LEILÃO A VISTA: Repar e Petrosix na mira da privatização

Refinaria em Araucária e unidade de Industrialização do Xisto em São Mateus do Sul vão a leilão, com outras 8 refinarias da Petrobrás

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Atualizado há 6 anos

Dia 6 de maio petroleiros prometem Dia D contra leilões (Foto: Divulgação/Petrobrás).
Dia 6 de maio petroleiros prometem Dia D contra leilões
(Foto: Divulgação/Petrobrás).

O conselho de administração da Petrobras aprovou na última sexta-feira, 26, um novo plano de venda de ativos que inclui a oferta de 8 das 14 refinarias da empresa, operações que transfeririam ao setor privado 46% da capacidade nacional de refino. O pacote atual inclui as refinarias Alberto Pasqualini (RS), Presidente Getúlio Vargas (PR), Gabriel Passos (MG), Landulpho Alves (BA), Abreu e Lima (PE), Isaac Sabá (AM), a fábrica de lubrificantes e derivados Lubnor (CE) e a Unidade de Industrialização de Xisto (PR).

A proposta aprovada pelo conselho mantém a estatal com ativos de refino apenas no Rio de Janeiro e em São Paulo, maior mercado consumidor do país. Todas as unidades localizadas em outros estados serão oferecidas ao mercado. A Petrobras informou que a venda dá “maior competitividade e transparência ao segmento de refino no Brasil”.

US$ 20 Bilhões

A empresa espera concluir em 18 meses a venda de 8 unidades de refino no país e espera obter até 20 bilhões de dólares. O ajuste no plano de gestão também inclui a venda de rede de postos da Petrobras no Uruguai, além de participação adicional na BR Distribuidora. Além de reduzir as suas dívidas, a Petrobras também busca com seu plano de desinvestimento se concentrar no que considera ser o seu principal negócio: a exploração e produção de petróleo e gás.

Protestos

Os trabalhadores da Usina do Xisto (SIX) realizaram na manhã de terça-feira, 30 por volta de 07h, uma manifestação em frente à unidade industrial, em São Mateus do Sul, na região centro sul do Paraná. A unidade emprega mil trabalhadores diretos e outros três mil indiretos. Isso em município de 45 mil habitantes. Estima-se que a existência da unidade traga alguma forma de renda para pelo menos um terço da população são-mateuense. Em 2015, a SIX gerou R$ 98 milhões em impostos e royalties. A Prefeitura de São Mateus, que ficou com uma fatia de R$ 20 milhões, teve com a Usina aproximadamente 40% de sua arrecadação total naquele ano.

O Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro) teme sobre o risco que o processo de privatização traz à Usina do Xisto, trazendo o risco de fechamento como ocorreu com as Fábricas de Fertilizantes (Fafens) dos estados da Bahia e Sergipe que foram colocadas à venda no ano passado, mas não apareceram compradores. Diante disso, a companhia resolveu hibernar as fábricas, ou seja, fechou-as.

O Sindipetro diz que luta contra a venda das refinarias e constantes aumentos de preços dos combustíveis, e convocam trabalhadores e a população para uma manifestação nacional no dia 6 de maio: “O dia nacional de luta contra as privatizações”.

Petrosix

A Industrialização do Xisto (SIX) é uma unidade de operações localizada em São Mateus do Sul – PR, sobre uma das maiores reservas mundiais de xisto, ou folhelho pirobetuminoso – uma rocha sedimentar, com conteúdo de matéria orgânica na forma de querogênio, que somente por aquecimento (pirólise) pode ser convertido em óleo e gás. A exploração do xisto iniciou em 1954, no município de Tremembé, Vale do Paraíba (SP). Em 1959, a Petrobrás pela construção de uma usina em São Mateus do Sul (PR). O início da operação da primeira unidade de produção ocorreu em 1972.

Os produtos gerados com o xisto são o óleo combustível, a nafta, gás combustível, gás liquefeito e enxofre, e ainda produtos que podem ser utilizados nas indústrias de asfalto, cimenteira, agrícola e de cerâmica. A capacidade instalada é de 5.880 toneladas/dia. O principal mercado da SIX se concentra no estado do Paraná. No entanto os produtos alcançam vários estados, entre eles, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Petrosix (Foto: Divulgação/Petrobrás).
A Petrosix tem seus produtos gerados com o xisto, como o óleo combustível, a nafta, gás combustível, entre outros
(Foto: Divulgação/Petrobrás).

Repar

Já a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) tem capacidade de processamento de 33 mil m³ de petróleo por dia. Localizada no município de Araucária, no Paraná, é responsável por aproximadamente 12% da produção nacional de derivados de petróleo. Seus produtos atendem principalmente os mercados do Paraná, Santa Catarina, sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. As obras de construção iniciaram em 1973 e a refinaria foi inaugurada no dia 27 de maio de 1977. No início de suas operações, a capacidade de processamento era de 20 mil m³/dia de petróleo. Atualmente é a maior indústria em porte do sul do Brasil. Ocupa uma área de 10 milhões de metros quadrados.

A capacidade instalada da Repar é de 33 mil metros cúbicos/dia ou 207.563 bbl/d. Seus principais produtos são: Diesel, gasolina, GLP, coque, asfalto, óleos combustíveis, QAV, propeno, óleos marítimos.

A refinaria destina 85% dos seus produtos para o abastecimento do Paraná, Santa Catarina, sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. O excedente da produção total é destinado para outras regiões do país ou exportado.

Repar (Foto: Divulgação/Petrobrás).
A Repar tem capacidade de processamento de 33 mil m³ de petróleo por dia
(Foto: Divulgação/Petrobrás).