EMPREGO: Contratações para final de ano devem ser mínimas

Nas Cidades Irmãs, lojistas reveem calendário de dezembro e abertura de estabelecimentos até mais tarde. Perfil acompanha cenário brasileiro

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Atualizado há 9 anos

Novembro está quase aí e com o final de ano, a expectativa de se conquistar aquela vaga tão sonhada, dentro da proposta de contratação temporária, acompanha o imaginário de milhões de brasileiros. Só que se depender das previsões dos lojistas e das pesquisas das federações ligadas ao comércio e indústria, o que se vê além do horizonte pode não ser exatamente, um sonho. É que neste ano as contratações devem diminuir, e muito.

No começo do mês, o jornal Folha de S. Paulo congelou o sangue dos desempregados ao mencionar que de dez empregadores, nove não vão contratar. Os dados são do SPC e da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas. O motivo para isso seria o número já suficiente de funcionários, diante das vendas tímidas que devem marcar o Natal deste ano. A previsão é de que 24,5 mil vagas temporárias deixem de ser criadas no País.

Para o economista Álvaro Concha os números são, ainda, reflexo da crise. “O mês de outubro e de novembro é onde as empresas estão fabricando os produtos para as festas de final de ano. Portanto, se neste momento as demissões estão ocorrendo é porque as vendas e a produção estão realmente em curva de baixa”, diz. Segundo ele, um leve aumento pode acontecer, mas apenas privilegiando o setor do comércio e turismo. “Os profissionais da indústria devem esperar um momento de recessão grave para até, provavelmente, abril de 2016”, antecipa.

Nas Cidades Irmãs, o efeito desastroso da crise pode afetar, inclusive, a popular festa do comércio, que garante lojas abertas em dezembro até mais tarde. Falta dinheiro, inclusive para pagar os funcionários que poderiam cumprir esse roteiro. Neste contexto, a negociação é direta com o Sindicato dos Lojistas local. Em 2014, as exigências foram um pouco mais longas – além da hora-extra e adicional noturna, intervalo e lanche de R$ 20 por pessoa – o que quase deixou de mãos atacadas os lojistas.

Luciano Karpovisch, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), acredita em um ritmo diferente para 2015. Para ele, só assim, os empresários do comércio de União da Vitória e Porto União, vão poder, aí sim, abrir seus empreendimentos até às 20 e 22 horas no mês do Natal. Caso contrário, a tradição pode acabar, ou, pelo menos, ficar mais curtinha. “Com muita exigência, fica pesado para o lojista e todo mundo acaba perdendo. As lojas fecham mais cedo e as pessoas ficam em casa, sem comprar, gastar no comércio local”, diz Karpovisch. Sobre as compras e contratações, o presidente da entidade não é nada otimista. “Tudo indica que o Natal seja o mais pobre dos últimos 20 anos”, lamenta.

 

Análise da Fecomércio para o PR

As vendas do varejo continuam em queda. Em agosto houve redução de 13,5% no faturamento na comparação com o mesmo mês, em 2014. Na comparação com julho, as vendas foram -0,78% menores e no acumulado do ano a retração é de -5,93%. Os dados são da Pesquisa Conjuntural da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio/PR).

Da mesma forma que as vendas, o número de postos de trabalho no comércio também vem reduzindo consideravelmente a partir do segundo semestre. Em agosto, o nível de emprego ficou -3,18% menor do que no mesmo mês do ano passado, e caiu -1,6% no acumulado do ano.

Ainda, o valor da folha de pagamento baixou -4,59% ante agosto de 2014, em decorrência de comissões de vendas menores e também por ter sido a redução de salários a solução encontrada por muitas empresas para evitar mais demissões.

 

Calendário para dezembro

1ª semana

Lojas abertas até às 20 horas

1º sábado

Lojas abertas até às 18 horas

2ª semana

Lojas abertas até às 20 horas

Última semana e véspera de Natal

Lojas abertas até às 22 horas

 

Equipe menor, mas de qualidade

Aos olhos da psicologia, as contratações mais tímidas não são, necessariamente, um problema. O que vale, por exemplo, é uma equipe enxuta, porém qualificada, que “vestiu a camisa”, que faz tudo para ajudar nas vendas e se tornar – porque não? – um profissional melhor. “Uma vez que as contratações serão menores, os empresários serão mais cautelosos quanto ao que buscar nos currículos, ou seja, conquista a vaga o candidato comprovadamente capacitado para oferecer à empresa o que ela exige no momento em que as vendas estão mais tímidas”, avalia a psicóloga e mestre em Psicologia Organizacional e do Trabalho, Daniele Jasniewski.

Na prática, isso significa que os interessados em conquistar uma oportunidade de trabalho devem estar capacitados e verdadeiramente aptos a entrar no mercado para trabalhar, de verdade. “Eu particularmente prefiro ter em minha equipe cinco pessoas que trabalham muito bem do que 20 que trabalham sem iniciativa, sem disposição e sem comprometimento”, afirma.