O Brasil está conseguindo se recuperar da crise causada pela pandemia de Covid-19 graças ao empreendedorismo. A pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2021, realizada pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP), mostra que os pequenos negócios continuam desempenhando importante papel na economia nacional – em um ranking que avalia a Taxa de Empreendedorismo Total (TTE), entre 47 nações, o país ocupa a quinta posição, subindo para o quarto lugar quando analisados apenas a América Latina e o Caribe.
A lista dos cinco países que demonstraram maior nível de empreendedorismo total inclui Brasil (30,4%), Chile (35,9%), Guatemala (39,8%), Sudão (41,5%) e República Dominicana (45,2%). Vale também destacar que o Brasil foi o terceiro colocado entre as economias de renda média, atrás apenas da Guatemala e da República Dominicana.
Outro ponto avaliado pelo estudo foi o de Potenciais Empreendedores, que engloba a população de 18 a 64 anos não empreendedora, mas que pretende abrir uma empreas. Nesse quesito, o Brasil figura entre as cinco economias com maior apetite para empreender e como segunda colocada quando considerada apenas a região da América Latina e Caribe. Em quinto lugar, com 53%, o país está atrás apenas de Cazaquistão (55,3%), Egito (55,3%), República Dominicana (54,8%) e Omã (53,2%).
Sonho do brasileiro
Apesar de ter registrado uma queda, em 2021, quando comparado a 2020, empreender ainda está estre os três maiores sonhos dos brasileiros, superando os índices de toda a série histórica. “Viajar pelo Brasil” aparece no topo, com 49,9%, seguido de “comprar a casa própria”, com 47,8%, e, em terceira posição, “ter o próprio negócio” (46,2%). Com relação à faixa etária, os entrevistados que demonstraram maior interesse pelo empreendedorismo têm entre 25 e 44 anos, público que corresponde às gerações Y (millennials) e Z, frequentemente associadas a um perfil mais disruptivo, questionador e que busca bem-estar, características propícias para o empreendedorismo.
O sonho de “ter o próprio negócio” continuou a superar, em 2021, o “desejo de fazer carreira numa empresa”, em 14,6 pontos percentuais. Quando comparado ao item “vontade de fazer carreira em serviço público”, a diferença foi de 20,5 pontos percentuais. Nesse aspecto, foram os homens que sonharam mais com o empreendedorismo, enquanto um maior percentual de mulheres desejou construir uma carreira corporativa.
O levantamento indica que, em termos de renda familiar, o sonho de empreender foi mais intenso na faixa de mais de três até seis salários-mínimos (34,6%). Em seguida, vieram aqueles com mais de dois até três salários-mínimos (26,6%) e depois as pessoas que ganham mais de um até dois salários-mínimos (25,1%). Quanto à escolaridade, percebe-se que foi um sonho mais frequente entre pessoas com Ensino Médio completo (50,3%) do que nos demais graus de escolaridade.
“Mesmo com esse recuo, observamos que o sonho de empreender permanece intenso entre os brasileiros e tornou-se ainda mais forte com a pandemia da covid-19”, afirma o presidente do Sebrae, Carlos Melles. “Ao contrário do que aconteceu em 2020, quando o sonho de empreender foi mais intenso entre as pessoas de classes mais desfavorecidas e de menor escolaridade, mais jovens e com menor experiência; em 2021, percebeu-se que as pessoas com faixas medianas de salário, de escolaridade e idade estiveram mais propensas a abrir um novo negócio”, avalia.