Sabonete, hidratante, chá, chimarrão, mate. São infinitas as possibilidades para o uso da erva-mate, produto nativo na região Sul e que nas florestas, cresce com força, passa dos oito metros de altura e oferece inúmeros benefícios. As vivências nas áreas de inovação e cadeia produtiva de quem empreende e sabe tirar proveito do potencial gratuito oferecido pela natureza foram destaque da pauta do Mate Experience, evento com transmissão online nos dias 16 e 17 de dezembro, totalmente focado na cultura da planta na região Sul do Paraná.
O evento, promovido pelo Conselho Gestor da Erva Mate do Vale do Iguaçu (Cogemate), o Sebrae/PR e a região turística Sul do Paraná, trouxe a discussão sobre o que é possível fazer com uma planta tão rica e tão benéfica para o organismo.
Muito mais do que o chimarrão, a erva-mate pode ser transformada e entrar desde os cardápios mais refinados ao menu das clínicas de estética.
“O mate é uma bebida, um alimento praticamente cem por cento completo”, defendeu a empresária de União da Vitória, Elizabete Capeleti, da Estação do Mate e da Ervateira Capimar. Ela esteve na programação da segunda noite do Experience, onde contou um pouco da história de fundação das empresas que administra bem como dos recentes produtos lançados sob sua batuta. Elizabete, uma das patrocinadoras do evento, é especialista no uso da erva-mate para o bem-estar do corpo e porque não, da alma. “São infinitas possibilidades para uso. Basta ter um pouco de ideia, buscar tecnologia, conhecimento e fazer uso disso”, diz.
Ao longo do evento, Elizabete ampliou a discussão, mostrado que sim, a erva-mate é adaptável e economicamente falando, lucrativa. No Paraná, do ponto de vista histórico, a planta é a “cara” do Estado. A erva-mate colocou o Estado no mapa do País e do mundo, chegando a representar 85% da economia no final dos anos 20.
O ciclo econômico foi um dos grandes ciclos da economia brasileira. Iniciou em 1820 e declinou junto com o restante da economia mundial na crise de 1930. Até este período, foi a base econômica dos estados do Sul. Não é à toa que, além da araucária, o ramo da erva-mate está no brasão da bandeira do Estado.
Na região da Associação dos Municípios do Sul do Paraná (Amsulpar), dados de 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) confirmam a bela posição no mapa. Com exceção de Fontoura Xavier (RS) e Guatambu (SC), os demais municípios que compõe a lista dos 20 maiores produtores são todos paranaenses. Neste ranking, aparecem ainda as cidades de Cruz Machado, São Mateus do Sul e Bituruna, ambas pertencentes à Associação.
A pesquisa do IBGE ainda mostrou que na comparação com 2014, houve um aumento de 1,7%, onde o Brasil alcançou 338,8 mil toneladas: isso tudo em apenas quatro estados e o Paraná o maior produtor (86,4%). Ao todo, essa potência produtiva é capitaneada por apenas 180 mil famílias espalhadas pelos três estados da região Sul.
Também conforme o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná/Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (IDR/Seab), o Estado tem 34 mil produtores e 111 indústrias. O Sul do Paraná conta com 14 mil produtores e 47 indústrias. O Estado produz 55% da produção nacional em 151 municípios, somando 510 mil toneladas/ano.
Os nove municípios do Sul do Paraná são responsáveis por expressivos 65% da produção, com 320 mil toneladas/ano.
Faz bem à saúde
Os principais componentes da erva-mate, como mostraram os especialistas do Mate Experience atuam como auxiliadores em dietas, diurético, digestivo e também ajudam no tratamento da fadiga funcional. Estudo feito pela Universidade Feevale de Novo Hamburgo (RS) acrescenta ainda que o mate, além de estimulante, também faz bem ao coração.
O trabalho mostra que o uso diário de cem gramas da erva-mate pode causar a diminuição de 29% dos níveis de colesterol e de 62% nos triglicerídeos, afastando os riscos de problemas cardíacos. O produto também contém sais minerais, antioxidantes, auxilia na regeneração das células e estimula a atividade física.
O inovador Meu Mate, desenvolvido por Elizabete Capeleti, por exemplo, é degustado sozinho usando apenas água quente ou fria.
“Uma bebida diferente, potente em antioxidantes e rica em cafeína, ingredientes que atuam diretamente no sistema nervoso central, dando energia e ajudando no bom funcionamento do organismo”, compartilhou no evento a empresária.
“A produção não passa pela fumaça, apenas pelo calor e desidratação. O sabor é indescritível, leve, fresco, natural”.
Sobre o Mate Experience
A programação contou com palestras de 28 especialistas renomados e experiências para os apreciadores de erva-mate, na culinária, na saúde e bem-estar, em intervenções artísticas e ainda apresentará dicas práticas de como utilizar a erva-mate para além do chimarrão e do chá.
“O Sul do Paraná tem um relevo montanhoso e a genética da erva-mate produzida na região é de plantas com sabor suave, bem ao gosto do brasileiro”, frisou o frisou o presidente do Cogemate e produtor de erva-mate em Bituruna, Naldo Vaz. “Queremos defender o que temos, produto oriundo da floresta e que faz bem para a saúde. Estamos trabalhando a cadeia produtiva do Paraná, fomentando novos negócios e instigando os consumidores a experimentarem a erva-mate com apelo ambiental e boas práticas”.
SERVIÇO
Veja como foi o evento acessando, www.matexp.com.br e no YouTube, MATE Experience.