Quantas vezes você olhou para os lugares onde passa diariamente e conheceu a história ou percebeu a beleza daquele local? Você já pensou em ser turista na sua cidade? Foi essa nova visão que a Associação de Turismo e Meio Ambiente do Vale do Iguaçu (Atema) e o Conselho de Turismo e Meio Ambiente (Codetur) de União da Vitória quiseram proporcionar a um grupo de profissionais ligados ao turismo na região por meio de um City Tour. Na realidade, a ideia é muito maior: é criar efetivamente um projeto de City Tour nas Cidades Irmãs e mostrar que elas têm um grande potencial turístico. “Às vezes, não observamos o que a cidade nos oferece. Damos valor a outras cidades que visitamos, mas não vemos o quanto temos de belezas e história. Mais que isso, podemos ter o turismo como foco de desenvolvimento local, basta investirmos e acreditarmos nisso”, conta o presidente da Atema, Andrews Batista.
A proposta do City Tour foi fazer um experimento, verificando o que pode ser um chamariz para turistas que chegam no Vale do Iguaçu e querem saber um pouco mais sobre a história da região e se encantar pelas belezas dos municípios. Para conduzir o passeio, um entusiasta e embaixador do turismo regional: Dago Woehl. Segundo ele, que há anos luta pelo turismo regional, tirar as coisas boas e de valor que estão escondidos em nossa história atrai novos turistas. “Em cada canto de nossas cidades temos alguma coisa importante, é preciso desvendar. Quando as pessoas conhecem, mudam o olhar. Temos muitas coisas e estamos trabalhando muito para conseguir o desenvolvimento turístico. Sei que não é a atividade central da cidade, mas ele é um apoio, é um roteiro adicional onde a pessoa vai sair e vai perceber as belezas e as histórias de nossas cidades”, fala demostrando claramente sua paixão pelo Vale do Iguaçu.
Confira como foi o City Tour
A visita iniciou no Morro do Cristo, o maior cartão postal de União da Vitória. Sua grandeza não é só física, já que se destaca como a segunda maior estátua de Cristo do Brasil, o Sagrado Coração de Jesus. É também grande por sua beleza. Depois de contar a história da construção do Cristo, que em 2018 completou 50 anos, Woehl, nos últimos dos 224 degraus da escadaria, pediu para que o ‘visitantes’ fossem em fila, um atrás do outro, e de olhos fechados. Apenas quando ele posicionou o grupo frente a paisagem das cidades lá em baixo, ele deixou que todos abrissem os olhos. “Mesmo que a gente conheça essa paisagem, ela é emocionante. O suspense causou uma curiosidade, uma sensação e um olhar diferente para nossas cidades. Imagino que quem chega pela primeira vez frente nesta vista tão linda, deve realmente se emocionar. E isso que devemos oferecer para nossos visitantes”, diz o presidente da Codetur, Marcos Romualdo do Santos, que participou da ação.
Conhecer a cidade ‘de cima’ foi um pretexto para saber sobre a economia, a história, as divisas que marcam as cidades e também vislumbrar onde está o eixo de desenvolvimento de União da Vitória, que aponta para o bairro São Cristóvão, onde há ainda muito espaço para o desenvolvimento.
Depois de encher os olhos com as belezas vistas de cima, o grupo passou pela Ponte do Arco, conheceu rapidamente a história do Colégio Túlio de França, passou por toda a Manoel Ribas onde o guia foi chamando a atenção para as construções e o comércio local. A parada seguinte foi na Catedral de União da Vitória e a praça Coronel Amazona. “Mesmo trabalhando com turismo, nunca tinha feito o city tour como a gente fez, de realmente passar por todos os pontos, fazendo um roteiro mesmo. Fiquei impressionada , foi bem além do que eu imaginava. O que mais me chamou a atenção e mudou a minha visão foi da Escola Municipal Professor Serapião. Nossa, que lindo é aquele prédio que passamos sempre e nunca observamos. Fiquei encantada com a riqueza que a gente tem na parte histórica e cultural”, comentou a gerente geral do Hotel 10, Eliane Aparecida Rocha, que participou do grupo.
O próximo ponto visitado foi o histórico Vau do Iguaçu, que marca o nascimento de União da Vitória e, posteriormente, do Vale do Iguaçu. O marco da divisa das cidades também chamou a atenção e a van usada pelos ‘turistas’, ao parar bem no meio do monumento, deixou uma turma do lado catarinense e outra no paranaense. “Agora, vamos trazer o pessoas do fundo para vir para outro Estado”, brincou Woehl.
A Praça Hercílio Luz, que é o marco do cinquentenário de Porto União, onde até hoje abriga a cidade história, com prédios construídos no início do município, foi a parada seguinte. A estação ferroviária, que identifica a união da duas cidades e o princípio do desenvolvimento, foi o começo de uma pequena caminhada até Praça do Contestado. Porém, antes disso, uma passada na Feira da Estação, onde produtores regionais expõem, todo sábado, seus produtos. “Os cheiros e sabores da feira são completamente diferentes quando somos turistas. Ali na estação, na feirinha, é possível sentir-se um verdadeiro turista, onde produtos gastronômicos e artesanais típicos das cidades podem ser conferidos. O xixo, por exemplo, que é vendido ali na feira, para nós é comum, faz parte de nossos finais de semana e festas, mas para os outros é um diferencial, uma novidade”, revela Batista.
Na Praça do Contestado, um pouco da história da Guerra que efetivamente fez a divisa dos municípios e demarcou os territórios foi contada. “Nossas cidades são, na verdade, uma aula de história. Temos registrado nos monumentos, nas praças e nos pontos turísticos pedaços de uma trajetória que hoje é o que nos tornamos. Por isso, é muito importante mostrarmos toda essa riqueza para as pessoas”, conta Santos.
Ao continuar a caminhada o grupo foi seguindo os trilhos até chegar no espaço entre as rodoviárias das duas cidades. Lá, foi instalado, recentemente, placas que contam detalhes da Guerra do Contestado. Curiosidades e fatos históricos são revelados em uma caminhada guiada, onde é só seguir o contorno da calçada e adquirir todo o conhecimento.
Em seguida o grupo conheceu um pouco mais sobre a cultura Ucraniana, passando pelo Clube e Igreja Ucraniana. Para conhecer um pouco da cidade de Porto União, o grupo percorreu de Van por toda a Perimetral até chegar ao 5ª Batalhão de Engenharia e Combate, onde a história do desenvolvimento do município foi contada e também a relevância e importância estratégica do Batalhão. E, claro, como não podia deixar de ser, a última visita foi para fazer um brinde com Steinhaeger. A Doble W, que é uma das marcar mais lembradas de quem vem ao município, faz sempre sucesso. Sua degustação nunca é recusada, independente se a pessoa já conhece ou não os produtos. Para encerrar o passeio o almoço foi ontem no restaurante Mirante Grill.
Resultados positivos e necessidade de investimentos
O resultado final do city tour foi muito positivo. O grupo e especialmente as entidades ligadas ao turismo já estão fazendo avaliações do desempenho da atividade para poder melhorá-la e começar a oferece-la para a comunidade e turistas. Porém, ao andar pelos pontos turísticos, o grupo também observou que há a necessidade de investimento nesta área. “Temos problemas estruturais, de limpeza e manutenção. Para que possamos receber o turista bem, o mínimo que precisamos é deixar tudo organizado”, comenta Batista. A maior decepção foi no túnel subterrâneo que liga as cidades e fica na estação União. Lá, a passagem está interrompida pois o túnel está cheio de água.
Quando o grupo visitava o túnel, coincidentemente, encontrou o prefeito de União da Vitória , Santin Roveda, e seus secretários mostrando a cidade para um deputado que visitava o município. Os participantes do city tour aproveitaram e solicitaram uma atenção especial aos pontos turísticos de União da Vitória.
