O Brasil exportou 345 mil toneladas de tabaco de janeiro a agosto deste ano, representando aumento de 30,4% em comparação com o igual período de 2018. Os dados são do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco), com base em números do Ministério da Economia. A receita cambial no período alcança US$ 1,35 bilhão, alta de 16,5% em relação aos oito primeiros meses do ano passado.
Pesquisa encomendada pelo SindiTabaco à PriceWaterhouseCoopers (PWC) mostra que a tendência é de um acréscimo de 6% a 10% em receita cambial, para cerca de US$ 2 bilhões, e de 10% a 15% no volume de tabaco embarcado em 2019. O presidente do SindiTabaco, Iro Schünke, informa em comunicado que o mercado de tabaco brasileiro tem se mantido estável nos últimos anos e o aumento se deve à postergação de embarques para a China que aconteceriam no fim de 2018 para o início de 2019.
“No ano passado tivemos uma queda nas exportações por causa de questões logísticas e da decisão do cliente de postergar embarques para o primeiro semestre de 2019. Como reflexo, é esperado um aumento nos embarques do ano corrente. Atualmente, o Brasil detém de 25% a 30% dos negócios mundiais de tabaco e o levantamento aponta que deveremos manter a liderança das exportações mundiais de tabaco (pelo 27º ano consecutivo)”, avalia. Ele concedeu uma entrevista à rádio CBN e que aqui, o jornal O Comércio publica parcialmente (leia no quadro).
De janeiro a agosto, o tabaco representou 4,73% dos embarques da Região Sul. No Rio Grande do Sul, onde o produto é bastante representativo para a balança comercial, foi responsável por 9,02% do total das exportações até o momento, com o embarque de quase 285 mil toneladas e R$ 1,1 bilhão em divisas. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de tabaco do Brasil.
Da produção brasileira de tabaco, em torno de 85% é destinada à exportação, que vai para 100 países em todos os continentes. O principal mercado continua sendo a União Europeia, que em 2018 recebeu 41% do tabaco exportado. O segundo é o Extremo Oriente, com 24%. Depois vêm a África/Oriente Médio, com 11%; a América do Norte, com 10%; a América Latina, com 8%; e o Leste Europeu, com 6%.
A principal nação importadora do tabaco brasileiro é a Bélgica, seguida pelos Estados Unidos (2º lugar), China e Indonésia. Na sequência da lista dos principais clientes estão o Egito (5º lugar), a Alemanha e a Rússia (7º).
ENTREVISTA
Jornal O Comércio (JOC) – Dessa produção brasileira de tabaco, quantos países se abastecem da nossa produção?
Iro Schünke (Iro) – Em média, cerca de cem países vêm comprar no nosso País.
JOC – Tem algum gargalo verificado hoje em termo de exportações?
Iro – A gente produz com qualidade, estamos entre os principais países e claro, é importante o preço competitivo, algo que está ligado a taxa cambial. O gargalo pode ser a falta de preço competitivo. Tendo preço competitivo, exportamos bem.
JOC – A principal nação importadora do tabaco brasileiro é a Bélgica. É isso?
Iro – Sim. A Bélgica aparece em primeiro por conta da localização do produto. Depois, esse tabaco é redistribuído para a Europa.
JOC – O senhor foi reeleito como presidente. Como é a atuação do sindicato?
Iro – Temos três focos principais. Um deles é a sustentabilidade da cadeia do tabaco, depois os assuntos regulatórios especialmente por conta do produto final, e o outro foco, dar maior visibilidade a importância social e economia que a produção dá para o Brasil, especialmente para o Sul.
JOC – O que vem por aí em relação á exportação?
Iro – Ela tem girado em torno de 450 a 500 mil toneladas. No mundo, tem um pequeno decréscimo no consumo de cigarros e também, como novidade, uma nova geração de tabacos, que são os cigarros eletrônicos, por exemplo. Em termos de exportação, se o Brasil continuar mantendo a qualidade aliada ao preço, teremos muitos anos ainda como o maior exportador.
JOC – Em 2014, o senhor esteve próximo à região do Vale do Iguaçu.
Iro – Praticamente todos os anos vou ao Sul do Paraná. Esse ano estive próximo de Rio Azul. Abordamos a importância de os produtos de tabaco pensarem em sustentabilidade também. O Sul do Paraná e o Norte de Santa Catarina, foram as duas regiões que mais se desenvolveram na produção de tabaco – e tabaco de boa qualidade.