A restauração e reforma do Cine Teatro Luz voltou à figurar como protagonista depois do pronunciamento crítico do vereador, Jair Brugnago, na Câmara de União da Vitória. Na sessão do dia 18 de novembro, o parlamentar disse que “depois de um quinquênio de espera”, o trabalho começou. Brugnago foi duro em relação ao reitor da Uniuv, Alysson Frantz (o Cine Luz está sob a responsabilidade da instituição).
“Além de levar cinco anos para licitar uma obra, descobri um predicado do reitor, que além de tudo, ele é mentiroso. Ele falou com a verdade, mentindo, dizendo que essa Casa de Leis teria interesse em ocupar um espaço onde está o pessoal de artesanato. Quando não se tem o que falar, é melhor calar a boca”, disparou.
Ainda está sem definição oficial, a mudança de endereço da Associação de Artesanato de União da Vitória. De fato, ela ainda funciona em uma das salas do Cine Luz. Mas, ainda é a obra de restauro o que causa incomodo à Brugnago. Para ele, o projeto vai precisar de emendas e a intervenção, deve ultrapassar os dez meses de execução previstos.
Com relação a Associação de Artesanato, a reitoria da Uniuv, concedeu o uso do espaço até o dia 29 de fevereiro de 2020.
Foi por conta da repercussão da sessão do Legislativo que a CBN Vale do Iguaçu e o jornal O Comércio, ampliaram o debate. Frantz e o vice-reitor da Uniuv, o jornalista Lucio Passos, concederam uma entrevista à emissora. Eles falaram sobre o processo de licitação para a contração da empresa e ações que já estão sendo realizadas no anfiteatro. Conforme eles, o processo é transparente e as obras acontecessem há quase 30 dias.
O Cine Teatro Luz é tombado pelo Patrimônio Histórico do Paraná. O imóvel remonta à década de 50. Sua inauguração aconteceu em outubro de 1951, “com seus 1600 lugares insuficientes para acomodar o público”, conforma conta o material sobre o tombamento disponível na página do Governo do Paraná. Após 38 anos de funcionamento, em 1989, o Cine Luz encerrou a exibição de filmes e em 2014, foi fechado.
ENTREVISTA
CBN – Como foi a confecção do projeto para a restauração?
Alysson Frantz (Frantz) – São várias as etapas. Começou quando a prefeitura nos cedeu à Uniuv para uso da Fundação Municipal. Depois, nossa preocupação era entender todo o processo de tombamento. Ao vermos isso, fomos até os órgãos competentes. A dificuldade foi que precisávamos de plantas antigas e dos documentos antigos, para diagnosticar os danos e propor as melhorias. Durante esse tempo, fomos em busca disso. Levou tempo, não encontramos nada. Nos deparamos de que nada do que tinha registrado, conduzia com a edificação encontrada. Não tinha com partir dessa planta. Decidimos então em trazer nosso escritório modelo de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil, para o Cine Luz, para redesenhar toda a planta. Tivemos que desenhar centímetro a centímetro, todo o Cine Teatro Luz. Nesse período, solicitamos uma vinda ainda em 2016 de um profissional do Patrimônio Histórico do Paraná. Foram feitas uma serie de apontamentos e melhorias. Ai que entendemos a necessidade de ter desenhada a planta, a realidade. Foi um trâmite demorado, desde a planta até uma autorização para intervir no imóvel, foi desde junho de 2016 até o final de 2018. Foram mais de dois anos só de tramite burocrático e agora neste ano, tivemos o processo licitatório com êxito apenas na terceira tomada de preço, que terminou com a assinatura do contrato no dia 1º de outubro. A empresa já iniciou as obras. A previsão é de a obra leve dez meses.
Lúcio Passos (Passos) – O artigo 14 da Lei que rege o Patrimônio Histórico no Paraná aponta o tramite para um bem tombado. O fato de ele ser Tombado significa é proteção, dele e de todo seu entorno. Existe uma orientação e um roteiro para ser seguido. O projeto do Cine Luz é completo e aprovado. Já ouvimos besteiras de que não é um projeto completo. Não. Ele é completo e autorizado, por isso está sendo feito. E um projeto assim não tramita em uma semana. A empresa que ganhou a licitação é série, tem várias obras de restauro no Paraná e quem ganha, é a comunidade de União da Vitória.
CBN – O desgaste que gera na comunidade, os senhores atribuem ao quê?
Frantz – Não sei. Veja, o Patrimônio do Paraná cuida do Estado todo, não apenas do Cine Luz. Analisemos o contexto…2016 era ano eleitoral, são muitos processos tramitando. Já passaram quatro arquitetas pelo nosso projeto. Lamento o tempo que leva, mas as etapas precisam ser cumpridas e foi o que fizemos. Cumprimos as etapas. Sem a autorização, mesmo um escoramento de telhado feita, seria entendida como contrário à Lei. Essa demora se dá em função do fluxo de processos. Não é uma correção de meio-dia. A arquiteta responsável olhou todas as folhas, olhando linha a linha. Isso nos dá segurança, mas é claro, isso demorou. Claro, as pessoas querem reaver o imóvel, usufruir. E nós também queremos isso, o quanto antes. Lamento a incompreensão. Essa demora é fruto de toda a exigência. Levou tempo, lamento.
Passos – Fomos muito cobrados, nos criticaram muito. Sentamos com os políticos, com os deputados, mas não é no ‘carteiraço’ que se resolve as coisas. Tivemos apoio, mas o grande embaraço foi a falta de arquitetos dentro de um órgão público do Estado.
CBN – O projeto é para execução em etapas, é isso?
Passos – Exatamente, e isso está na placa da obra da reforma e também no site da Uniuv, quem quiser tem acesso à todo o projeto e ao cronograma. A previsão é de 300 dias, ou seja, dez meses. Isso pode ficar pronto antes, dependendo das condições climáticas e da maneira de execução. Mas sim, é uma obra que requer atenção, porque são muitos detalhes. Fica a dica: acessem o site, conheçam os cadernos, vale a pena para entender todo o processo. É um bem de dois mil metros quadrados, onde tudo está sendo feito de dentro para fora.
CBN – Qual é a ideia após a conclusão da obra?
Frantz – O Cine Luz é da população e a Uniuv vai cuidar para ele sirva a isso pelo mais longe tempo possível. Sim, ele será aberto à população. Claro, vamos precisar de agenda, mas sim, ele será cedido à toda a comunidade. Nossa preocupação é justamente essa: colocar ele à população com qualidade, para que a comunidade faça um bom uso dele.