Therezinha Wolff
Decorridos nove anos, as águas do Iguaçu voltaram a subir assustando o povo de Porto União e União da Vitória.
Novamente, empresários, professores, comerciantes, agricultores e moradores enfim, sentiram a necessidade de que providências fossem tomadas para minimizar o flagelo das enchentes.
Mesmo aquelas pessoas não diretamente atingidas ficaram penalizadas com a situação.
Tentativas foram feitas para contornar o drama.
Naquela época já contávamos com a ponte Rodoviária Domício Scaramella que facilitava a passagem para entradas e saídas das cidades. Não mais dependíamos somente de helicópteros e de aviões como acontecera em 1983.
Uma ideia feliz, se posso assim dizer, iluminada pelo Divino impulsionou-me a procurar o vigário da Matriz Nossa Senhora das Vitórias e naquele recinto reunir um grupo de mulheres para alguma tomada de atitude.
Em vinte e quatro horas através de telefonemas contatamos lideranças e reunimos naquela igreja, trezentas pessoas do sexo feminino.
Era 10 de julho de 1992, dezenove horas.
Donas de casa, professoras, empresarias, bancárias, etc., atentamente ouviram o depoimento daquelas que estavam albergadas, que sofreram prejuízos financeiros assim como as ligadas ao setor político que puderam dar informações e forneceram sugestões para tomadas de atitudes.
Foi escolhida uma comissão: Delcy Christ, Dirley Bordin Lenci, Aldair Muncinelli, esta colunista e uma senhora que estava albergada e morava no bairro São Cristóvão, da qual infelizmente não me ocorre o nome.
Está comissão ficou encarregada de algumas atividades: organizar passeata, cartazes alusivos e palavras de ordem para a mesma.
À noite, até a madrugada, foram confeccionados cartazes e faixas.
Antes do inicio da passeata reunidos na sala dos professores da FAFI,, funcionários do IAP, prefeitura, professores da FAFI e esta colunista, examinamos um mapa estendido sobre a mesa identificando as partes das cidades onde não se pode construir.
Convidado para tomar conhecimento do que a Força Feminina do Vale do Iguaçu (nome que recebeu a Comissão) pretendia fazer, o empresário e jornalista Dago Wohel (atingido já por outras vezes pelo flagelo da enchente) interessou-se quando sugerimos um grupo formado por pessoas que tivessem vez e voz para solicitar junto a quem de direito, formas de antecipar a chegada das águas, prevenindo em parte maiores males.
A passeata saiu da igreja Matriz de Porto União culminando na Praça Coronel Amazonas, com o povo cantando o Hino Nacional.
Uma carta aberta foi posteriormente enviada ao então Ministro da Previdência Reinold Stephanes, através de sua secretária Ivanira Magdal, o qual se solidarizou com a causa. Muito contribuindo para que se efetivasse a Corpreri.
Igualmente foram remetidas cartas para outros ministérios, prefeituras, câmaras e instituições dos quarenta e três municípios de Paraná e Santa Catarina na Bacia do Iguaçu.
Por mais de trinta dias a atuação das pessoas envolvidas na Corpreri e na Força Feminina do Vale do Iguaçu foi intensa: reuniões, abaixo assinados e envolvimento das esposas dos prefeitos de municípios atingidos levaram o clamor do povo portouniãovitoriense para todo o País.
Um mapa cartográfico das cidades mostrando todas as áreas alagadiças pelas enchentes foi confeccionado em Curitiba e entregue a Câmara Municipal de União da Vitória para ser distribuídos as várias instituições e a população em geral facilitando a elaboração de um plano diretor que norteasse as administrações.
Reuniões foram realizadas em Porto União (28/05/1993 e 05/06/1993), Canoinhas, Irineópolis, Mafra (14/06/1993), Rio Negrinho, São Mateus do Sul (25/06/1993) e Rio Negro onde as esposas dos prefeitos junto a Força Feminina do Vale do Iguaçu e a CORPRERI promoveram encontros visando à implantação de um Sistema de Previsão, Sistema de Alerta utilizando a Defesa Civil em todos os municípios para estudar a relocação de famílias, investimentos em infraestrutura e habitação, elaboração do Plano Diretor, proposta de emenda à Lei de Zoneamento visando estabelecer o uso do solo em área inundável.
Hoje quando atravessamos mais uma cheia do Iguaçu as providências desde então tomadas facilitam o trabalho da Defesa Civil de todos os municípios, em outros tempos levados ao pânico.
Falta muito? A resposta é positiva. Mas, um dia certamente chegaremos lá e só ouviremos falar do Iguaçu como a bela dádiva desta terra, desfrutada para lazer e turismo.