OPINIÃO: Qual a missão de uma empresa na sociedade em que está inserida?

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Atualizado há 10 anos

EMPÓRIO DO EMPRESÁRIO

Durante a semana passada tive que responder à essa questão delicada a um empresário. Delicada porque a resposta não poderia conflitar com meus ideais, mais delicada ainda, porque não poderia conflitar com a visão empresarial liberal moderna.

Após a crise de 2008 o mundo não é mais o mesmo, na correria do cotidiano nem todos nós percebemos essa realidade, mas filosoficamente a “verdade” econômica mundial, teve que se refazer. Até então, era presente no modo de pensar, e consequentemente no “modus operandi” do empresário e da maioria dos grandes estadistas do planeta (me refiro aos prósperos e socialmente justos), de que o Estado deveria interferir o mínimo possível na economia e que, conforme Adam Smith previra, a “mão invisível” do mercado deveria corrigir as mazelas da sociedade. Quantos reis, presidentes, CEO´s se basearam nessa premissa por pelo menos 300 anos.

Pois bem, os bancos precisaram de socorro, e os governos de mais de 10 países de alto gabarito, tiveram que deixar de lado a filosofia e partir para a prática e salvar o sistema financeiro de sua nação. Tanto George W. Busch, um liberal de berço, como Barack Obama, que aprendeu a seguir a filosofia de Adam Smith em Harvard, tiveram de rever seus fundamentos. O mundo se tornou menos liberal e mais neo-liberal.

Da mesma maneira as empresas, pois até alguns poucos anos atrás tinham como única função toda e qualquer corporação a de gerar rendimentos aos seus acionistas. Mas essa era, na realidade, uma perspectiva diminuta e míope, pois ao mesmo tempo a empresa gerava empregos, divisas e inércia na economia local em que estava inserida.

Vários autores, entre eles Kaoru Ishikawa, afirmam de que a empresa é um “ser” inserido na sociedade e que portanto deve satisfazer às necessidades de todas as pessoas que lhe fazem parte, entre elas a própria sociedade, nisso se baseia a qualidade total, um servindo ao outro com entrega mútua. Ou seja, toda e qualquer empresa deve se preocupar com seus funcionários, seus acionistas e, também, o resto da sociedade que lhe cerca, assim como estes devem também retribuir àquela.

É difícil responder a uma pergunta, que envolve não somente filosofia, raciocínio, posicionamento intelectual, mas também conhecimentos relevantes de história e de geografia, porque não. Mas, como consultor e humanista, continuo acreditando, ainda, na missão social e econômica de qualquer empresa.

Continuo acreditando na missão econômica da empresa, que deva gerar lucros e dividendos, mas também que deva servir de mão aos seus funcionários, de maneira a fortalecer a frágil verdade do brasileiro médio.

• Alvaro Concha é Consultor de Empresas

alvaroconcha@gmail.com