Imagine um tronco de árvore abandonado, porém, cheio de textura, formas e rigidez. Agora, transforme tudo isso em mesas, bancos, vasos, capelinhas. Sonhe mais e pense tudo isso decorado por uma linda casinha de árvore. Pois é. É justamente uma mistura de imaginação e um pouco de tempo o que o empresário Tito Hobi, oficialmente Luis Antônio Hobi, de 62 anos, precisa para criar peças especiais.
A mais nova tem um toque especial. Trata-se de uma casinha, feita para as netas, mas que nada tem de precário ou até inseguro. Antes, é uma construção forte, decorada, com energia elétrica, corrimão e, sim, até uma sacadinha. Um luxo, arquitetado a partir de um tronco gigante, por onde agora passam as escadas de acesso à construção. “Essa levou mais tempo. Foram três meses trabalhando na casinha”, conta, com satisfação, o empresário do ramo de extração de areia.
Hobi também faz peças menores, a maioria para decorar a própria casa, a dos familiares e os ambientes da empresa. Mas, quando um amigo pede, ele também faz. Porém, nada é prioridade. É que o empresário vai para a marcenaria, organizada em um dos barracões da empresa, no Bairro São Gabriel, em União da Vitória, apenas quando tem tempo. Geralmente, no final de semana e quase sempre, na companhia das crianças, filhos de seus filhos. “Eles vem aqui, me ajudam, brincam um pouco, aprendem”, sorri ele que não se define exatamente como um artesão. “A gente tem no sangue um pouco do que a gente foi quando era piá. Quando eu entrei na empresa as embarcações eram todas de madeira. Lá a gente aprendeu, o tempo passou e a gente voltou para esse hobby”, completa. Quando não dá para ir até a empresa, o trabalho ocorre em casa mesmo. Lá tem uma oficina, uma espécie de miniateliê. Em quase dois anos exercendo a novidade, mais de cem peças já foram feitas.
Além das criações, todas carimbadas com sua assinatura em um modelo de pirografia, quase todas as máquinas usadas para o desenho das peças foram feitas pelo próprio empresário. Assim, elas atendem exatamente ao objetivo de Hobi. “Os funcionários também vêm aqui, aprendem um pouco”, conta. Acostumado a trabalhar bem com o que a natureza oferece, Hobi continua no mesmo papel quando não está no escritório. Toda a madeira usada como matéria-prima é fruto do abandono. Arvores centenárias, deixadas no meio ambiente após o corte, são reaproveitadas. Da maioria das plantas só sobrou o tronco e dele, Hobi extrai o que há de melhor. Serra, corta, lixa, sela. Lá se vai mais uma peça, digna dos melhores designers de interiores. “Você vai escavando e encontra esses troncos. Muita gente não dá nada, mas dá para fazer muita coisa”, conta.
A receita é simples, barata e perpétua. Afinal, todas as peças, por serem de imbuia, espécie que resiste ao tempo e seus efeitos, dura muito. “Eternamente”, sorri Hobi.
Social
Duas peças já foram doas para a instituição Profeta Daniel. Rifadas, o lucro garantiu alguns investimentos na entidade. Agora, Hobi entrega uma mesa de centro para, igualmente, ser colocada à venda e ajudar no caixinha de outra instituição que ajuda crianças com o trabalho de equoterapia.