A Família Ihlenfeld já viu muita coisa por trás das lentes de uma câmera. A família carrega no currículo imagens históricas. Uma delas, a história de um povo; o povo de União da Vitória e região. O Foto Íris, como ficou conhecido em União da Vitória, está situado na Rua Professora Amazília, área central.
O empreendimento centenário já viu abraços calorosos, sorrisos encantadores, lágrimas de emoção e a história de uma cidade brotar. Tudo isso registrado pelo dom fotográfico de geração para geração. A família que decidiu viver de fotografia recebeu em 2012, um tributo na Casa Cultural Aníbal Khury – o Castelinho, de Porto União. A ideia da homenagem foi da diretora do Castelinho na época, Therezinha Wolff, em parceria com os apoiadores culturais locais. Inclusive os retratos desta noite foram feitos por Alice Ihlenfeld, uma das homenageadas. Ela não larga a câmera fotográfica. É como se fosse uma parte do seu corpo.
O Cavalinho e o sofá
Quem ainda não foi fotografado no cavalinho ou no sofá do Foto Iris? Ou mesmo alguém que não tenha usufruído dos serviços da empresa? “O Foto Iris faz parte da nossa vida. O acervo da história foi construído por esta família”, afirma Therezinha Wolff.
É importante dizer que Carlos Ihlenfeld é filho de Johann e Catarina. Seu pai veio ao Brasil para construir a 1ª Ponte de Ferro em União da Vitória. Trabalhava em metalúrgica e construiu o Vapor Tupy, o único barco com biquilha e casco de bronze, transportava mantimentos e pessoas, de Porto Iguaçu a União da Vitória.
Carlos perde seu pai aos 11 anos, e aprendeu o ofício de fotografia nos idos da 2ª Guerra, período em que não havia suprimentos fotográficos. Então estudando química, fabrica seus próprios filmes. Ainda, casou-se com Ida Marzal e tiveram cinco filhos: João, Regina, Edith, Carlos Egon e Waldemar. A firma fundada por Carlos permanece ainda hoje passando de geração a geração. São 115 anos de história.
Alice no País das Fotografias
A amiga da família Ihlenfeld, Fahena Porto Horbatiuk, em uma pesquisa realizada entre os membros da Academia de Letras do Vale do Iguaçu (Alvi), sobre as gerações que marcaram a história de União da Vitória, escolheu a família de fotógrafos para se aprofundar em dados. Em um artigo escreveu sobre a senhora Alice.
De acordo com ela, Alice faz pensar na infância, nos contos de fada, nas historinhas e naqueles fatos que nos transportam no tempo, fustigando a memória e as emoções. Quem de nós não possui umas fotos com a inscrição em alto-relevo do nome, muito significativo, Foto Íris? Logo vem-nos à memória a cena da ocasião em que foram feitas aquelas fotos e, sem dúvida, surge a figura feminina, decidida, competente e delicada, de D. Alice, a fadinha que passou a fazer parte de todos os eventos.
Uma ajeitadinha no véu da noiva, uma posição especial em frente do altar, um olhar cheio de luz, um sorriso. Sempre paciente, uns flashes aqui ou ali denunciavam sua discreta presença. Cavalinhos e outros brinquedos para crianças, trajes especiais, espelhos, de forma que as fotografias de D. Alice são históricas e humanizadas, cheias de vida. Sem perceber, por mais de 50 anos, Alice registrou fatos da história local.
Registros
Alice é filha de Carlos Rothembücher e de Lídia Rockembach. Casa-se com Carlos Egon Ihlenfeld, em 1953 e, com ele, veio seu novo ofício e arte, seu papel social intenso. Registrou, com o mesmo equilíbrio e competência, milhares de casamentos, dos mais simples aos mais suntuosos.
Alice e Carlos Egon têm três filhos: Luiz Carlos (falecido a 8/3/72); Renate e Alberto Egon, que continua os trabalhos da família, com o Foto Iris. São netos da fotógrafa: Adriane Hagedorn Perini, jornalista de moda; Walter e Mateus Ihlenfeld, estudantes.
Novas mídias
A família Ihlenfeld acredita que a carreira de repórter fotográfico está mudando por causa das novas mídias. Mesmo assim, grande público ainda admira as fotos posadas, a expectativa em saber como ficou o registro e a emoção da revelação das mesmas. Cada foto tem uma história, reflexo de uma técnica própria adquirida por longos anos.
Fotografia em preto e branco
A fotografia nasceu em preto e branco, mais precisamente como o preto sobre o branco, no início do século XIX. Desde as primeiras formas de fotografia que se popularizaram, como o daguerreótipo – aproximadamente na década de 1823 – até aos filmes preto e branco atuais, houve muita evolução técnica e diminuição dos custos. Os filmes atuais têm uma grande gama de tonalidade.
Fotografia colorida
A fotografia colorida foi explorada durante o século XIX e os experimentos iniciais em cores não puderam fixar a fotografia, nem prevenir a cor de enfraquecimento. Durante a metade daquele século as emulsões disponíveis ainda não eram totalmente capazes de serem sensibilizadas pela cor verde ou pela vermelha – a total sensibilidade a cor vermelha só foi obtida com êxito total no começo do século XX. A primeira fotografia colorida permanente foi tirada em 1861 pelo físico James Clerk Maxwell.