Ele ri de si mesmo. Faz piada com a esposa, com os políticos, com os artistas. E sem ofender ninguém, cria piadas gostosas de ler e ver. Nas imagens montadas, o riso é garantindo. E não há censura: adultos e crianças podem acompanhar o conteúdo. Este é o perfil de Clóvis Coelho – no Facebook o perfil é Oclovis Clovis Coelho – o bombeiro que há um ano está aposentado e, por conta disso, tem tempo para abusar de sua criatividade.
Aos 58 anos, “35 de serviço e 42 de carteira assinada”, como ele faz questão de lembrar, Clóvis é casado com Vera Margarete há 34 e com ela mora no Bairro São Pedro, em Porto União. “Ela me atura neste tempo todo”, brinca. Vera virou uma espécie de “meme”. É que o maridão a tem como musa inspiradora das piadas. Os diálogos do cotidiano “viralizam” e a imagem da esposa, alterada em programa de edição de imagem, agrada gregos e troianos. “A Vera é minha arte da criatividade, é o que inspira”, conta Clóvis. Por isso, como diz a música do MC Bin Laden, cada publicação “gira postagem, gira comentário”.
Mas, sem nenhuma dúvida, é o amor platônico que Clóvis vive com a cantora Paula Fernandes o que mais rende “bafafá”. O bombeiro aposentado ousa. Nas montagens, ele aparece ao lado dela, sendo ninado ao som do violão de Paula e até “Em um relacionamento sério”. Sim, na cara da dona Vera Margarete. “As mulheres falam que a Paula Fernandes é metida e tal. O que eu fiz? Fui lá e peguei justamente ela para fazer as brincadeiras”, sorri. Clóvis foi na contramão também quando postou, várias vezes, frases de apoio e imagens de afeto entre ele e a ex-presidente Dilma Rousseff.
Foi no extinto Orkut que as postagens bem-humoradas começaram. “Mas ali você tinha que ir atrás de um, de outro. No Facebook é melhor porque aquilo já aparece ali”, avalia. “Quando vi o Face, pensei: é meu mundo”, completa. Mas, na verdade, Clóvis só transferiu seu jeito para a tela do computador. Sempre alegre, brincalhão, ainda “Conquista” amigos reais – e virtuais – com suas brincadeiras. Quebra o gelo, logo no começo de qualquer conversa.
E foi graças a este estado elevado de alma que ele supera a morte de um dos três filhos, vítima da leucemia. Ele faleceu em 2012, com menos de 30 anos. Naquela ocasião, sua experiência como salva-vidas, que tanto o Corpo de Bombeiros lhe conferiu, foi fundamental. “Quando a dor no corpo é muito grande, o cérebro dá um jeito de anestesiar aquilo. Ele bloqueia. O mesmo acontece quando você recebe uma notícia terrível como aquela, de que o teu filho está nos últimos dias. Você fica anestesiado e até mais leve”, conta, com tranquilidade. Todos os dias, a conta-gotas e com o bom humor, a saudade fica suave.
Foi justamente para dar mais alegria ao cotidiano que Clóvis decidiu pelas postagens bem-humoradas. Migrou das publicações políticas e controversas para conquistar apenas o sorriso, ainda que traduzido em “kkkkkkk” ou “hehehehe”. Clóvis garante que isto não tem preço. “Tem gente que me procura in box e diz que chega em casa, cansado, e liga o computador para ir na minha página, para rir e relaxar”, orgulha-se. “A ideia era essa, colocar alegria para as pessoas”, sorri.
