As gerações dos anos de 40, 50, 60, 70 e parte dos anos 80 do século passado, como as anteriores, principalmente do início do século passado, vivenciaram a importância da ferrovia para a nossa região que mantinha em Porto União e União da Vitória uma estrutura que atendia três direções: União/Centro Sul/Curitiba no Paraná; União/Canoinhas/Mafra/Rio Negrinho/São Bento do Sul/Joinville/São Francisco do Sul, em Santa Catarina; e União/Vale do Rio do Peixe/Rio Grande do Sul.
A ferrovia, que começou como São Paulo-Paraná-Rio Grande do Sul, passando para Rede Viação Paraná Santa Catarina e, por último, para Rede Ferroviária Federal S/A, foi com o passar dos anos e com o final do ciclo da madeira, principalmente em função da implantação de uma infraestrutura rodoviária – BRs 476, 153 e 280 -, perdendo a sua utilidade, que tão importante foi para quase um século (ou mais).
A imagem de abertura desta coluna é da então magnífica estrutura da garagem/oficina da ferrovia, que contava com todas as ferramentas necessárias para a manutenção do grande volume de locomotivas a vapor e por alguns anos a diesel e dos centenas e centenas de vagões, adaptados para o transporte de cargas, abertos e fechados.
Terminal de grãos
Na década de 90, após vários estudos por parte de técnicos, agricultores e administradores públicos, a estrutura da antiga garagem/oficina foi transformada em terminal de grãos pela Coamo (a mais poderosa cooperativa agrícola do Paraná), com o objetivo de receber, via rodoviária, a já grande e considerável produção de grãos (principalmente soja e milho) das regiões do Oeste de Santa Catarina e Sudoeste do Paraná, para daqui ser transportada pela ferrovia para os portos de Santa Catarina e do Paraná.
Mas, lamentavelmente, o Terminal de Grãos, que fora ruidosamente anunciado e instalado com um elevado custo financeiro, não chegou sequer a funcionar, com o prédio ficando em condições precárias, até ser totalmente destruído, com a ferrovia também, com exceção de alguns trechos, totalmente erradicada ou simplesmente destruída.
Rodoviária, Sesc/Senac e Fórum
As gerações posteriores aos anos 80, agora podem, apenas pelas fotos ver a grande e bela arquitetura da estrutura da ferrovia, principalmente da garagem e da Estação União, que infelizmente não está tendo os cuidados necessários para ser preservada como patrimônio histórico, assim como a ponte ferroviária Machado da Costa, útil como ciclovia e para a passagem de pedestres com a construção da ponte Governador José Richa.
Muito espaço
Mesmo assim, tanto do lado catarinense quanto do paranaense, existem muitas áreas para obras que podem ser úteis para a população, desde que os espaços históricos da ferrovia sejam preservados.
Importante destacar que a Estação Ferroviária União é a única no Brasil que está na divisa de dois estados, simbolizando a união consolidada pelos estados do Paraná e Santa Catarina, após a definição de limites em 1916.
Agora, no entorno da garagem/oficina da ferrovia, estão as estações rodoviárias (Porto União e União da Vitória), o magnífico prédio do complexo do Sesc/Senac, o ginásio de esportes da Uniuv e, em um futuro não muito distante, o novo prédio que abrigará a Comarca de União da Vitória.
Nem tudo terminou
Mas, ainda temos a ponte Machado da Costa, a Estação Ferroviária União, parte da estrutura da ferrovia que pode – e certamente vai – lembrar as novas gerações, através da Associação Trem das Etnias, com o trabalho que está sendo realizado com dedicação na recuperação da histórica Maria Fumaça 310 e trechos da ferrovia.