EMPÓRIO DO EMPRESÁRIO
Inovação é a palavra do momento tanto no universo empresarial quanto no ambiente acadêmico, porém, das instituições de ensino sérias. Entenda-se por sérias, aquelas instituições que entendem que o conhecimento passado deve obrigatoriamente ter a função de transformar a vida do discente, de qualificá-lo, de diferenciá-lo no mercado de trabalho.
A palavra está se transformando num clichê tão importante no ambiente empresarial e acadêmico que virou até mesmo competição organizada pela CNI – Confederação Nacional da Industria.
Uma das conseqüências mais interessantes da inovação e conseqüentemente, da diferenciação é a capacidade que o produto tem em dificultar a comparação (costumo afirmar que todo produto inovador tem a capacidade de “idiotizar” o consumidor), e portanto aumentar o lucro e a competitividade da empresa. É o caso dos Iphones que fazem o que praticamente todo smartphone faz, mas que tiveram a capacidade de idiotizar seus consumidores através de design inovador e muito, muito marketing. Obviamente que esses produtos tem esse aumento de competitividade e de lucro por um determinado momento, até que a concorrência lance um produto similar ou até mesmo igual. Mas pelo menos por 8 a 10 meses, os lucros se mostram estratosféricos.
No mês passado um ícone da inovação, o alemão Andreas Pavel, que após morar em São Paulo, inventou o walkman. Segundo o alemão “Na época do walkman, os aparelhos de som ficavam cada vez maiores e a qualidade era vista em função do tamanho. A ideia foi procurar qualidade onde ninguém suspeitaria, em aparelhos de bolso”.
Na época a Sony, cujo presidente era Akio Morita, se adiantou e lançou o walkman no mercado mais rapidamente que Pavel e ficou conhecida como a empresa que inovadora. Duas décadas depois, a empresa e Pavel fizeram um acordo, cujo valor não é divulgado e a Sony reconheceu a autoria do alemão.
O presidente Morita constantemente repetia que “ele que a Sony não seguia mercados, ele os criava”. Duas personalidades bastante interessantes que sabiam o significado de inovação em sua tradução mais profunda.
Inovação, na tradução do dicionário, é a renovação, ou seja, não somente a invenção que alcança fins comerciais, mas a novidade que pode simplesmente melhorar um produto, simplesmente renová-lo.
Se formos analisar de uma maneira mais abrangente, inovação não é somente um desafio brasileiro, mas de toda a América Latina, pois poucos são os países latinos que tem perfil inovador. A explicação o autor do recém-lançado Best seller “Criar ou Morrer” o argentino Andrés Oppenheimer é que para se ter uma indústria inovadora é necessário ter uma cultura inovadora, desenvolver uma educação voltada a inovação e revogar as leis que inibem a inovação (como por exemplo, a burocracia para criar empresas). Essa última, fica muito difícil em nosso país e, portanto, deverá continuar por muito tempo sendo ouvida nos corredores dos ambientes empresariais e acadêmicos antes de se tornar realidade nacional.
• Alvaro Concha é Consultor de empresas
alvaroconcha@gmail.com