O final de semana foi de bastante emoção para quem já esteve à frente de um dos poderes mais importantes dentro da democracia. No sábado, 15, os ex-vereadores de Porto Vitória, município vizinho das Cidades Irmãs, foram lembrados com uma homenagem especial. A iniciativa foi da própria Câmara de Vereadores. Na sessão, realizada no tradicional Salão de Molas, todos os ex-“edis” receberam Moção de Aplauso pela contribuição dada à cidade.
O reconhecimento veio, inclusive, do Poder Executivo. A prefeita, Marisa de Fátima Ilkiu de Souza, que já foi vereadora, durante seu discurso, demonstrou gratidão e valorização pelo Legislativo, especialmente com quem já ocupou uma das cadeiras da Casa. “É um momento ímpar. É um momento bem importante e nós sabemos que devemos valorizar as pessoas elas em vida e falar o que elas fizeram e dizer nosso muito obrigado aos vereadores de Porto Vitória que deixaram o seu legado”, disse.
Para o atual presidente da Câmara, Jorge Marcelo Schneider, ouvir o depoimento dos ex-vereadores ajudou a entender um pouco as dificuldades da época. “Foi o momento de nós homenagearmos essas pessoas que sonharam, que idealizaram. Não podemos saber quem somos se não olharmos para trás. Agradecemos essas pessoas e sua dedicação. Estamos lançando sementes boas que trarão bons frutos ao município de Porto Vitória”, sorriu.
Na sessão solene, foram homenageados todos os ex-vereadores que atuaram entre os anos de 1965 e 2009. Ao todo, 45 “parlamentares” vivos receberam o título e a gratidão. Aos falecidos, também houve agradecimento. Hoje, a Câmara de Porto Vitória está em sua 12ª gestão. Atualmente, nove vereadores ocupam a Casa de Leis.
Gunther Hoberg: projetando a cidade
Aos 74 anos, ele é o único vereador vivo da primeira gestão do Legislativo de Porto Vitória. Hoberg brinca com a própria sorte. “Eu era o mais novo. Tinha 24 anos na época. Os outros tinham 40, 50 anos. Não tinham com estarem vivos mesmo”, sorri.
Natural de Araranguá (SC), se mudou aos 5 anos com os pais para a pequena Porto Vitória. Na cidade, ficou até os 26. Desde pequeno, sempre gostou de política. “Era curioso mesmo”, conta. Seu ingresso na Câmara aconteceu em um momento decisivo, de transformação.
Antes da formação do Legislativo, Porto Vitória era distrito de União da Vitória e quase, quase mesmo, recebeu outro nome. Antes da emancipação, decisão “lá de cima”, como explica Hoberg, autorizava o nascimento do município de Erasto Gaertner. “Um nome importante, mas que pouco dizia para Porto Vitória. Foi feito um abaixo-assinado onde conseguimos mudar isso”, conta. Desse capítulo, só sobraram testemunhos e nenhum papel. Logo, Porto Vitória, com sua identidade firmada, virou cidade. Logo, tinha sua própria Câmara de Vereadores, um alívio à frustração de momentos antes, quando a comunidade não viu ninguém ser eleito e representar o então Distrito em União.
Hoberg assumiu a gestão em 1965 ao lado de outros oito vereadores. Não chegou a concluí-la: veio com a esposa, Renate, e com o primeiro filho, Vítor, para União da Vitória. A Câmara legislava para cerca de 600 eleitores e quase dois mil habitantes.
No final de semana, “seu Gunther Hoberg” foi lembrado. Com louvor. “É gratificante ser homenageado ainda em vida. Foi fantástico. Recebi a homenagem por mim e em nome dos demais vereadores que já faleceram naquela época”, sorri. “Na primeira gestão tínhamos dificuldades. Fazíamos pouco. Não tinha máquina, essa facilidade que hoje tem para se resolver as coisas. Era um município novo, se estruturando”, lembra.
O ex-vereador, que ainda aprecia os bastidores da política, tentou há cerca de dez anos a “vereança”, já em União da Vitória. Não conseguiu os votos necessários, abandonou a tentativa e mudou o foco das ambições. “Hoje, estou plenamente realizado. Sinto que fiz tudo o que tinha para ser feito. Hoje minha ambição é viajar mais, passear, cuidar dos netos”, conta.