Foi só a chuva começar, embalada por ventos fortes que a energia não demorou faltar. No Bairro São Pedro, em Porto União, a energia só voltou na manhã de terça-feira, 8, por volta das 6h30. Na área central das Cidades Irmãs várias lojas tiveram de começar o expediente no escuro e vão continuar sem luz, garante o gerente da agência da Copel em União da Vitória. Conforme Odair Marchiori equipes de Ponta Grossa e São Mateus do Sul vieram para a cidade ajudar a arrumar a casa. “Junte os quatro cantos da cidade mais o centro, ninguém tem luz hoje (terça)”, disparou. Os motivos foram os fortes ventos que provocaram a destelhamento e a queda de alguns galhos que acabaram atingindo os fios de baixa tensão. “Mas estamos trabalhando desde a segunda-feira quando começou a chuva, para recompor o sistema o quanto antes.”
A intenção, segundo Odair, é que a energia comece a se reestabelecer ainda nesta quarta-feira, mas, o que será mais difícil voltar é o sistema.
Tempo
Tanto o Ciram/Epagri, em Santa Catarina, quanto o Simepar, no Paraná, emitiram alertas por conta da chegada do temporal. Os boletins estavam nas páginas online das instituições. Mas, embora isso tenha ocorrido, talvez por conta do feriado e do tempo então estável, não foi levado tão a sério. Assim, a chuva pegou de surpresa, a maioria.
De acordo com o meteorologista do Simepar, Lizandro Jacobsen, o período antes da primavera é geralmente marcado pela instabilidade. É difícil, diz ele, até prever com exatidão quando e como os fenômenos vão ocorrer. “Mas, podemos dizer que nesta quarta a instabilidade dá uma trégua e na quinta, volta a chover, com risco de temporal novamente”, alerta.
Serviço
Lonas e telhas seguem sendo distribuídas nas Cidades Irmãs. Em União da Vitória, basta procurar o Corpo de Bombeiros, no quartel ou no 193 e a sede da Defesa Civil, no prédio da antiga prefeitura. O telefone de lá é o 3522-4748. A distribuição é emergencial. Mais tarde, a prefeitura deve auxiliar a comunidade de maneira mais efetiva.
O mecanismo é similar em Porto União, que também teve sua Defesa Civil distribuindo lonas de maneira emergencial. A partir de agora, a Secretaria de Desenvolvimento Social presta o atendimento às famílias que precisarem.
Festa da Costela
Pelo menos uma barraca da estrutura montada para o evento que ocorre nos dias 11, 12 e 13, foi danificada. Nesta terça-feira a equipe de organização esteve no local para checagem de toda a estrutura e ela garante: o evento vai ocorrer, sem qualquer alteração.
Fotos: Mariana Honesko