O lado colecionador do chefe da Defesa Civil de Porto União não é tão popular entre os colegas de trabalho. Diante da revelação, há quem se surpreenda. Não é para menos. Aos 52 anos, Adhemar Rodrigues Lírio exibe um acervo expressivo. Desde a década de 90, ele coleciona cartões telefônicos, aqueles ainda usados – embora muito menos hoje em dia – nos aparelhos públicos.
O que começou como uma brincadeira, a partir de uma vontade das gêmeas, filhas de Lírio, logo se tornou coisa séria. Tomado pelo gosto que sempre nutriu por coletâneas, o chefe do órgão de defesa decidiu seguir com o que as então crianças, apenas começaram, em rompante. “Elas começaram e eu continuei”, conta.
Embora levando a sério a coleção, Lírio já esbanjava experiência no assunto. Mais jovem, reunia carteiras de cigarro, caixas de fósforos, moedas. “Mas o que eu mais dei segmento mesmo foram os cartões de telefone”, afirma. O volume que tem hoje comprova a dedicação. Os cartões estão organizados por séries, formam mosaicos e, reunidos, somam 24 pastas com três mil cartões cada uma delas. É um “senhor” acervo, de fato.
A dimensão da coleção é tanta que, em casa, Lírio precisou construir um armário mais resistente e amplo. Pudera: cada pasta pesa em média 20 quilos. “Um armário simples, fininho, não aguentaria”, sorri. A esposa e as filhas nunca se opuseram ao gosto do pai. “A família gosta de ver, de relembrar. É gostoso”, afirma.
Ligando o interesse
Para reunir tamanho acervo, Lírio contou com a ajuda dos amigos e de alguns importantes contatos. Aos poucos, colecionadores locais, também de cartões, negociaram temas ou, por conta de motivos particulares, abriram mão do acervo que iam reunindo. Já os tais contatos, garantiram à Lírio pastas completas, com cartões internacionais, por exemplo.
Mas, nem tudo são “flores” para o colecionador. “Já tive que investir para ter alguns temas. É como o selo. Às vezes precisa pagar um pouco mais para ter o que se quer”, conta. Ele refere-se aos eventuais desembolsos. Por um único cartão, Lírio já pagou R$ 100, um absurdo se comparado com o valor dele vendido exatamente para se comunicar com o outro: o cartão com 75 unidades, por exemplo, custa menos de R$ 10. “Os primeiros modelos, de 92, mais ou menos, que são difíceis de ter, podem ser encontrados com colecionadores mas custam mais de R$ 1 mil”, conta.
Para Lírio, a interrupção em quantidade dos cartões temáticos, é uma censura aos colecionadores. Por isso, os poucos espaços em branco, demoram para ser completos. Endossa a dificuldade, na região especialmente, a ausência de eventos voltados para colecionadores. “É uma cultura que talvez a nova geração perca. Essa coleção que tenho é quase um livro mas é uma pena não termos espaços, eventos onde a gente possa compartilhar o acervo, trocar cartões, negociar”, avalia.
Mesmo com as barreiras, inclusive com o avanço da tecnologia telefônica, que “extingue” os bons e velhos orelhões, Lírio não pensa em desistir. Além da certeza de que preserva um pedaço da história, pesa na balança sua satisfação pessoal. “É um passatempo. Tem que tirar um tempo para organizar tudo e isso é bom”, sorri.