Por Mariana Honesko
Embora não gere tantos empregos nas Cidades Irmãs, a Páscoa aparece como uma das melhores datas para quem depende da venda do chocolate para aumentar o volume do bolso. Para os lojistas, a data abre, de fato, o ano de compras e toma o lugar do Carnaval, culpado pelos “atrasos” da volta à rotina econômica.
Cozinheiros de mão cheia provam que a Páscoa pode ser bem mais doce do que se pensa. O Comércio conheceu a história de duas doceiras que trabalham muito para deixar a data ainda mais saborosa. E fazem isso com carinho, muito carinho.
A arquiteta do açúcar
A casa de Flávia Renata Schroh dos Anjos, 28, parece ter saído de um conto de fadas. A pequena sala de entrada reúne um contingente de bonecos coloridos, gaiolinhas decorativas, bolo “falso”, moveis arrojados. E é tudo real. Tão real quanto a renda que ela e o marido, o técnico agrícola, Paulo Ricardo, 27, recolhem a partir da decoração de festas e confecção dos mais arrojados salgadinhos e doces.
Aliás, o açúcar, que tempera a vida do casal e do filho, de três anos, foi o cupido de uma profunda relação de amor. Depois de trancar a faculdade de Arquitetura, em Blumenau, Flávia decidiu traçar uma linha reta para seu destino profissional. Com Paulo, decidiu ser mãe e como tal, ficar o maior tempo possível com o baixinho, em casa. “Comecei a pensar no eu poderia fazer para ajudar trabalhar e ajudar na renda. Tentei os docinhos”, sorri.
O primeiro brigadeiro, garante, de tão resistente, foi parar no lixo. Veio a segunda, a terceira, a quarta tentativa. “Finalmente saiu um brigadeiro gostoso”, conta. Na cozinha, Flávia foi mais ousada. Autodidata e empenhada, aprendeu novos truques, texturas, composições. As vendas começaram e os doces, de tão famosos, ganharam versões para a Páscoa. “Foi um pedido dos próprios clientes, que queriam que eu fizesse ovos também”, lembra. “Comprei as formas e comecei”, completa.
Para este ano, o terceiro da produção pascal, a aposta é otimista e ousa em vendas três vezes maiores que 2014, por exemplo. Em abril do ano passado, o casal comercializou mais de 120 ovos. E é o casal mesmo: embora trabalhe com a representação de frios, Paulo coloca a mão na massa, veste o avental e ajuda. O auxilio é fundamental, especialmente na véspera da chegada do coelhinho. “Já chegamos a trabalhar 18 horas por dia no ano passado. Dormíamos duas horas apenas, bem cansados”, lembra Paulo.
A dedicação garante produções nobres: os ovos são, em sua maioria, recheados ou trufados. “E por ter creme de leite, por exemplo, precisamos encerrar a produção apenas um dia antes da entrega para o cliente. É tudo bem fresquinho”, explica Flavia. O casal trabalha apenas com encomenda, portanto, não dispõe dos ovos ou de qualquer outro produto alimentício antes do prazo sugerido pelos clientes.
Para a Páscoa deste ano, os pedidos são esperados a partir da primeira semana de março e, apenas até o final do mês. O casal, dono da Chocolateria, espera com alegria e muita disposição os desafios da Páscoa. “É nosso segundo Natal”, sorriem.
Tentando, tentando e acertando
Há seis anos, Isabel Holovaty, 30, deixou o trabalho de balconista para abraçar a produção dos docinhos. A escolha, recomendada por antigos colegas de trabalho, deu certo. A doceira tem “mão boa” para a nobre arte de derreter, enfeitar e vender a iguaria. São bombons, trufas, chocolate dentro de cones comestíveis. Tudo bem arrumado e limpo, como exigiram as normas da Vigilância Sanitária de União da Vitória, onde a artesã dos confeitos mora com o marido e com a pequena Júlia, de quase dois anos. “Tive que arrumar uma cozinha separada, para ter o alvára. Está tudo certinho”, conta, orgulhosa.
A organização e o prestigio conquistado com esforço junto aos clientes garante bons resultados, especialmente, financeiros. Com o dinheiro da venda do chocolate, Isabel garantiu os móveis de toda a cozinha, o primeiro micro-ondas e o custeio de uma viagem para o litoral. “E a viagem foi apenas com moedinhas. A gente foi juntando e deu R$ 500 em moedas de R$ 1”, lembra, com bom humor.
Fiel à Páscoa, a chef aposta todas suas fichas na data. Para ela, o coelhinho é muito mais que o Natal. “É o próprio Natal”, sorri. Os números confirmam. No ano passado, Isabel trabalhou muito para garantir a entrega dos 174 ovos encomendados. “Tirando as miudezas, para enfeitar as cestinhas”, conta. Para abril próximo, a doceira aposta na produção em dobro. O trabalho é intenso, já que Isabel é a “dona da cozinha” e sozinha, garante as entregas em dia, até praticamente a véspera da data.
Isabel é dona de uma aptidão proporia para aprender. Embora já tenha jogado muito doce no lixo, não desiste de apender mais. “Fui fazendo cursos, lendo na internet, em revistas”, conta. “Hoje tem docinhos que nem acredito que fui eu quem fiz”, orgulha-se. Isabel é dona da marca, Bel Doces Caseiros e aceita pedidos pela rede social, na página, Bel Doces Caseiros, e pelos telefones, 3522 3016 e 9937 0801.